• Entrar
logo

GREVE NOS CORREIOS: NOTA DE REPÚDIO ÀS DECLARAÇÕES DO MINISTRO RUI COSTA

16 de dezembro de 2025

Os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios, reunidos em assembleias em vários estados, nesta data, manifestaram seu mais veemente repúdio às declarações do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que representam um ataque direto à luta da categoria, aos direitos dos trabalhadores e ao caráter público da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

Em declaração feita no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o ministro afirmou que, caso os trabalhadores dos Correios entrassem em greve, o governo pautaria a privatização da empresa. Trata-se de uma chantagem explícita contra o direito constitucional de greve e de uma ameaça que busca impor o medo e o constrangimento como método de negociação. Essa postura afronta a organização sindical, enfraquece o diálogo social e não condiz com um governo que se comprometeu publicamente com a defesa do serviço público e da classe trabalhadora.

Essa não é uma posição isolada. Em julho, o mesmo ministro já havia apresentado como “solução” para a crise da empresa a demissão de cerca de 10 mil trabalhadores e o fechamento de aproximadamente mil agências convencionais da ECT. Tal proposta revela uma opção política grave: transferir para milhares de pais e mães de família o custo de decisões equivocadas, aprofundando a instabilidade dos Correios, desmontando a presença da empresa nos territórios e comprometendo o acesso da população a um serviço público essencial.

Ao indicar esse caminho, o ministro passa a colocar as prioridades do governo em contradição com os interesses dos trabalhadores, promovendo o distanciamento e a desunificação da luta comum em defesa da soberania nacional e de um Estado forte, capaz de garantir direitos sociais. Essa orientação favorece a precarização das relações de trabalho, o avanço do subemprego e o enfraquecimento do papel estratégico das empresas públicas — algo que a classe trabalhadora combativa não pode aceitar.

Os trabalhadores apoiaram a eleição do presidente Lula e a retirada dos Correios do rol das privatizações, mas esse apoio jamais foi um cheque em branco. A defesa da ECT como empresa pública estratégica exige investimentos concretos e decisões responsáveis. Medidas como a chamada “taxa das blusinhas”, as mudanças no desembaraço aduaneiro, a ausência de compensação pela universalização do serviço postal e a retirada de mais de R$ 6 bilhões dos cofres dos Correios comprometeram seriamente a sustentabilidade da empresa. Se esses recursos tivessem sido preservados e reinvestidos, não haveria necessidade de empréstimos nem o atual quadro de crise.

Reafirmamos, ainda, que o fato de parte da militância sindical ser filiada ao Partido dos Trabalhadores não pode, em hipótese alguma, impedir a crítica ao governo. O papel histórico do sindicalismo é defender de forma intransigente os interesses da classe trabalhadora, com autonomia, independência e compromisso com quem vive do trabalho, e não com governos ou ministros de plantão.

Reafirmamos, portanto, o repúdio à atitude do ministro Rui Costa e exigimos que o governo federal exerça plenamente seu papel: fortalecer os Correios como empresa pública, garantir investimentos, preservar empregos, manter a capilaridade da rede postal e respeitar os direitos dos trabalhadores. A experiência recente de privatizações, como o caso da Sabesp, em São Paulo, demonstra que a entrega de serviços públicos ao capital privado gera prejuízos à sociedade, piora a qualidade dos serviços e penaliza a população.

Os trabalhadores dos Correios não aceitarão ameaças, chantagens, demissões ou fechamento de unidades como saída para uma crise que não foi criada pela categoria. Seguiremos organizados, mobilizados e em luta, em defesa dos empregos, dos direitos, do serviço postal público e do patrimônio do povo brasileiro.

Foto: LPS


Topo