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Racismo: necessidade vital do capitalismo

Aconteceu em Salvador, entre os dias 18 e 20 de maio de 2017, o XV Encontro Racial dos Trabalhadores dos Correios. Participaram desse encontro trabalhadores de todos os estados do País. O homenageado foiLuiz Gama, considerado o “Advogado da Liberdade”. O tema do evento foi “O Mito da Democracia Racial: como ela age nos Correios e na sociedade". Durante os três dias do encontro, o testemunho dado pelos participantes mostrou que a situação dos homens, mulheres e de toda a juventude negra é muito mais negativa do que as pesquisas oficiais apresentam.

O negro sempre esteve à margem da sociedade, quer com a situação da escravidão durante o período colonial, quer com a total falta de inserção social a partir da abolição em 1888. Em lugar das melhoras da condição de vida, os negros estão sendo mais marginalizados pela sociedade, em uma situação que vai se tornando algo cada vez mais obsceno. Existe discriminação em todos os níveis como, por exemplo, na política, no Judiciário, nas universidades, na ascensão aos melhores cargos nas grandes empresas, etc. No caso das empresas estatais essa situação tem se acentuado significativamente com a política de sucatear para privatizar, que atinge, em primeiro lugar, os setores mais discriminados da sociedade.

No último período, dado o aprofundamento da crise capitalista, os ataques veem aumentando. A repressão é tamanha que até mesmo as manifestações folclóricas organizadas pelo povo nas periferias como a capoeira, o Carnaval ou mesmo a religião, como o Congado, foram impedidos de serem organizadas nas ruas em estados como a Bahia e o Rio Grande do Sul, conforme relatos de companheiros presentes nesse encontro.

O Brasil é um país onde a população negra é predominante. Existe uma política, tanto em nível municipal, quanto estadual e federal, em favorecimento do grande capital, e até mesmo as manifestações culturais populares, a exemplo do Carnaval, é uma “mercadoria”. Até a cerveja que pode ser vendida durante o evento é determinada pelos grandes capitalistas; tudo isso com o dinheiro público.


Racismo nos Correios


Para os trabalhadores dos Correios, não existe nenhuma política voltada para o favorecimento do negro como, por exemplo, aos planos de carreira. As pesquisas oficiais vão ao sentido de induzir o embranquecimento da população, dividindo a mesma em: brancos, amarelos, negros, índios, mestiços, pardos, etc. O objetivo é camuflar a discriminação e o sucateamento das condições de vida e de trabalho. Segundo o censo feito pela ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), no estado do Amazonas, de população com predominância indígena, supostamente existiria apenas um carteiro índio.

Quando se discute a mais valia fica claro que o racismo representa um dos mecanismos para garantir os lucros do capital por meio do aumento da pressão sobre a média dos salários – pagam salários menores para as “minorias” e setores mais discriminados.

Segundo o último censo do IBGE, realizado no quarto trimestre de 2016, enquanto o rendimento dos brancos era de R$ 2.660,00 (acima da média nacional), o dos pardos ficou em apenas R$ 1.480,00 e o dos trabalhadores que se declaram pretos esteve em R$ 1.461,00. Isso quando o negro consegue trabalho. A mesma pesquisa apontou que a taxa de empregados entre a população negra foi de 14,4%, na parda foi de 14,1% e a população declarada como branca teve a taxa de desemprego de 9,5%.


Por uma política antirracista e revolucionária


Diante de todo este cenário e da necessidade de o Encontro possuir uma pauta de reivindicações dos negros e das mulheres para a campanha salarial, a partir do XV Encontro Racial dos Trabalhadores dos Correios foram encaminhadas várias ações afirmativas para a empresa, no sentido de combater a discriminação.

Várias bandeiras democráticas da luta negra foram levantadas, como ações afirmativas no sentido de lutar por cotas proporcionais nas universidades e também em concursos públicos. Além disso, também foi acrescentada a reivindicação do Programa da LPS (Luta Pelo Socialismo) em defesa dos direitos dos negros e das mulheres.

Diante da crise mundial do capitalismo, o imperialismo, em uma desesperada tentativa de manter as taxas de lucro, que estão em queda livre, ataca todos os direitos dos trabalhadores em escala mundial. O Brasil está no “olho do furacão ” dos ataques do grande capital, como é possível perceber através da privatização de mais de 250 estatais, passando pela aprovação da terceirização irrestrita (volta à escravidão), reforma no ensino médio, reforma da previdência, etc. Todas essas medidas atacam os trabalhadores, visando apenas o favorecimento do capital internacional.

Como dentro do sistema capitalista o problema do proletariado não pode ser resolvido, uma vez que ele sempre será explorado pelos capitalistas, e sendo a população brasileira proletária majoritariamente negra, logicamente o problema do negro também não vai ser resolvido nos moldes do sistema capitalista. Cabe à classe trabalhadora ser dona do seu próprio destino.

Na presente conjuntura é preciso luta pela unidade dos trabalhadores contra todos os ataques colocados pelo grande capital.


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