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8 de março: contra os ataques às mulheres e aos trabalhadores

Lutar contra o fim da Previdência Social, contra a retirada de direitos, por melhores salários, contra a violência e o assassinato em larga escala das mulheres. Essas foram as principais reivindicações dos atos do dia 8 de março, dia Internacional da Mulher. Diversas manifestações foram realizadas no Brasil e em pelo menos 40 países, a exemplo dos Estados Unidos que teve o chamado “Um dia sem mulheres”. Diferente dos anos anteriores, o que chamou atenção nesses atos, principalmente no Brasil, foi não só o volume das passeatas, notoriamente maiores que as realizadas nos anos anteriores, mas o teor político dessas manifestações que transbordaram as reinvindicações meramente feministas.

No Brasil, a luta contra o massacre que está sendo orquestrado pela burguesia, principalmente com o fim da Previdência Social, foi o carro chefe das manifestações. As questões levantadas pelo feminismo burguês foram ultrapassadas por questões políticas, que colocaram em cheque o governo golpista, encabeçado por Michel Temer. O aumento vertiginoso dos atos, ultrapassando as burocracias, foi sintomático. 

Em Belo Horizonte, a manifestação foi dividida em quatro ações, mas milhares de pessoas participaram. Em Brasília, as mulheres ocuparam a Esplanada dos Ministérios. Em São Paulo, a manifestação principal, que foi realizada após uma assembleia dos professores estaduais, lotou a Avenida Paulista.



O feminismo burguês a serviço do capital



A imprensa capitalista impôs uma cortina de silêncio sobre as manifestações de rua do dia 8 de março, o completo oposto da visibilidade que é dada aos atos da direita. O temor da burguesia se relaciona com o crescente descontentamento social impulsionado pela escalada dos ataques impostos pelo imperialismo. O objetivo é impedir a unidade dos trabalhadores, que é a única força social capaz de enfrentar o desenvolvimento do golpismo rumo a uma reedição de um regime militar de terror aberto.

O feminismo pequeno-burguês é, pela sua essência, desagregador. Isso porque considera que a base para a opressão sofrida pelas mulheres não seria o sistema capitalista, que divide a sociedade em classes sociais, mas que estaria enraizada na natureza do homem. Ou seja, não se trataria de um fenômeno social, mas sim cultural e biológico. A luta para a libertação da mulher deveria ser direcionada para mulheres contra homens, e não oprimidos contra a minoria opressora. Tal concepção se mostra inteiramente estática, não científica e não dialética, já que, ao considerar que os homens “nasceram assim”, seria essa uma característica intrínseca, não mutável e não influenciável pelos fatores sociais. Assim, por ser uma questão “individual” (do homem enquanto individuo), a opressão contra as mulheres sempre existiu e continuará existindo, não importa o tipo de sociedade.


Unificar o movimento de mulheres ao movimento operário


O movimento de mulheres, e de todas as minorias oprimidas, deve ter claro que a luta contra o punhado de parasitas que domina o mundo não pode ser apenas pela libertação de um grupo, mas da própria humanidade. Principalmente na atual conjuntura em que a extrema direita é fortalecida pelo grande capital, com o objetivo de aumentar os ataques. A unificação com o movimento operário pela destruição do capitalismo e pela revolução socialista é a única forma de garantir a emancipação das mulheres, negros, juventude, homossexuais etc.

Um exemplo concreto e imediato dessa unificação é a luta contra a o fim da Previdência Social. Os capitalistas em crise querem acabar com todos os direitos sociais e, não por acaso, atacam mais fortemente as mulheres, que representam mais da metade da população – um importante setor do movimento operário. Quem mais irá sofrer com a Reforma da Previdência, a reforma trabalhista, assim como o verdadeiro tsunami de ataques em curso, são as mulheres. No entanto, para que essa luta tenha êxito, a unidade com os demais setores do movimento operário é imprescindível. 

A libertação feminina somente pode acontecer em cima de fatores sociais que conduzam à liquidação do embrutecimento doméstico: creches, restaurantes públicos, educação e saúde de qualidade, emprego, lazer, aposentadoria etc. O crescente parasitismo da sociedade capitalista se tornou um entrave para o avanço social e, por esse motivo, coloca a necessidade da luta revolucionária. Isso não significa, em hipótese alguma, que as questões concretas e imediatas – as reivindicações democráticas – serão abandonadas. Pelo contrário. Elas são apenas o pontapé inicial, o ponto de partida para colocar a questão do poder, que é a base para resolver as questões democráticas.


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