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Porque Tarcísio deve mudar de partido até junho

Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, afirmou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deverá se filiar ao PL ainda antes das eleições deste ano. “Ele me disse que vem antes das eleições, acredito que até julho. O PL fará uma festa para recebê-lo”, disse Valdemar ao jornal. 

A entrevista ocorreu no último dia 19 de maio, mas, até o momento, Tarcísio não se pronunciou sobre as falas do presidente do PL. Segundo matéria da Carta Capital, os motivos por trás da saída do governador de São Paulo do Republicanos estariam ligados à nomeação de Silvio Costa Filho (Republicanos) para o Ministério dos Portos e Aeroportos. A indicação feita por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desagradou a ala conservadora do partido da qual Tarcísio faz parte e desde então ele estaria planejando sua saída. Segundo o jornal Gazeta do Povo, a aproximação da legenda, chefiada pelo deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP), com o governo Lula não foi bem recebida pelo governador de São Paulo. Tarcísio vai, assim, assumindo o bolsonarismo raiz como alternativa para as eleições presidenciais de 2026.

A mudança de sigla pode significar o fortalecimento da oposição à Lula. Tarcísio governa o estado mais rico do País e que possui mais de 50 municípios. Analistas consideram que sua ida para o PL seria um primeiro passo para a candidatura ao Palácio do Planalto, em 2026. Apesar de ainda não ter respondido às investidas do PL, o governador vem demonstrando insatisfação com o Republicanos, sinalizando sua saída desde o ano passado. Contudo, acreditava-se que essa mudança de sigla ocorreria após as eleições municipais, em outubro deste ano, porém, após a declaração do chefe do PL, a especulação é que isso ocorra até julho.

Apesar de negar a possibilidade de abrir mão do governo de São Paulo para se candidatar à presidência, Tarcísio é visto por muitos como um possível sucessor do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), que atualmente se encontra inelegível.  Segundo o cientista político Adriano Cerqueira: “está ficando cada vez mais afunilada a lista de quem deve suceder a Bolsonaro e, na minha opinião, esse nome é o de Tarcísio. Indo para o PL, ele fortalece o grupo de Bolsonaro, porque o partido terá simplesmente o governador do estado mais rico do país na sua base”.

Em matéria publicada no jornal Gazeta do Povo, o jornalista Vinicius Sales afirma que a ida de Tarcísio para o PL pode estimular a saída de outros nomes do Republicanos, que atualmente conta com senadores próximos a Bolsonaro, como Damares Alves (DF), Hamilton Mourão (RS), Cleitinho (MG) e Mércia de Jesus (RR). Na Câmara, o partido tem 43 deputados, sendo que quatro, além de Pereira, são de São Paulo.

A saída de Tarcísio também deverá influenciar na disputa da presidência da Câmara dos Deputados, já que o deputado Marcos Pereira (Republicanos) perderá um importante ativo na negociação para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Câmara dos Deputados.

Analistas apontam que, no que se refere à disputa eleitoral, as recentes pesquisas não são favoráveis à vitória de Tarcísio em uma disputa com Lula. Nomes como Michelle e o próprio Jair Bolsonaro, mesmo estando inelegível, parecem ser mais promissores. Para a classe trabalhadora, que vive sob ataques constantes das políticas neoliberais de Tarcísio e de outros governadores da base bolsonarista, como Romeu Zema, em MG, e Ratinho Jr, no Paraná, é fundamental entender o jogo de xadrez das próximas eleições. Parte das classes dominantes, em crise, está disposta a fazer voltar ao poder um governo antipovo e entreguista, que consiga aumentar a destruição dos direitos trabalhistas e democráticos. As movimentações neste sentido são várias e é preciso ficar atento às manobras e investidas, pois o que está em jogo é um projeto político que visa o desmonte do Estado brasileiro, com o aumento estratosférico da exploração das classes trabalhadoras, destruição das empresas e serviços públicos, aumento da violência e discurso de ódio contra as minorias sociais etc. O fato de Bolsonaro estar inelegível (neste momento) não significa que sua política esteja “morta e enterrada”, pois, como dito, ele é o representante de um projeto de extrema direita que vem sendo implementado pelo imperialismo em diversos países do Sul Global, buscando justamente uma “recolonização”. 
 

Foto: Alan Santos/PR


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