Em sua sanha de buscar mais lucro, o sistema privado de saúde, na figura dos planos de saúde, tem surpreendido seus usuários de maneira negativa a todo o momento. Não bastassem os aumentos acima dos índices de correção das aposentadorias e salários e as dificuldades impostas para realização de exames, tratamento, cirurgias e internações, recentemente acompanhamos o cancelamento, de maneira unilateral, de contratos de usuários que mais necessitam de tratamento médico. Dentre os que foram “expulsos” há idosos, crianças autistas, pacientes com câncer e portadores de outras doenças graves.
Esses cancelamentos, segundo a reportagem do portal da Câmara dos Deputados, só foram suspensos após uma reunião entre os representantes das operadoras dos planos e o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, em que foi sugerido que se estabeleçam os critérios para resolver ou dirimir esses problemas. Os empresários da saúde reivindicam mudanças que devem afetar de forma mais direta os planos individuais e os por adesão, feitos por pessoas jurídicas, de classes ou setores, como sindicatos e associações profissionais. Isso ocorre por um motivo simples: esses segmentos são pouco rentáveis ou dão “prejuízo” às operadoras, na visão delas.
Diferentemente do Sistema Único de Saúde (SUS), pensado e projetado para atender todos que necessitam, justamente por não ter o lucro como meta, os planos de saúde, por sua natureza mercadológica, só querem manter os pacientes lucrativos, todos os outros podem ser “dispensados” e jogados a própria sorte.
O que as empresas querem, por exemplo, é oferecer contratos voltados apenas para serviços ambulatoriais ou só para cirurgias e reduzir o número de hospitais conveniados a, no máximo, um ou dois. Ou seja, uma reprodução “tupiniquim” do modelo precário e elitista do sistema estadunidense de saúde privado.
A tentativa de cancelamento da participação nos planos de saúde daqueles que mais precisam é uma demonstração cabal do quão desumana é a mentalidade capitalista. Diante dessa realidade sinistra é imperativo que a população trabalhadora se organize para lutar por mais investimentos e melhorias no SUS, sistema público que atende cerca de 80% dos brasileiros, sem qualquer tipo de exclusão, muito pelo contrário. Quem utiliza o SUS é justamente a parcela que os planos de saúde privados excluem.
A defesa do SUS exige o enfrentamento às políticas neoliberais que cortam investimentos no setor público para asfixiá-lo e, assim, justificar o ingresso de empresários sanguessugas no setor. Para os financistas que lucram com a saúde, todo dinheiro público gasto com melhorias no atendimento às necessidades do povo é prejuízo.
Foto: Hélia Scheppa/Governo de Pernambuco