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Atraso planejado da economia brasileira

Atrasos em tecnologia
O atraso planejado em tecnologia começa desde a base de sua produção, que é o sistema educacional. Em momentos de crise econômica, como o atual, isso se torna ainda mais claro. Os investimentos em educação e em ciência e tecnologia, que já eram notadamente insuficientes antes do golpe que depôs Dilma Roussef em 2016, caíram de maneira avassaladora com o governo golpista de Michel Temer.

O orçamento para o ensino superior era de R$13 bilhões em 2015, caindo para R$5,9 bilhões em 2017/2018; para a educação básica, de R$7,4bilhões em 2015, para R$3,5 bilhões em 2017/2018; para a educação tecnológica, de R$7,9 bilhões em 2015, para R$2,8 em 2017/2018; e o que mais exemplifica o ponto de que não há intenção de desenvolvimento tecnológico, para a ciência, tecnologia e inovação, de 5,8 bilhões em 2015 para 1,3 bilhões em 2017/2018.

Nesse sentido, as diferenças de investimentos em tecnologia, ciência e inovação dos países desenvolvidos para os países atrasados tornam a diferença cada vez mais abissal. Enquanto a Coreia do Sul investe mais de 4% de seu PIB nesse campo, mesmo valor que Israel e Japão, os Estados Unidos investem 2,5% e os países da União Europeia almejam alcançar um investimento de 3%, o Brasil investe menos de 1%, assim como Índia (0,8%), Argentina (0,6%), México (0,4%) e Indonésia (0,2%). Mantêm-se, assim, uma dependência tecnológica que já dura séculos.

Por um lado, isso gera uma grande deficiência em capital humano. Com baixos investimentos em educação e tecnologia, não há preparação ou financiamento adequado para os trabalhadores, acadêmicos e cientistas brasileiros aprenderem, desenvolverem e divulgarem o conhecimento científico. Por outro, justamente pela falta de investimentos, a indústria brasileira fica em muito atrasada em relação aos países desenvolvidos. Exemplo disso é que o Brasil é um dos países mais atrasados em relação a adoção de automação industrial. Segundo pesquisa da Pollux Automation, empresa catarinense de automação e robótica, o Brasil tem apenas dez robôs para cada 10 mil trabalhadores em fábrica. Enquanto isso, países como Coreia do Sul e Japão, têm mais de 300. Não por acaso, o país se encontra em recessão industrial desde da década de 1990.

Isso, na prática, perpetua a condição de extrema desigualdade social encontrada hoje no Brasil. Estando em uma condição subalterna na Divisão Internacional do Trabalho, a situação econômica e social brasileira pouco mudou do tempo colonial até hoje. Produz-se muito de produtos primários, com pouco valor agregado, produção rigidamente controlada pela mesma elite há mais de 300 anos. Em contrapartida, têm-se que importar grande quantidade de produtos com valor agregado muito maior. Os dois efeitos desse fato é, em primeiro lugar, manter o privilégio econômico de uma minoria que controla a produção primária e mantem o país como uma eterna colônia dos países mais avançados, notadamente dos Estados Unidos.


Por que não se cria bem estar social no Brasil?
Bem estar social é a utopia liberal em que toda a população de um país teria acesso a uma situação econômica que permitisse uma vida material confortável. Como se viu nas linhas acima, não há intenção de desenvolver a economia brasileira para além da manutenção do privilégio da burguesia nacional, levando a um subdesenvolvimento tecnológico e do capital humano.

Dessa forma, não há possibilidades da população brasileira alcançar os mesmos níveis de bem estar social como dos países nórdicos, tão propagandeado pela imprensa capitalista. O motivo é o mais simples possível: para a Noruega, Finlândia e Dinamarca conseguirem alcançar esse estágio, é preciso explorar outros lugares do globo.

O dinheiro, na lógica capitalista, é um bem finito. Além disso, não há distribuição de renda entre a população global, e nem mesmo entre os países do mundo. Portanto, no capitalismo, para que em certos lugares se tenha o utópico bem estar social, é natural que seja em cima da exploração de outros. Não é cabível, portanto, pegar o caso desses poucos Estados e usá-los como exemplo que podem ser globalmente aplicados.

Para todas as populações oprimidas e para os países atrasados, não há caminho inexorável rumo a uma real liberdade econômica, política e social no mundo capitalista. Afinal, é justamente dos mais atrasados que os capitalistas e os países mais avançados retiram sua mais valia, num planejamento que já dura séculos. Para a libertação da opressão econômica no mundo capitalista, o caminho é um só: a revolução social, que quebre com os paradigmas do capitalismo, rumo ao socialismo.


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