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Arábia Saudita na Comissão de mulheres da ONU: quem é o verdadeiro machista?

No último dia 25 de abril, a obscurantista monarquia da Arábia Saudita foi eleita para a Comissão dos Direitos das Mulheres da ONU (Organização das Nações Unidas). O País, considerado o mais misógino do mundo, que impõe os maiores níveis de restrições aos direitos da mulher, recebeu 47 votos do Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC). A Arábia Saudita irá representar os países da Ásia e do Pacífico na Comissão, entre os anos de 2018 e 2022. 

De acordo com o levantamento feito pela Organização Não Governamental (ONG), ONU Watch, o país só poderia ter sido eleito com essa quantidade de votos se ao menos 15 “democracias liberais” tivessem escolhido a Arábia Saudita na votação secreta. Não só isso; fica comprovado, matematicamente, que ao menos cinco países da União Europeia votaram a favor dessa eleição. No entanto, não é possível saber exatamente quais países votaram porque as “democracias” europeias, que supostamente respeitam os direitos das mulheres, mantiveram segredo quanto à votação para preservar os acordos com um dos regimes mais reacionários no mundo.

O que ficou muito claro é que os países ditos democráticos não só estão apoiando a Arábia Saudita, como são a base de sustentação dessa política de ataques contra as mulheres.


Defesa “democrática” do obscurantismo


É, no mínimo, escandaloso que essa monarquia reacionária tenha sido eleita para “debater a igualdade de gênero e os direitos das mulheres”, já que se trata da região que mais ataca os direitos femininos. Para se ter ideia do absurdo, as mulheres só puderam votar nas eleições locais do País no ano de 2015, enquanto que a violência doméstica somente foi “proibida” no ano de 2013. As mulheres sequer têm o direito de dirigir automóveis (somente em 2013 conseguiram a permissão para andar de bicicletas). Segundo o relatório “Global Gender Gap Report 2016”, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, a Arábia Saudita ocupava o 141º lugar (dos 144 países) no ranking global da igualdade de gênero.

Ou seja, mais uma vez fica evidente que a “defesa dos direitos das mulheres” pelas democracias burguesas não passa de mero cinismo. Os países ditos “democráticos” não só não estão nem um pouco interessados em discutir e promover políticas públicas para as mulheres, como foram os responsáveis por promover o país que mais ataca as mulheres. Na prática, a eleição da Arábia Saudita para a Comissão dos Direitos das Mulheres da ONU confirma que a perseguição e a investida da extrema direita contra as mulheres é apoiada por todos os países capitalistas, desde os mais conservadores até os “democráticos”. O recrudescimento dos ataques contra as massas, que tem na base a crise do capital, tem como um dos principais alvos as mulheres.

O que está em jogo não é, em absoluto, lutar pela emancipação das mulheres, tampouco garantir os direitos democráticos mínimos dessa importante parcela da população. A escolha da Arábia Saudita para a Comissão dos Direitos das Mulheres da ONU é mais uma demonstração de que as mulheres, assim como a classe operária de modo geral, não deve “delegar” sua luta, muito menos acreditar que as democracias burguesas irão resolver esses problemas. Como se vê, o único interesse desses governos é o de manter seus acordos e garantir seus lucros. Aqui fica muito claro quem são os verdadeiros machistas.

As mulheres só conseguiram avanços na conquista dos direitos democráticos, por meio da luta e da unidade com a classe trabalhadora. Acreditar que as ditas “democracias liberais”, que na verdade representam cada vez mais brutais ditaduras contra a esmagadora maioria da população, irão resolver os problemas da população é acreditar que a monarquia mais obscurantista irá “lutar” pela “igualdade de gênero”. Ou seja, uma ilusão pequeno burguesa sobre os direitos das mulheres em abstrato , independente do caráter de classe, que contamina uma boa parte do chamado “movimento feminismo” que, na prática, repete a propaganda do imperialismo.


A crise econômica na base da escalada dos ataques aos direitos das mulheres


O aumento da crise econômica tem forçado o grande capital a aumentar os ataques contra os direitos dos trabalhadores. É preciso “esfolar” a população para garantir os lucros dos monopólios em crise e que já não conseguem mais extraí-los da produção devido à brutal decadência do capitalismo. Essa política é mundial e, no caso de Brasil, pode ser vista de maneira transparente, a exemplo das inúmeras PECs, PLs e “reformas” que jogam a população de volta ao período da escravidão colonial.

No caso das mulheres, que representam mais da metade da população trabalhadora, esses ataques vêm acompanhados de uma enorme campanha machista e conservadora, como parte do conjunto dos ataques. O capital busca atacar as mulheres não apenas no bolso, mas, também, promover o embrutecimento doméstico com o objetivo de dificultar a unidade da classe operária.

Para isso, estão sendo tomadas uma série de medidas que visam constrangem e aterrorizar as mulheres. O exemplo mais recente é a tentativa de transformar a falsa denúncia de estupro em crime hediondo contra as mulheres. Na realidade, o objetivo do projeto de lei é fazer com que as vítimas não denunciem as violências sexuais sofridas e, na prática, se legalize o direito dos “senhores” de possuírem as “serviçais”. (ler mais em: http://www.lpsmundo.org/mulheres/503-direita-quer-criminalizar-mulheres-por-denuncia-de-estupro).

A bancada evangélica de extrema direita, mas conhecida como Boi, Bíblia e Bala, tem crescido e ganhado força no Congresso Nacional. Esse avanço fascista pode ser observado mundialmente e só tem uma explicação: o avanço da crise capitalista e a necessidade de ampliar os ataques contra a população trabalhadora. Para barrar essa investida é de extrema importância da participação das mulheres que, como já foi dito, representa metade da classe operária e é essa justamente a base do aumento da perseguição do grande capital contra as mulheres.


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