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Sintcom-PR denuncia: rede de atendimento dos Correios está em colapso.

O fechamento de agências, a precarização das condições de trabalho e a sobrecarga dos funcionários têm comprometido a qualidade dos serviços e o acesso da população aos mesmos. Num processo obscuro de "remodelagem" da rede de atendimento, as agências estão sendo cada vez mais sucateadas e os atendentes sugados pelas demandas de serviços exaustivas, muitas impossíveis de serem cumpridas devido à falta de efetivo.

As agências unipessoais são um retrato preocupante da precarização e do descaso com os serviços da empresa. Apesar do fracasso do projeto de sombreamento, implantado em 2015/2016, que consistia em um gestor de uma cidade polo gerenciar várias unidades de uma só vez, o plano de fechamento de agências segue em curso, impactando diretamente o acesso da população aos serviços essenciais, especialmente nas regiões mais interioranas.

A direção da Empresa justifica as medidas como parte da "otimização da rede", que pretende substituir unidades convencionais por "modelos diferenciados e mais adequados às necessidades dos clientes". No entanto, a realidade vivenciada pelos usuários e pelos próprios trabalhadores contradiz a narrativa oficial, pois a transformação de agências de pequeno porte (categorias 5 e 6) em unidades unipessoais, que muitas vezes abrem apenas por alguns dias na semana, limita o atendimento e gera filas extensas, comprometendo o direito básico à informação e à comunicação, além de gerar sobrecarga de trabalho aos atendentes que estão adoecendo com a estafa. Os poucos atendentes que restam são obrigados a dar apoio nas unidades sem efetivo, sem serem remunerados. As portarias são negligenciadas e muitas vezes  assumem unidades sem cumprir as normas impostas nos manuais para não gerar comprovação do erro. Os coordenadores de atendimento informam os apoios sem fazer os registros necessários, emitir portaria, fazer o termo de passagem da unidade, com contagem exaustiva de valores e produtos.

Várias são as denúncias que chegam ao sindicato sobre essas práticas que têm gerado enormes prejuízos para os atendentes. Sob ameaça de perder função, atendentes e gerentes de unidades unipessoal acabam fechando sua unidade de lotação para dar apoio, sem a garantia de uma locomoção segura pela empresa. Muitas vezes ficam na estrada, extrapolam as oito horas de jornada diária, sem receber hora extra ou KM, tampouco função extra.

O Sintcom-PR refuta as justificativas da direção dos Correios e denuncia a falta de diálogo e a tomada unilateral de decisões, que prejudicam a qualidade dos serviços e o acesso da população a eles, especialmente em cidades menores e áreas de difícil acesso.

Com o fim das atividades do Banco Postal, em 2019, muitos atendentes perderam funções que contribuíam com sua renda, a exemplo do adicional de atendimento e quebra de caixa, fındado com a implementação do Sistema de Dimensionamento das Agências (SDA), feito sem a devida participação dos trabalhadores e representantes sindicais. A falta de concursos públicos, desde 2011, agravou a situação, gerando uma sobrecarga de trabalho para os atendentes das unidades de categorias 4, 5 e 6, que acumulam funções de gerente, supervisor, atendente, OTT e carteiro. Em diversas localidades, inclusive, a distribuição externa é realizada sem o devido adicional, demonstrando o descaso da Empresa com as condições de trabalho e a valorização dos seus funcionários.

CONDIÇÕES PRECÁRIAS E EXIGÊNCIAS INJUSTAS

A sobrecarga de trabalho se soma à pressão e ao assédio moral para o cumprimento de metas inalcançáveis, muitas vezes sob a ameaça de punições. Além disso, os atendentes são obrigados a exercer funções de fiscais, como análise de notas fiscais, conteúdo das encomendas e cobranças de Sistema de Proteção de Receitas - PROTER, enquanto a Empresa facilita o serviço em agências franqueadas e terceirizadas, que proliferam em todo o País.

EXEMPLO EMBLEMÁTICO

A inauguração de um ponto de coleta, fruto de uma parceria com a Caixa Econômica Federal, no Paraná, expõe a hipocrisia da direção da Empresa. Em total contradição com as normas dos manuais da Estatal, o cliente leva pacotes fechados à lotérica, sem qualquer exigência de declaração de conteúdo ou nota fiscal, cola a etiqueta e realiza o pagamento pelo aplicativo dos Correios. Essa prática facilita o contrabando e sonegação fiscal, além de tirar ainda mais a função dos trabalhadores das agências próprias e colocar em risco a segurança dos serviços, enquanto os atendentes das agências tradicionais são cobrados rigorosamente. Além disso, unidades de Correio Empresa, CEM, abertas, estão sendo geridas pelos grandes cargos de chefia e retirando o serviço de postagens das agências. Assim, ao cair o faturamento da agência, quem perde é o trabalhador que tem que entregar sua função. O privilégio dado às Agências de Correios Franqueadas (AGF´s) entrega aos terceirizados todo o serviço e os lucros das agências próprias.

A situação está difícil. Parcerias sem planejamento estratégico, como com o INSS, em que o atendimento ao cliente demora em torno de uma hora e o atendente trabalha sem treinamento condizente e sem recurso. Esse tipo de parceria, em que a empresa tem um lucro ínfimo, tira o foco do nosso produto principal, que mantém o Correio de pé até hoje, que é seu papel social. Além disso, o mau planejamento das entregas e das Linhas de Transporte Regional, LTRs, acabam por entregar os nossos clientes para redes concorrentes.

A situação revela um cenário preocupante de descaso com os serviços públicos, precarização do trabalho e desrespeito aos direitos dos trabalhadores e da população. É urgente que a Empresa reveja suas práticas, promova o diálogo com o sindicato e os trabalhadores e busque soluções que garantam a qualidade dos serviços, a valorização dos seus trabalhadores e o acesso universal a serviços públicos essenciais em todo o Brasil. Juntos, podemos construir um sistema postal público, forte e acessível para todos. Vamos para Luta atendentes!

Foto: divulgação


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