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Racismo e as religiões de matriz africana

O povo negro em sua luta milenar contra o racismo enfrenta desafios diários no que diz respeito a sua forma de se manifestar, tanto culturalmente como religiosamente.

Nos últimos tempos, com o crescimento das seitas evangélicas, onde algumas trazem em seu bojo a intolerância, o preconceito que beira o fascismo, deixando o dia a dia de quem cultua as religiões de matriz africana ao sabor de ataques de milícias a serviço de pastores e seitas.

A maioria dos terreiros de candomblé e umbanda se localizam nos morros, favelas e bairros operários das periferias das grandes cidades do Brasil, onde residem a maioria da população negra. É também ali que prolifera, azeitado pela miséria o tráfico das drogas e a violência de facções criminosas. O povo negro mais uma vez tem que pagar o pedágio com a vida de seus jovens que tombam nos becos e vielas pelas mãos dos órgãos de repreensão e de milícias organizadas por bandidos.

É necessário destacar que esse mesmo tráfico que traz a miséria e a morte para a população negra e pobre, é o mesmo que movimenta milhões diariamente aos empresários e políticos donos de aeronaves, aeroportos clandestinos, iates, etc. É defendido com armas e leis criadas pelas facções para defenderem seu território de atuação.

O crime organizado e o dinheiro fácil logo chamaram a atenção de pastores evangélicos, que trataram de colocar na ordem do dia métodos e propósitos semelhantes aos dos seus mentores do congresso nacional conhecida como BBB (Bíblia, boi e bala). Esses métodos são conhecidos pela violência como tratam adversários políticos e contra movimento dos que lutam pela terra, contra preconceitos, racismo, homofobia.


Projeto institucional de perseguição


Agora é contra as religiões afro que esses mesmos adversários políticos arreganham suas bocarras hediondas do preconceito. Somente no Rio de Janeiro, pelo menos quarenta terreiros foram fechados por milícias de traficantes e seus sacerdotes (pai ou mães de santo) expulsos das comunidades a mando dos pastores. Essa informação decerto está defasada, pois a fonte é o Jornal do Brasil, em uma edição de Novembro de 2016. A influência das seitas evangélicas só se faz aumentar e há relatos que até bailes funks sofrem intervalos para que pastores façam suas pregações. É comum nos becos e muros dessas localidades ver pichações com o símbolo das facções e citações bíblicas.

As religiões afro não têm ligação com as religiões judaico-cristãs.  O candomblé, por exemplo, cultua os orixás, divindades que vêm da natureza. Pregam a igualdade entre os seus. Isso irrita os teólogos do cristianismo, arautos que são do individualismo e da submissão dos fieis através das hierarquias existentes dentro das religiões.

Também é importante ressaltar que a perseguição aos cultos afro brasileiros tem o propósito político de assegurar a hegemonia de uma elite branca e rica sobre a ampla maioria negra e pobre. Para isso ordenam que apedrejem, queimem, e deixem rastros de rajadas de balas em suas paredes. Agridem crianças que saiam às ruas ou vão às escolas com roupas ou símbolos de sua fé. Ofendem física e verbalmente aqueles que ousam defender as religiões advindas da África negra.

No entanto o povo negro resiste. Se hoje as crenças são achincalhadas e taxadas como seitas do demônio (e olha que eles nem acreditam no demônio), amanhã pode ser que o culto aos orixás, que vêm da natureza, ajude a nortear a luta do povo negro e de todos os trabalhadores rumo à tomada do poder.


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