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O Movimento Antifa e a Reação da Extrema Direita: O Fenômeno Anti Antifa

A resistência antifascista depende da construção de espaços políticos sólidos e conscientes nas instituições de ensino, que farão a diferença no combate ideológico e político contra as forças de direita e, principalmente, das ações diretas de combate à violência fascista.

O movimento Antifa (antifascista) tem raízes no Brasil desde a década de 1930, inicialmente em oposição ao Integralismo, movimento fascista da época, ainda que atuasse em escala reduzida. Seu principal objetivo é o combate direto nas ruas contra grupos fascistas e todas as suas manifestações, como o racismo, o preconceito contra pessoas não normativas e a estrutura opressora da sociedade capitalista. Por meio de ações diretas contra organizações fascistas e racistas, o movimento é frequentemente classificado como "violento" pelas forças hegemônicas. Contudo, na realidade, reage à violência sistêmica praticada diariamente pelo Estado e por células fascistas contra populações marginalizadas, especialmente por meio da repressão policial e da omissão institucional.  

Durante o governo Bolsonaro, o Antifa ganhou força e visibilidade, ampliando suas ações e número de adeptos. Esse crescimento desencadeou uma reação violenta de setores reacionários alinhados ao racismo e ao capitalismo, como os veículos Brasil Paralelo e Gazeta do Povo. Dentre esses grupos, destaca-se o movimento Anti Antifa, que, embora já existisse desde a década de 1990, fortaleceu-se recentemente e hoje atua em diversas regiões do país.  

O Anti Antifa surgiu no cenário musical, especialmente em subculturas do metal e do death metal, sob a falsa bandeira de "despolitizar a música". Na prática, serve como ferramenta ideológica para infiltrar narrativas fascistas e sabotar a militância antifascista nesses espaços. O grupo atua em confrontos diretos com o Antifa, muitas vezes fortalecendo as colunas dos militantes fascistas presentes em grandes movimentos. Um exemplo ocorreu durante os protestos antivacina e antimáscara no Brasil (2020-2021), quando o Antifa organizou resistências contra essas pautas reacionárias, enquanto o Anti Antifa apoiava as manifestações negacionistas.  

A organização do Anti Antifa ocorre principalmente em plataformas pouco ou não regulamentadas, como X (Twitter), 4chan, 8kun e Discord. Seus membros adotam estética associada ao rock e metal dos anos 1990, mas frequentemente utilizam símbolos nazistas (como SS, 88 e Sol Negro) e promovem ataques a movimentos sociais, com ênfase no combate ao Antifa. Essas ações são incentivadas por “think tanks” (ex.: Movimento Brasil Livre), mídias conservadoras e  pequenos grupos musicais reacionários que defendem o capitalismo e romantizam supostas "tradições" musicais, ignorando seu caráter cooptado por ideologias de ódio.  

Nos EUA, após os protestos do Black Lives Matter (BLM), houve tentativas de criminalizar o Antifa, o que impulsionou grupos Anti Antifa locais. No Brasil, padrão similar se repete: células nazifascistas e Anti Antifa expandem-se, principalmente no Sul do país, em regiões com histórico de grupos de extrema direita.  

A infiltração fascista no ambiente acadêmico é uma realidade inegável.  Um caso recente ocorreu na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), onde a Polícia Federal prendeu um estudante por distribuir material nazista e panfletos contra o Antifa no campus. O indivíduo também planejava um atentado terrorista na instituição. Suas ações, divulgadas em redes sociais, geraram protestos do movimento Antifa na universidade.

Esse episódio evidencia a urgência de um movimento estudantil combativo e não burocratizado. A submissão a lógicas institucionais não vai barrar o avanço da direita entre a juventude, que utiliza táticas agressivas para disseminar ideais autoritários. A resistência antifascista depende da construção de espaços políticos sólidos e conscientes nas instituições de ensino, que farão a diferença no combate ideológico e político contra as forças de direita e, principalmente, das ações diretas de combate à violência fascista. 

Foto: reprodução 


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