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Tarcísio mãos-de-tesoura ataca TV Cultura

A TV Cultura de São Paulo vem sofrendo investidas do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que visa controlar a emissora, diminuindo a difusão dos programas culturais do canal, em prol de sua política neoliberal. A ameaça de privatização também recai sobre a emissora, assim como sobre todo o patrimônio público do estado. 

A TV Cultura é um modelo de emissora pública brasileira, com programação premiada, voltada para diversos públicos e faixas etárias. Sua mantenedora é a Fundação Padre Anchieta (FPA), custeada por recursos públicos e privados para a realização de suas atividades que se destacam no cenário nacional pelo conteúdo, dedicado ao desenvolvimento da educação e da cidadania. No entanto, a independência do órgão tem incomodado a gestão de Tarcísio. 

Em março deste ano houve o bloqueio de R$ 35 milhões das verbas para a Fundação, por parte do governo do estado. A FPA teve que se virar com o que arrecadou em projetos para terceiros. Um mês após o bloqueio, o vice-líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado, Alesp, deputado Guto Zacarias (União Brasil), ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre), apresentou um pedido para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a fim de investigar a eleição de novos membros para o Conselho Curador da FPA e os gastos da entidade. O documento conseguiu 35 das 32 assinaturas necessárias, porém segue na fila para aprovação. 

O problema se iniciou em 21 de outubro de 2023, na reunião do Conselho Curador da FPA junto à Secretária da Cultura do estado de São Paulo, Marilia Marton, em que ela questionou o vazamento da indicação do nome de Josias Teófilo para o conselho. Teófilo é o diretor do filme “O Jardim das Aflições, que retrata o pensamento do falecido guru Olavo de Carvalho e representa uma ode à chegada da extrema direita ao poder no Brasil. A indicação despertou forte reação entre os demais conselheiros quando, em junho, tornou-se pública por meio de uma nota no painel do jornal Folha. Marton disse que, caso descoberto o informante, tomaria as devidas providências. 

Marton não costuma comparecer às reuniões mensais do Conselho, mas tem reclamado das indicações dos conselheiros. Os nomes eleitos, alvos da CPI, são os de Lilia Moritz Schwarcz, Djamila Ribeiro, Renata de Almeida, Antonia Quintão, Cristine Takuá e Gabriel Jorge Ferreira. 

Paulo Zocchi, vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), afirmou que “não há nada para se investigar, é tudo super claro (...) A história da CPI é pra ficar fazendo denuncismo de internet, de rede social, discursos de cunho desonesto e de ódio”.

É importante frisar que, apesar da tentativa fracassada de indicar Josias Teófilo, atualmente um dos aliados do governo Tarcísio, o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos), compõe o conselho curador da Fundação Padre Anchieta. Abduch tem como proposta preservar o que chama de neutralidade da programação para que ela atenda a todos os públicos e não uma parcela dele. Discurso recorrente entre a extrema direita, que considera toda pluralidade de ideias como instrumento de uma suposta doutrinação de esquerda. Algo parecido com o que defendem no projeto “Escola Sem Partido. Na verdade, o objetivo é censurar a emissora, tornando-a porta-voz dos interesses neoliberais do governo Tarcísio.

As atuais investidas contra a FPA não podem ser vistas de modo isolado, pois são parte de um projeto que visa acabar com um dos maiores veículos de propagação da cultura de forma gratuita no país.
 


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