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Mulheres contra Trump

No último dia 21 de janeiro, o Partido Democrata organizou uma marcha de mulheres para protestar contra o governo de Donald Trump. Mas, o que deveria ser uma manifestação “controlada”, foi além das barreiras. Dezenas de milhares de mulheres foram às ruas, mostrando que as ameaças de Trump às minorias estão alavancando protestos entre amplos setores populares, diretamente atingidos pela crise econômica acelerada a partir de 2008.

A "Marcha das Mulheres", como ficou conhecida, foi programada com shows e a presença de celebridades como, por exemplo, o cineasta Michael Moore, a atriz Scarlett Johansson, a defensora dos direitos civis Angela Davis e a cantora Madonna. Esperava-se reunir cerca de 200 mil mulheres nas ruas de Washington, com o intuito de realizar uma marcha. Porém, mais de 500 mil pessoas (dados oficiais) compareceram e a movimentação saiu do controle dos organizadores, que inclusive cancelaram a marcha. A imprensa burguesa chegou a compará-la com as manifestações contra a Guerra do Vietnã ou as marchas de Selma a Montgomery, em 1965 – três marchas que levaram à aprovação do direito ao voto para os negros, sendo a primeira conhecida como “Domingo Sangrento” pela forte repressão ocorrida contra os manifestantes. Além do evidente exagero, o ato em Washington teve como principais palavras de ordem a exigência pelo respeito às liberdades democráticas das minorias: mulheres, imigrantes, muçulmanos, LGBTs etc. Mas o que aumentou a adesão popular à manifestação foi o anúncio de Trump, logo na posse, de pôr fim ao “ObamaCare”, o plano de assistência médica, implementado pelo ex-presidente, Barack Obama, que hoje beneficia quase 40 milhões de norte-americanos pobres. 

Os protestos foram organizados também em Londres, Amsterdã, Atenas, Genebra, Roma e Estocolmo. Também houve manifestações na Austrália e Nova Zelândia. Ao todo, mais de 300 cidades norte-americanas e 600 pelo mundo organizaram atos em apoio a Marcha das Mulheres.


Fim da assistência médica: um ataque mundial do imperialismo


No modelo anterior ao “ObamaCare”, para obter assistência médica, num sistema totalmente privatizado, todos eram obrigados a pagar por planos que, na maioria das vezes, não cobriam a maior parte dos tratamentos. Muitas vezes, a pessoa “saudável” que precisasse de algum tratamento de urgência, como uma internação (custo aproximado de US$ 10 mil por dia), teria que pagar separadamente ao plano. Esse modelo se converteu num verdadeiro extermínio em massas da população pobre. 

Por se tratar de um governo da ala esquerda do imperialismo, o plano proposto por Obama manteve o sistema privatizado, mas possibilitou redistribuir os recursos dos planos de saúde, fazendo com que o dinheiro que não fosse utilizado com frequência passasse a cobrir os gastos dos mais necessitados.

Diante do acirramento da crise capitalista, o grande capital em crise avança na retirada de todos os direitos sociais. A área da Saúde é sem dúvidas um ponto crucial desse plano. Para esfolar a classe trabalhadora, é preciso começar pelos setores mais oprimidos da sociedade: negros, mulheres, imigrantes, lgbts. No Brasil, a situação não é diferente. Os anos de “bonança” dos governos de “frente popular”, encabeçados pelo PT, chegaram ao fim. A extrema direita aperta o regime para impor os planos de contenção de gastos de forma mais acelerada. Eles passam, necessariamente, pela destruição total dos direitos trabalhistas e sociais: reforma da Previdência, PEC 55 (congelamento dos gastos públicos por 20 anos), fim do SUS, fim da educação pública etc. Ou seja, não fogem em nada das políticas de Donald Trump, que representa a tentativa desesperada de salvar os lucros.


“Marcha das mulheres”: mais um sintoma da crise mundial


A Marcha das Mulheres nos Estados Unidos fugiu do controle porque a classe trabalhadora sente na pele, cada vez mais, os fortes ataques da crise do capitalista. O discurso da “defesa da economia nacional” não se sustentará por muito tempo. Os trabalhadores começam a dar crescentes sinais de lutas. As manifestações começam a “fugir do script”, como foi o caso da Marcha. Para conter esse avanço e controlar a revolta da população será necessário um governo autoritário, de cunho fascista. No Brasil, a extrema-direita tenta viabilizar as tropas nas ruas e a lei Antiterror. 

No entanto, para toda ação existe uma reação. Se por um lado a direita intensifica os ataques, do outro começa a surgir a resposta da classe operária, ainda que de forma espontânea. O crescimento das manifestações populares dá o tom do que está por vir: um enfrentamento aberto entre as classes sociais antagônicas.


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