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A iminente bancarrota das dívidas públicas

Um fato extremamente grave aconteceu na Argentina e se relaciona com a emissão de títulos públicos com vencimentos a 100 anos. Um título público funciona como uma espécie de promissória que os governos emitem para poder sustentar os gastos. No Brasil, a rolagem dos títulos públicos consome quase 45% do Orçamento Federal. Só no ano passado, por exemplo, nos três níveis da Administração Pública (municipal, estadual e federal), foram gastos somente em pagamento de juros R$ 360 bilhões que, considerando as amortizações, implicaram em gastos de R$ 900 bilhões. Perante esses brutais gastos com o parasitismo financeiro, os R$ 27 bilhões do Bolsa Família parecem uma ninharia. 

No caso da Argentina, chama a atenção que se trata de um país semi quebrado, que em 2001 declarou a moratória da dívida e que ficou numa pressão enorme do capital especulativo. Como um país nessas condições conseguiu emitir títulos públicos com vencimentos a um século e ainda recebendo ofertas cinco vezes maiores do que precisava (um total de R$ 16 bilhões)?

A Argentina, numa população de 40 milhões de habitantes, tem 15 milhões de pobres. Só no governo Macri, o número de pobres aumentou em dois milhões, o que equivale, no caso do Brasil, a mais de 10 milhões de pobres. O governo Macri fez um acordo com os chamados fundos abutres, entregando o país de bandeja para os setores mais especulativos do capital internacional.

Entre os compradores existe um fundo especulativo internacional chamado Marathon, que é norte-americano e está envolvido com a especulação da dívida da Grécia, por exemplo. Trata-se da “ponta” de um iceberg que mostra a verdadeira envergadura da crise mundial. Nesse momento, há no mundo um enorme excedente de capitais fictícios, que não encontram colocação na produção. As principais potências emitem dinheiro podre em grandes quantidades.


O círculo vicioso explosivo da especulação financeira

Está para estourar no mundo a “mãe” de todas as bolhas, a especulação com as dívidas públicas. O excesso do capital fictício no mercado mundial devido à ação das leis do capitalismo só pode conduzir ao que sempre acontece em toda crise: que de uma hora para outra aconteça uma destruição feroz de forças produtivas que começa com o enxugamento do capital fictício. Sempre tem sido assim desde 1847, quando aconteceu a primeira crise capitalista de grandes proporções. A destruição de capital fictício é um processo que depois vai se aprofundando, destruindo forças produtivas de maneira generalizada. 

As últimas estatísticas sobre a queda do barril de petróleo apontam para o problema de uma grande explosão da crise capitalista mundial a partir do entravamento da especulação financeira da dívida pública mundial. Quanto mais demorar a estourar o próximo colapso capitalista, tanto maior será a força com que irá explodir. São as leis do capitalismo em ação. 

Representantes de primeira ordem do capital financeiro têm expressado essa situação de maneira cada vez mais clara no último período. E qual seria o “plano B” para a solução da crise? Eles também falam abertamente que não há o tal “plano B”. Sabendo disso, o imperialismo está apertando o regime político no mundo inteiro. Por esse motivo, há uma movimentação golpista que está acontecendo em todos os países do mundo. Está colocada, em escala mundial, a política de ditaduras burocráticas policiais de cunho bonapartista, embora que ainda não abertamente fascistas. O bonapartismo se desenvolve por fora dos mecanismos parlamentares, mas não destrói por completo todas as liberdades democráticas. Seria, por exemplo, uma espécie do que foi a ditadura do general Castelo Branco, no Brasil, ou o governo de Isabelita Peron antes da ditadura de Videla, na Argentina. Essas ditaduras veem para cima dos trabalhadores, apertam os sindicatos, executam algumas pessoas, torturam, mas não em larga escala. Elas mantêm algumas liberdades e, fundamentalmente, não destroem por completo as organizações operárias. Essa é a política preferencial colocada para esse período.


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