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Trump dobra aposta contra a Rússia

Após sete meses da posse, o atual presidente dos EUA, Donald Trump, eleito com a promessa de tornar a “América grande novamente” e de repatriação da paz para casa, isto é, de acabar com as guerras, tropeça nas pedras que existem no próprio caminho e com as mudanças geopolíticas em curso.

A princípio, ele adotou a narrativa de que queria encerrar o conflito na Ucrânia e estabelecer laços bilaterais com a Rússia, enquanto continuava a enviar armas e ajuda financeira ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Trump posou de negociador e, por várias vezes, enviou emissários para sentarem à mesa com Vladmir Putin, dando a entender que a guerra era responsabilidade apenas do governo de Jhon Biden, que o antecedeu.

No entanto, sem conseguir negociar com Putin, não só passou a adotar a mesma política de seu antecessor, como a ampliou e a tornou pior.

O alvo do governo Trump são os países do Sul Global, principalmente China, Rússia, Irã e os que se ligam a eles por meio do BRICs. Por isso, ele dobrou a aposta na intimidação, com sansões, guerra direta contra a Rússia e Irã e ameaças de guerra contra a China. Em relação à Rússia, o país que mais sofre sanções no mundo, Trump anunciou novas tarifas de importação secundárias contra todos os países que ainda fazem negócios com o país, caso não houvesse um cessar-fogo na Ucrânia até sexta-feira, 8 de agosto. A Índia foi o primeiro país a ser punido pelos Estados Unidos, por comprar petróleo russo.  

O presidente estadunidense também se utiliza da imposição de tarifas como sansões financeiras/políticas para intervir em países que ameaçam sua hegemonia. Já são mais de 60 países atingidos. Para uns, a tarifa é retaliação, para outros, um equilíbrio comercial. Ambas, aparentemente, seriam fonte de renda para reindustrializar os EUA, em conjunto com outras medidas de desespero em relação aos imigrantes e contenção de despesas públicas. No entanto, tal política dá claros sinais de ineficácia como alternativa para evitar a quebra da hegemonia do império estadunidense e a consolidação do mundo multipolar.  

Até o momento, todas as tentativas de pressão sobre a Rússia têm fracassado.  A Ucrânia foi transformada em fantoche da OTAN, sendo gerenciada pelas agências de inteligência dos Estados Unidos, do Reino Unido e de Israel, CIA, M6 e Mossad, respectivamente.

Ao final, Trump dobrou a aposta na política que antes criticava. Em relação ao conflito na Ucrânia, o que se espera é o fim da guerra nos termos impostos pela Rússia. Nesse sentido, Trump criou sua própria guerra e caiu por terra sua promessa de melhorar as relações com a Rússia.

O xeque foi dado: uma guerra total contra a Rússia ou o colapso econômico e financeiro do império estadunidense. Foi um erro estratégico tornar a Rússia um país inimigo. O que vemos agora é troca de sérias ameaças nucleares. O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev afirmou em sua conta no X, que a proposta de tarifas contra compradores de petróleo russo era "um jogo de ultimatos" que aproximava os dois países de uma guerra. Em resposta, Trump anunciou o posicionamento de dois submarinos nucleares próximos da Rússia e disse ter enviado ogivas para a Inglaterra.

Medvedev respondeu à Trump que não pensasse em medidas de ataque contra líderes russos, ocupação de Kaliningrado e bombas nucleares, pois, diante de tais ações a Rússia poria em prática o sistema Perímetro, que significa acionar todas as armas nucleares existentes no País e lançá-las contra os EUA. Trata-se de uma guerra de narrativas que remonta ao período da Guerra Fria e coloca o mundo em alerta. Resta saber qual alternativa irá ganhar o apoio da classe trabalhadora estadunidense: continuar a viver na recessão em um país que gasta fortunas em guerras para alimentar os lucros de meia dúzia de bilionários ou viver com proteção estatal numa nova ordem econômica multipolar.

 

Foto: Chris McGrath/Getty Images


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