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No país da “liberdade de expressão”, estudantes são presos por se manifestar contra genocídio palestino

Nos Estados Unidos, país que se orgulha de ser o baluarte da liberdade de expressão, uma onda de protestos tem varrido as universidades nas últimas semanas, contra o genocídio palestino em Gaza e o financiamento do governo norte-americano à Israel. Já são mais de 40 universidades em 22 estados em que estudantes, professores, funcionários e pessoas de fora da comunidade universitária estão protestando, com manifestações e acampamentos. Os manifestantes pedem também que as instituições de ensino cortem laços financeiros e acadêmicos com empresas ligadas ao governo de Israel.

As manifestações, pacíficas, têm sido recebidas com uma resposta dura e manifestantes enfrentam repressão policial e retaliação por parte das administrações universitárias. As reitorias de diversas universidades americanas chamaram a polícia e, segundo informações do New York Times, até o dia 2 de maio, ao menos 1.900 manifestantes foram presos em campus de universidades nos Estados Unidos desde 18 de abril.

Além disso, duas associações de estudantes americanas, que haviam organizado manifestações pedindo um cessar-fogo no conflito de Israel contra os palestinos, foram suspensas pela Universidade de Columbia. A situação remete aos protestos que ocorreram contra a Guerra do Vietnã, levantados pelo movimento hippie, na década de 1960.

Do dia 29 para o dia 30 de abril, manifestantes ocuparam um prédio da Universidade de Colúmbia, expressando uma nova escalada dos protestos, que têm aumentado diante da crescente repressão. O mesmo prédio foi ocupado em 1968, em protesto contra a Guerra do Vietnã.

A forte repressão evidencia a hipocrisia do país que diz ser o baluarte da liberdade de expressão. O direito dos estadunidenses de se expressar livremente, garantido pela primeira emenda da constituição americana, tem servido, historicamente, para proteger grupos nazistas e da extrema-direita em geral, como o dos supremacistas brancos da Ku Klux Klan. Para as manifestações contra as guerras, assim como para a luta por direitos civis na década de 1960, o que vale é a repressão. No caso dos protestos contra o genocídio em Gaza, a liberdade serve apenas para o Estado garantir os negócios da indústria bélica e o financiamento de grupos sionistas às campanhas eleitorais dos dois partidos principais do País.

As manifestações também têm gerado conflitos com grupos de sionistas organizados que vão às universidades enfrentar o levante em prol de Gaza. O aparecimento de antissemitas infiltrados nas manifestações cria também situação preocupante pois pode reforçar o argumento utilizado por Israel para legitimar o genocídio que promove na região: a de que toda oposição ao sionismo é antissemitismo.

A situação tem levado os dois partidos que dominam a política interna estadunidense, o Partido Democrata e o Partido Republicano a uma crise. A extrema-direita dividida em relação ao conflito Israelense, tem se aproveitado da situação para aprofundar as críticas ao governo de Joe Biden, dos Democratas, cuja ala esquerda pressiona para que pare de enviar armas e sancione Israel.  Por outro lado, Donald Trump (Republicanos), também se coloca a favor da manutenção do apoio ao governo do Primeiro Ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O importante movimento popular que tem tomado a universidades dos EUA demonstra que o absurdo que ocorre em Gaza, cada vez mais escancarado, é amplamente repudiado em todo o mundo e tem aumentado as contradições internas do imperialismo em crise. A luta em prol da Palestina está aumentando e exigirá das lideranças o cuidado para não ser cooptada por setores antissemitas da extrema-direita.

 

Foto: Mario Tama
 


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