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Mandela, de revolucionário a instrumento do imperialismo

Rolihiahia Dalibhunga Mandela, mais conhecido como Nelson Mandela, nasceu em 18 de julho de 1918, na cidade de Mvezo, África do Sul. Seus pais eram Noqaphi Nosekeni e Nkosi Mphakanyiswa Gadla Mandela. Mandela foge completamente à situação da esmagadora maioria dos negros. Ele nasceu numa família de nobreza da etnia Xhosa.

Aos sete anos de idade, no ano de 1925, ingressou na escola fundamental. Conforme a tradição, as crianças que ingressavam na colégio recebiam um nome em inglês. Com Mandela não fora diferente e ele recebeu de sua professora o nome de Nelson, em homenagem ao Almirante Horatio Nelson.

Em 1939, Mandela ingressou no curso de Direito, na Universidade de Fort Hare, pioneira em ministrar cursos para negros. Ele foi obrigado a abandonar o curso por se envolver em protestos e movimentos estudantis contra a falta de democracia racial na universidade. A partir daí, se mudou para Johanesburgo e lá encontrou o regime de terror contra a maioria negra. Em 1943, concluiu seu curso de bacharel em Artes pela Universidade da África do Sul. Depois de um período, Mandela recebeu a autorização para concluir o curso de Direito na Universidade de Fort Hare, onde mais tarde receberia o título de “Doutor Honoris Causa”, numa tentativa de compensar sua expulsão. A maior atuação política de Mandela foi sua fundamental participação no fim do Apartheid.


O regime do Apartheid


O Apartheid foi um regime imposto na África do Sul, que significa “vidas separadas” (traduzindo do inglês). Trata-se de um regime segregacionista que negava aos negros da África do Sul os direitos sociais, econômicos e políticos. Apesar de a segregação existir na África do Sul desde o século XVII, quando o País foi colonizado por ingleses e holandeses, o termo só foi adotado e legalmente usado no ano de 1948. O regime consistia basicamente em ter brancos de origem europeia controlando o governo para atender e beneficiar apenas os imperialistas Holandeses e Ingleses. O que sobrava para a população negra era apenas a imposição de leis, regras e sistemas de controles sociais. Entre as leis absurdas que compunham o regime de segregação, destaca-se: a proibição de casamento entre brancos e negros (1949); a obrigação de declaração de registro de cor para todos os sul-africanos se branco, negro ou mestiço (1950); a proibição de circulação de negros em certas áreas da cidade (1950); a determinação e criação dos “bantustões”, bairro só de negros (1951); a proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas tais como bebedouros, banheiros públicos, etc. (1953).


Mandela: perseguição e prisão


A segregação racial e a falta de direitos políticos, civis e o comportamento dos negros em regiões determinadas pelo governo branco, provocava a luta do negro. O instrumento de representação política do povo negro na época era o Congresso Nacional Africano, que teve Nelson Mandela como grande líder.

No ano de 1944, com objetivos comuns, Mandela, Walter Sisulo e Oliver Tambo fundaram a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano. Nesse ano, Mandela casou com Evelyn Mase, com quem teve quatro filhos. No ano de 1956, Mandela se separou de Evelyn e dois anos depois, em 1958, casou-se com uma militante do movimento antiapartheid, Winnie Madikizela, de quem veio a se separar em 1992.

Em 1960, os líderes negros passaram a ser perseguidos, torturados, presos, condenados e assassinados. Mandela não foi exceção. No ano de 1962, foi preso e, em 1964, condenado a prisão perpétua.

A tortura e horror contra a população negra sul-africana aumentou exponencialmente a partir da década de 1980. Porém, a condenação internacional do Apartheid se materializou com um plebiscito que culminou com a aprovação do “fim” da ditadura contra os pretos. Era o fim do regime segregacionista.

Exatamente no dia 11 de fevereiro de 1990, Mandela foi libertado sob fortes pressões e muito clamor, uma vez que no ano de 1985 o então presidente, J. W. Botha, ofereceu-lhe soltura desde que prometesse a não mais se envolver no terrorismo e na luta armada contra os brancos. Em 1993, Mandela e o presidente da época, Frederick De Klerk, escreveram uma nova Constituição sul-africana que, oficialmente, significava o fim da segregação racial e da exploração europeia. Merecidamente, no ano de 1993, Mandela foi reconhecido mundialmente e a ele oferecido o prêmio Nobel da Paz.


Mandela: presidência, alianças e a morte de um dos maiores líderes negro


Em 1994, houve as eleições presidenciais com Mandela como candidato vencedor. A África do Sul tinha, enfim, seu líder como presidente. Um verdadeiro marco, uma vez que se tornou o primeiro presidente negro do País. Porém, Mandela optou pela governabilidade e nem de longe era o líder das causas raciais. De fato, para se tornar presidente ele buscou fezer alianças subterrâneas.

O “gigante” da paz, homenageado na imprensa burguesa mundial como “o último herói” ou alguém que nos ensinou que vale a pena lutar por sonhos, era um entreguista. Mandela passou 27 anos na cadeia, mas saiu de lá com uma mensagem de conciliação e perdão. Na realidade, o imperialismo e os racistas brancos tiraram Mandela da cadeia por causa da aceleração das tendências revolucionárias na África do Sul, principalmente após a derrota na batalha de Cuito Canavale, em Angola, na fronteira com a Namíbia, pelo MPLA (Movimento Para a Libertação de Angola), os cubanos e guerrilheiros namíbios.

O governo de Mandela teve na base o apoio do Partido Comunista sul-africano, da Cosatu (a central sindical da África do Sul) e da “ala democrática” da burguesia sul-africana, que incluía também a nova burguesia negra que surgiu com o governo de Mandela. O imperialismo norte-americano impôs o grosso das políticas neoliberais e se valeu da estabilidade do novo governo para aplicá-las em toda a África Negra.

O novo governo de “frente popular”, promoveu uma ampla e irrestrita conciliação entre os brancos e negros na África do Sul, intensificou exponencialmente a relação entre a África do Sul e os mecanismos do capital internacional, como o FMI e o Banco Mundial, contra o proletariado sul-africano.

Após o termino de seu governo, 1994-1999, Mandela ainda liderou projetos e ações sociais, como o combate a AIDS, mas sem nunca ter se posicionado contra o imperialismo nem contra a burguesia sul-africana, da qual passou a fazer parte. Aos 85 anos de idade, anunciou o fim da sua vida política por conta da sua saúde já debilitada, que culminou com varias internações em 2012 e 2013, esse último foi o ano que veio a falecer, aos 95 anos de idade, na cidade de Johannesburg, África do Sul.


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