No último dia 27 de julho, ocorreram as eleições municipais dos diversos estados da Venezuela. Das 335 prefeituras disputadas, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), de Nicolás Maduro, venceu em 285, o que corresponde a pouco mais de 85%. O próprio Conselho Nacional Eleitoral Venezuelano, no entanto, informou que apenas 44% do eleitorado venezuelano participou do processo, o que corresponde a seis milhões de pessoas.
Um dos principais possíveis motivos para que a votação não tivesse sido ainda maior, foi o boicote ao pleito realizado pela principal frente de partidos opositores, que tem como líder Maria Corina Machado, da extrema-direita venezuelana, derrotada nas eleições presidenciais que se realizaram há exatamente um ano atrás, em 28 de julho de 2024. A tática de boicote, promovida pela frente opositora já foi utilizada inúmeras vezes desde que Hugo Chávez, em 2002, foi vitorioso, iniciando o período denominado de Revolução Bolivariana ou Chavismo, que, hoje, tem Nicolás Maduro como sua máxima expressão política.
A oposição a Maduro acusou o governo de ter fraudado as eleições presidenciais em 2024, com apoio dos Estados Unidos e da Organização dos Estados Americanos (OEA), que não reconheceram a vitória de Maduro. Na época, Corina disse que seu candidato, Edmundo González, teve 70% dos votos. O lógico, então, seria participar das eleições municipais, mantendo a mesma linha de denúncia e provando o apoio que disse ter tido na eleição presidencial. A tática eleitoral de “avestruz” mostra o contrário: que o Chavismo continua com uma sólida base de apoio popular e a atual vitória é a expressão de que, na base da sociedade, que são os municípios, ele se mantém amplamente majoritário.
Fato é que, com o boicote da extrema-direita liderada por Corina, um grupo dissidente da oposição lançou candidaturas próprias e venceu em 50 cidades. Maduro considerou esse grupo como a “nova oposição. Já Corina acusa o grupo de “colaboracionista”. Desnecessário dizer que os Estados Unidos, mais uma vez, também não reconheceram essa recente vitória de Maduro.
Ainda é cedo para saber o peso que tal vitória representa. Isso porque a Venezuela continua num impasse: o governo tem uma sólida base popular, mantém alianças com setores da burguesia venezuelana e com importantes setores das Forças Armadas, mas sob um intenso cerco político e econômico do imperialismo ocidental. As alianças com setores da burguesia e o fato de, em momento algum, ter se tentando expropriar esta burguesia em nome da gestão proletária dos meios de produção evidenciam que a Venezuela não é um país socialista e nem uma ameaça comunista como querem mostrar aqueles que usam a narrativa da Guerra Fria para manter sob controle imperialista os países ricos em petróleo e que buscam soberania. No entanto, a manutenção do modo de produção capitalista deixa sempre em aberto o desfecho desse importante processo de lutas de classes no país vizinho.
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