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Correios: privatistas atacam os direitos dos trabalhadores

Nos últimos dias 8 e 13 de dezembro, o site “Poder 360” revelou a verdadeira intenção da imprensa burguesa quando esta deu início a uma campanha massiva contra a administração dos Correios, denunciando déficits e manobras contábeis. Reza a cartilha neoliberal que, quando se quer privatizar uma grande estatal, o primeiro passo é desmoralizar sua gestão para criar, entre a população, uma narrativa em favor da privatização. É o famoso, e falso, “privatiza que melhora”. E, como privatização exige redução de gastos com pessoal, não precisou muito tempo para a imprensa jogar o ônus do déficit da empresa nas costas dos trabalhadores.

De acordo com matéria de Renato Rovai, publicada na Revista Fórum, no último dia 12 de dezembro, a questão do déficit da Empresa está servindo de mote para uma campanha colocada em evidência com a finalidade de manchar a credibilidade da empresa pública de logística e de seu presidente, Fabiano Silva Santos, que assumiu o cargo durante o governo Lula. Para o jornalista, trata-se de uma campanha orquestrada pelo grupo Magalu, que recentemente lançou uma empresa - a Magalog - concorrente dos Correios. Rovai explica que a Magalu - via Poder 360 - iniciou a série de ataques aos Correios e seu presidente, com chamadas sensacionalistas sobre assuntos pendentes na Estatal. Os ataques foram seguidos por toda a imprensa empresarial.

A direção dos Correios se defendeu das acusações em uma nota em que acusa o “Poder 360” de mentir, uma vez que a decisão da Justiça sobre uma ação da Fentect já havia sido revista em 2021, quando o general bolsonarista estava no comando da Empresa. Sobre a suposta "manobra contábil", a nota diz que “se houve, não foi na atual gestão”.

Apesar de a gestão de Fabiano não estar respondendo à altura as reivindicações da categoria ecetista, para a direita, que representa os interesses das grandes corporações privadas, ela é um incômodo, pois o atual presidente dos Correios substituiu o general da reserva Floriano Peixoto Vieira Neto, indicado por Bolsonaro, que tinha a tarefa, não realizada, de privatizar a Empresa. Os Correios saíram da lista de privatizações logo no início do governo Lula 3. Contudo, chama a atenção que Floriano Peixoto, logo após deixar a Empresa, em dezembro de 2023, ganhou um cargo no Conselho de Administração da Magalu. Para Rovai, os Correios “viraram alvo de cobiça de um conluio especulativo que une políticos do Centrão, a gigante de e-commerce e o próprio site, que desde 2021 tem como sócio Frederico Trajano, filho de Luiza Trajano, e CEO da empresa da família desde 2016.”

A questão central, que nem a imprensa privatista, nem Rovai explicam, está no fato de que o sucateamento dos Correios existe e se amplia a cada dia, mesmo a empresa gerando lucros (se não gerasse, não seria alvo da cobiça de empresários). Isso se explica pela existência de centenas de pequenas e médias empresas terceirizadas que recebem privilégios e prioridades sobre o atendimento, o transporte e a distribuição dos serviços da Empresa, com contratos vantajosos que retiram vultosos volumes monetários da estatal (os lucros dos Correios). É essa realidade que fortalece a iniciativa privada e enfraquece o caixa da Estatal.

O “vale-peru” vira o vilão

Não fica difícil para os trabalhadores dos Correios entenderem as intenções dos ataques à Empresa quando as referidas matérias do “Poder 360” questionam a concessão de uma bonificação, chamada pelos ecetistas de “vale peru”, e a abertura de concursos públicos para a contratação de empregados em 2024. Segundo o site, essa contratação seria um absurdo diante de um “rombo” de R$ 2 bilhões. No entanto, todos sabem que os planos de reduzir gastos com salários e com pessoal é a fórmula ideal para a privatização. Fica evidente que a preocupação da imprensa burguesa não é com o déficit, mas sim com os gastos com empregados, que podem, inclusive, melhorar o desempenho da Empresa frente à concorrência privada.

E, como em política não existem espaços vazios, aproveitando-se da onda de denúncias, a extrema-direita entrou no ataque. Em suas redes sociais, a deputada Carla Zambelli (PL), prestes a ser cassada por divulgar informações falsas sobre as eleições de 2022, questiona o “vale peru”, com a intenção de jogar a população contra os trabalhadores dos Correios. Mostrando que os políticos do Centrão e da extrema-direita agem sempre contra os trabalhadores, Zambelli anunciou que fez uma representação junto à Procuradoria Geral da República (PGR) para investigar o pagamento dessa bonificação aos ecetistas. Segundo ela, tal benefício é desperdício de dinheiro público.

Aos trabalhadores cabe a defesa da estatal e de seus direitos conquistados. O debate sobre desvios na administração da Empresa não tem nada a ver com os interesses da população que se beneficia dos serviços da Estatal e, muito menos, com seus funcionários. Primeiro porque os Correios têm uma função social e não objetiva lucros, apesar de gerá-los, e, segundo, porque, para melhorar seus serviços e atender melhor a população, os trabalhadores não podem pagar por eventuais erros administrativos.

Os trabalhadores dos Correios, organizados em seus sindicatos e Federações, têm a tarefa de lutar pela manutenção da bonificação de Natal, pelo fim da precarização do trabalho e contra as terceirizações. Também é fundamental esclarecer suas bases e iniciar ampla campanha contra os interesses privatistas que estão fazendo da Empresa alvo de escândalos e desmoralizações.

Foto: reprodução


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