Nas últimas semanas, operações da Polícia Militar do estado de São Paulo em comunidades vêm chamando a atenção do Brasil pelo alto grau de crueldade e mortes que só podem ser explicadas em uma palavra: “execução”. A atuação violenta da PM em São Paulo não é novidade, porém ela vem tomando novos moldes, ainda mais cruéis, no atual governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A Polícia Militar, com frequência, faz operações em comunidades marginalizadas com o argumento de “pacificação” dentro da interminável luta contra as drogas. Contudo, na prática, o que a Polícia promove é uma sentença de pena de morte sem julgamento, estabelecida com seus próprios critérios, à revelia da Constituição.
Para além da opinião popular, a Polícia, que se aproveita de seu suposto papel de pacificadora, intimida pessoas pobres das periferias de forma cruel, violenta, acima da lei e com frequência letal. A justificativa é de que são ações “defensivas”, cujas vítimas seriam, na verdade, criminosos, se valendo da máxima conservadora de que “bandido bom é bandido morto”. O resultado dessa política nefasta é um aumento de 94% de assassinatos cometidos pela PM de São Paulo no 1º bimestre de 2024.
Esse histórico da Polícia Militar não se limita ao estado de São Paulo e não é novidade, porém, no governo de Tarcísio ele se aprofunda. Tarcísio surge como um dos “discípulos” do que foi a onda bolsonarista e seu discurso conservador conquistou grande parte dos paulistas. Além das suas políticas visando as privatizações dentro do estado, seu governo também se destaca por utilizar a PM, que age como o braço armado do Estado, contra a população pobre e preta das periferias. A intensificação do número de operações policiais e da violência exercida nelas exemplifica isso.
Meses depois da Operação Verão, iniciada em dezembro de 2023, na Baixada Santista, a PM já havia executado, confirmadamente, 56 pessoas. O aumento da letalidade policial na região foi de mais de 400% nos primeiros dois meses de 2024. Inclusive, policiais invadiram casas dos familiares das vítimas que se manifestaram contra a chacina. Apesar da repercussão negativa da Operação, o site oficial da Polícia Militar fez um balanço positivo da ação policial na Baixada Santista, afirmando que a “Operação Verão foi finalizada com mais de mil presos e apreensão de 2,6 t de drogas e informa que 314 PMS atuarão na comunidade de forma permanente”.
A intensificação da brutalidade policial será uns dos legados que o governo de Tarcísio Freitas deixará na história do estado de São Paulo. Para isso, tem facilitado a matança e dificultado a apuração dos casos, revendo medidas como, por exemplo, o uso das câmaras nos uniformes dos agentes policiais, congelado desde junho de 2023.
Em janeiro deste ano, em entrevista ao programa “Bom Dia SP”, Tarcísio retomou o discurso contrário ao uso das câmeras, afirmando que tal medida não produzia nenhuma efetividade na segurança do cidadão. Os números, no entanto, mostram o contrário. O uso das câmeras por agentes policiais evitou 140 mortes no ano em que foi implementado, em relação ao ano anterior. Quando o governador tira essa garantia mínima de segurança da população e aumenta o número de agentes em pontos estratégicos da comunidade, ele demonstra a que veio: eliminar a resistência aos seus projetos neoliberais que virá das camadas mais pobres da sociedade paulista.
Foto: Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.