O Partido da Causa Operária (PCO) veiculou nas redes sociais uma “análise” de que a campanha salarial dos trabalhadores dos Correios, realizada neste ano, teria sido a “pior” de todos os tempos e que contou com o ressurgimento de um novo “Bando dos 4: Articulação, PCdoB, PSTU e LPS”.
Longe de ser uma avaliação séria, a polêmica sobre a greve dos Correios travada pelo PCO não passa de um deboche cínico de uma organização que não tem qualquer atuação verdadeira, de base, em nenhuma categoria.
Como todo grupelho que vive de intrigas e fofocas políticas (uma política tipicamente stalinista, que em alguns momentos beira ao fascismo, mesmo que o PCO se intitule trotskista), o PCO recorta pedaços de frases soltas dos textos dos grupos com os quais “polemiza” e distorce a essência da análise, como o ocorrido em relação à LPS. O objetivo dessa manobra é tentar influenciar os pouquíssimos ativistas sindicais que ainda nutrem alguma ilusão nesse partido.
Para o PCO, não houve nenhuma vitória política nesta campanha salarial, referente à greve dos Correios, organizada pela FENTECT. Eles alegam que a proposta final apresentada pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) e ECT (e aceita pela base nacional dos trabalhadores dos Correios) é pior que a que foi apresentada à FINDECT (federação patronal controlada pelo PMDB). Assim, o PCO quer nos levar à conclusão de que não deveríamos ter feito greve no dia 19, a menos que tivéssemos passado por cima do TST e garantido a proposta da nossa pauta na marra. Trata-se de uma tese ridícula, que não leva em consideração qualquer análise de correlação de forças, tampouco o momento político que vive o País, a Reforma Trabalhista aprovada, a capacidade organizativa da direção da ECT ante a paralisia do movimento sindical nacional e das centrais sindicais, etc.
Mas o que é hoje o PCO?
Trata-se de um grupelho que a despeito de falar que a Articulação faz parte do “Bando dos 4” é apenas, e nada mais, um satélite da própria Articulação. Não por acaso, um dos principais dirigentes do partido, Antônio Carlos, mais conhecido como “Toninho”, tem uma atuação sindicalóide em São Paulo graças às benesses e “puxassaquismo” da direção da APEOESP (sindicato dos professores de São Paulo) e de diretores da CUT Nacional que, ao que tudo indica, está garantindo várias, senão todas, atividades do PCO (inclusive as de aparente oposição à Articulação) e suas participações nas agendas da CUT Nacional e nas do PT. Nesse sentido, o PCO é a famosa e querida “oposição” amiga.
Na APEOESP, maior sindicato do Brasil em número de filiados, uma das burocracias mais consolidadas, que controla o sindicato há mais de 30 anos, o PCO está numa clara política de acordos e conchavos, chegando inclusive a defender, nas entrelinhas, o fim de uma das maiores greves da categoria, quatro dias depois do início da mobilização. Na fala propositalmente confusa, a liderança do PCO nos professores tentou barganhar a prorrogação ou adiamento das eleições do sindicado com o fim da greve. No dia seguinte, publicaram uma matéria onde misteriosamente “esqueciam” de comentar a suspensão da greve. Para a direção burocrática da APEOESP, o PCO só tece elogios, abandonaram a crítica, ganharam espaços para falar, sobem no carro de som, ganham prestigio com a Articulação etc. (ler mais em: http://www.lpsmundo.org/sindical/424-15-de-marco-a-burocracia-em-saia-justa).
Embora ejaculem farpas discursivas ao PCdoB (bem como ao PSTU e à LPS) o PCO é a terceira face da Frente Brasil Popular (FBP), fazendo o coro das “viúvas” de Dilma pelo “volta querida” e alternando o mesmo microfone pelo “Brasil afora”, levando a crença de que as eleições de 2018 vão salvar a classe trabalhadora brasileira do golpe que lhe está sendo imposto pelo imperialismo. Portanto, a “crítica” que o PCO faz é parte de um “acordo” entre os “amigos” da FBP. Afinal, com três “partidos” (PT, PCdoB e PCO) se amplia a “representatividade” da FBP e sua política de traição em contenção das massas.
Em verdade, o que circula no meio político é que o PCO está se utilizando da sua “legenda” para se manter esmolando o PT, a CUT e alguns de seus sindicatos. Nesse sentido, o PCO não passaria de um “mendigo ideológico”.
Fraude política
Com a saída da maioria dos militantes que atuavam no PCO (e que tinham um real trabalho de base), por divergência política e, principalmente, contra a prática de sua direção, este partido político não passa hoje de um “grupelho” de diletantes políticos, sem nenhum trabalho concreto no movimento social, seja ele sindical, popular ou estudantil. Segundo corre no meio social, nos espaços políticos de militância, o PCO vive, hoje, nas “tetas” dos movimentos sociais, graças as suas “atividades” em “defesa” do Lula.
No PCO, a política de terror é imposta à militância e o partido chegou a ser denunciado no Ministério Público do Trabalho (MPT), por trabalho escravo. Os militantes que divergem são “calados na porrada”, conforme inúmeras denúncias. Há relatos de ex-filiados sobre o espancamento de militantes na sala da direção executiva, inclusive caso que teve que ser encaminhado para hospital. Isso sem falar das práticas de interferência na vida pessoal dos militantes, ao ponto de acabar casamentos e relacionamentos, de falir financeiramente os militantes etc. O índice de ex-militantes que saem com sérios problemas psicológicos é imenso.
Fraude institucional
Os problemas referentes ao aspecto institucional também são das mais diversas ordens. Vão desde aqueles com prestação de contas junto aos cartórios eleitorais, em que o nome que fica “sujo” é o dos “dirigentes” regionais. E isto tem diversas implicações na vida daqueles que constam como “dirigentes”.
Hoje, a maioria dos diretórios do PCO está composta por nomes de pessoas que já se desfiliaram daquele “partido”. Que saíram, pois se desiludiram e se enojaram do que viram ou não aceitaram a enganação do que foi “pregado”. Entretanto, devido à própria legislação partidária (eleitoral) os ex-filiados não conseguem retirar seus nomes dos quadros de direção do PCO, seja ele municipal, estadual ou nacional e continuam, muitos deles, contrariamente às suas vontades expressas na desfiliação, sendo presidentes estaduais, ou integrantes de outros cargos de direção partidária estadual ou municipal. Por vezes já enviaram, em vão, requerimento de desfiliação à direção do PCO, bem como aos TRE´s. Ao procurarem o cartório eleitoral são informados de que apenas a direção nacional do PCO pode exclui-los da direção do partido, mesmo o militante já estando desfiliado no Tribunal Regional Eleitoral, restando o caminho jurídico para resolver este problema.
Por que será que o PCO não exclui imediatamente seus desfiliados do quadro de direção junto aos cartórios eleitorais? Simples, porque se trata de um partido de pouquíssimos filiados. E se excluírem estes filiados dos quadros dirigentes nos cartórios eleitorais, as direções provisórias do PCO terão que ser substituídas por outros. Mas, não existem outros nomes para compor os quadros dirigentes relacionados nos cartórios.
O PCO É, TAMBÉM, UMA FRAUDE POLÍTICA INSTITUCIONAL. Sequer tem militantes para preencher as atas na qualidade de dirigentes (E observem que um filiado, pela legislação eleitoral atual, pode ser presidente do PCO em vários municípios de diferentes Estados. Isto porque qualquer cidadão/ã pode declarar uma quantidade ilimitada de residências. E, desde que o partido declare nos TRE’s de cada Estado que o candidato tem residência neste ou naquele município e é dirigente do partido, a ata do partido é aceita pelo cartório. Para ser desfeita esta ata o poder majoritário é do diretório nacional). Conclusão: se forem retirados todos os nomes de militantes que se desfiliaram e que integram as direções partidárias estaduais e municipais o risco é real de perda do registro do PCO no TSE e, consequentemente, do dinheiro referente ao “fundo partidário”. Por isso, protelam a retirada dos nomes dos ex-filiados nos cartórios eleitorais. Uma insanidade!
Fraude sindical
Uma das vítimas da política oportunista do PCO tem sido, nos últimos anos, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e derivados e do Frio no Estado de São Paulo.
Este sindicato que é “dirigido” pelo PCO, mas não passa de um sindicato cartorial, onde inexiste atividade e mesmo as pouquíssimas assembleias registradas em atas no cartório foram possivelmente fraudadas. Tal afirmação é de fácil comprovação, basta ir ao Cartório de Registro de Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica, na Rua Benjamim Constant, 152 (fone: 31070031), em São Paulo, e pedir as atas das assembleias do sindicato que irão verificar que aquela entidade basicamente não tem registro de suas atividades. Mas quem administra o sindicato? Resposta: Anaí Caproni. Onde funciona o sindicato? Resposta: na sala de Anaí Caproni. Quantos filiados tem o sindicato dos frios nas mais de 12 mil unidades de trabalho da categoria? Resposta: Um total que oscila entre 60 e 70 sindicalizados.
Vejam bem, a maior base de trabalhadores em açougues, em frigoríficos, em indústria da carne e de frios no País está concentrada no município de São Paulo. Esse grande e mais importante sindicato de trabalhadores das indústrias da carne e do frio é comandado pelo PCO, por Anaí Caproni, e tem apenas 60 a 70 trabalhadores sindicalizados e ninguém vê uma única manifestação desses trabalhadores (nem mesmo contra a Friboi, os irmãos Batista), nada! As assembleias e negociações são feitas às portas fechadas entre Anaí Caproni (e seus poucos comandados) e os patrões (um dos patronatos mais corruptos do País). Este é um sindicato cujos dirigentes “atuam” quase que exclusivamente com o dinheiro do imposto sindical. Não existe representatividade de base, pois a cúpula do PCO impede. Isso porque eles têm medo dos trabalhadores, de perder o controle da entidade, de “perder a boquinha”. Toda essa bravata em relação aos Correios é um peleguismo atroz no sindicato dos frios (dez vezes pior do que o do Gândara).
Quem é verdadeiramente o bando dos 4
O bando dos 4, em verdade, existe e habita em São Paulo, no próprio PCO. E eles atendem pelos seguintes nomes: 1- Rui Pimenta; 2- Anaí Caproni; 3- Antônio Carlos Silva e 4- Edson Dorta.
Rui Pimenta é o elemento dono do PCO, que usa seu grupelho em proveito pessoal e de sua família e afetos para manter seus hábitos e privilégios pequeno burgueses. É o chefe do bando, o que instrui e elabora a trama, as ações.
Anaí Caproni é outro elemento que, a mando do Rui, tentou subordinar a FENTECT aos interesses do PCO quando estava à frente da sua direção e que agiu com truculência e zelo para inviabilizar qualquer reunião da diretoria da federação. Geralmente se afastava em período de campanha salarial por medo de se comprometer, afinal, era mais fácil falar do que fazer. Na política de sabotagem do movimento sindical, poucos se comparam à sagacidade desta “ativista”. No caso dos Correios, desde que perdeu seu “status” de dirigente sindical na FENTECT, utilizando de sua “bipolaridade”, vive afastada do “trabalho” e nunca mais foi vista em nenhum fórum da categoria.
Antônio Carlos Silva (Toninho) é o eterno “serviçal” dos negócios do “dirigente mor”. É o “relações públicas” do PCO nas reuniões da Frente Brasil Popular e da CUT/PT, puxa-saco da Bebel (APEOESP/PT) e do Wagner (CUT Nacional/PT). Esteve no último CONREP, a convite da Articulação, para defender o PT e a “luta” contra a “prisão de Lula” (que nem estava em questão) tentando, juntamente com um único delegado a ele vinculado, desviar a atenção do debate mais relevante referente à Reforma Trabalhista (aprovada na data de início do CONREP) para a questão eleitoral em 2018, usando o caso Lula (“compra do tríplex” em Guarujá) para mendigar boas relações com o PT. Ficou dormindo, comendo e de vez em quando “politicando”, às custas da FENTECT. A maior parte do tempo ficou ausente do Encontro, passeando em Brasília, há quem diga que por intermédio da Articulação.
Por último, Edson Dorta, o “bobo da corte”, aquele que participa dos encontros nacionais da FENTECT quando a diretoria do SINTECT Campinas o deixa sair como “delegado”, pois por sua própria conta ele não consegue se eleger nunca, já que não tem trabalho de base e nem apoio dela. Fiscalizado à distância, minuto após minuto por Rui e Anaí, ele cumpre o papel de “alegrar” a delegação da Articulação, bajulando-a, defendendo seus dirigentes e a FBP. Com isto, procura garantir as benesses que a rádio corredor diz serem firmadas com a cúpula da APEOESP e da CUT. Nos Acordos Coletivos de Trabalho (ACT’s), quando foi dirigente da FENTECT, também arranjava pretextos para se ausentar em momentos decisivos e não ter que assumir seu papel dirigente. Sempre entrava em “crise” e “fugia”, desaparecia para não ser localizado nem mesmo pelos seus próprios companheiros de labuta, integrantes do bando dos 4, deixando os negociadores nacionais sozinhos e em apuros. Nesta última campanha salarial, no CONREP, teve a cara de pau de fazer uma proposta de reajuste de 10% mais a inflação do período, contra a proposta da maioria unificada dos delegados, que era de 8% mais R$300,00 faciais, esta última um valor bem superior à proposta inicial apresentada por este elemento do PCO. Pediu socorro à mesa do Conrep para ver se sua proposta era inferior à dos demais, mostrando uma ignorância fenomenal em relação à capacidade de cálculo e ao trabalho nos Correios, demonstrando claramente que o objetivo do PCO não é o de organizar nenhum trabalho sério, que vise à melhoria das condições de vida dos trabalhadores, mas apenas “marcar posição” e aparecer como os “grandes revolucionários iluminados”. Informado que sua proposta era inferior, este elemento pediu orientação ao próprio Pepê para fazer o cálculo de quanto ele deveria propor e, ao ser informado das variantes de como propor, mudou sua proposta para 20% mais a inflação do período (similar, em valor geral à maioria da base, à proposta unificada: de 8% + R$300,00). Depois, cinicamente, apresentou um documento nas redes sociais questionando a proposta majoritária e vangloriando a sua (que em verdade fora formulada pela mesa dos trabalhos do CONREP, a quem ele pediu ajuda, pois não teve capacidade de formular e aos quais ele depois criticou). Ou seja, um crápula desprezível.
Considerando que o PCO é um satélite da Articulação, chama a atenção a cara de pau do PCO em colocar a Articulação como parte do “bando” dos 4 (embora o Bando dos 4 esteja dentro do próprio PCO). Quanta ginástica política é necessária para fazer parecer ser o que não é, apenas para tentar angariar adeptos à sua suja politicagem.
Se a política desses estelionatários políticos tivesse logrado êxito nos trabalhadores dos correios, a categoria ecetista sequer teria realizado a campanha salarial. Ao invés disso, estaria paralisada como a dos Frigoríficos e Açougues e dos Frios de São Paulo, cuja data-base está batendo às portas e nenhuma assembleia foi sequer convocada. Isso no momento de maior ataque contra a classe trabalhadora, quando a Reforma Trabalhista está para entrar em vigor e transformar legalmente todos os trabalhadores em escravos.
Ligeiras considerações sobre a greve
A campanha salarial dos Correios e a greve se fortaleceram, sobretudo devido à ação firme dos dirigentes da Luta Pelo Socialismo (LPS), que atuaram bravamente dentro da FENTECT e na base para que o calendário e o cronograma de atividades fossem colocados em prática a serviço da organização da luta da categoria, com o objetivo de garantir a manutenção de seus direitos conquistados em longos anos de muita luta.
Impor o recuo da ECT e do TST em suas decisões de retirar os direitos da categoria ecetista; utilizar a campanha salarial para denunciar nacionalmente a privatização dos Correios; fazer uma greve política colocando como bandeira principal a luta contra a privatização da ECT e denunciado a privatização à população brasileira e, ainda, se destacando diante às demais categorias nacionais, foi um passo importante e fundamental para a conscientização política dos trabalhadores e na preparação de uma luta mais ampla contra o grande capital. E esta vitória política está acesa nas mentes da esmagadora maioria dos grevistas, sendo dever de todo militante socialista usar esta vitória para ampliar a conscientização política dos trabalhadores dos Correios, incutindo-lhes os ideais socialistas.