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O colapso dos petrodólares?

A crise que avança no Oriente Médio, segue a passos largos em direção ao coração da região, a ultrarreacionária monarquia da Arábia Saudita.

Os acordos de Bretton Woods, do final da Segunda Guerra Mundial, estabeleceram como base da ditadura do dólar norte-americano, em escala mundial, os chamados petrodólares. Sob esta base, as seis monarquias do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Omã, Kuwait e Bahrein), agrupadas no Conselho do Golfo, passaram a vender o petróleo em dólares, do qual controlam, hoje, em torno da quarta parte das exportações mundiais, em troca do apoio militar e outras facilidades comerciais do imperialismo. A maior parte desses dólares é aplicada em títulos da dívida pública dos Estados Unidos, o que representa a base do financiamento dos monopólios norte-americanos e da inundação do mundo com essa moeda podre.

Com o colapso capitalista de 2008, esse esquema passou a apresentar rachaduras importantes. As contradições com as potências regionais aumentaram e a desestabilização colocou em xeque o que restou de Bretton Woods, depois do calote de 1971, aplicado pelo então presidente Richard Nixon.

A saída encontrada pelo imperialismo para a crise foi passar a aumentar a produção de petróleo local por meio da depredadora fratura hidráulica que, por meio do xisto, tem provocado gigantescos estragos ambientais. Desta maneira, as importações de petróleo têm sido reduzidas.


O enfraquecimento da Arábia Saudita como base dos petrodólares

A monarquia saudita tem aumentado o envolvimento direto no Oriente Médio, por meio dos serviços de inteligência e o repasse de bilhões para vários grupos guerrilheiros, pois, apesar de ter jorrado dezenas de bilhões em programas sociais com o objetivo de conter a própria “primavera árabe”, o potencial explosivo do País é cada vez maior. Após ter agido de maneira semi camuflada na derrubada do ditador líbio, Muamar Gaddaffi, e no Iêmen, os sauditas esmagaram em sangue as revoltas no Bahrein, o que era “natural”, pois se tratava do próprio pátio traseiro. Depois, estiveram por trás do golpe militar do Egito, na promoção de grupos guerrilheiros na Síria e do bárbaro ataque ao Iêmen, com o massacre ostensivo da população civil.

Em 2012, com a nomeação do príncipe, Bandar bin Sultan, sobrinho do rei Abdullah, como chefe dos serviços de inteligência, a intervenção na Síria ficou muito mais evidente e foi o principal pivô do recente golpe de Estado pinochetista no Egito. A política saudita se direcionou contra qualquer verniz democrático na região, inclusive contra o tímido democratismo da Irmandade Muçulmana. A aliança com os sionistas israelenses ficou cada vez mais evidente, apesar de não terem relações diplomáticas, a tal grau que a segurança da Meca, a principal cidade sagrada dos muçulmanos, foi outorgada para uma empresa de segurança israelense. Recentemente, os Sauditas deram um passo além, na tentativa de esmagar qualquer oposição na região, por meio do aperto do cerco diplomático contra o Catar e a nomeação do atual ministro da Defesa, o príncipe Mohammed Bin Salman, como herdeiro ao trono.

Os sauditas continuam comprando bilhões em armas do imperialismo norte-americano, inclusive porque essa operação se transformou num dos pilares da manutenção dos lucros dos monopólios do complexo industrial militar e, ao mesmo tempo, um dos fatores do aprofundamento da crise no País.

Os sauditas também se aproximaram da China, para onde foi direcionado o maior percentual das exportações. Um ponto crucial é que o comércio chinês está sendo realizado em outras moedas, além do dólar, principalmente as moedas locais dos países envolvidos. A China tem se transformado no maior importador de petróleo e a Rússia no maior exportador em escala mundial. Ambos os países buscam não usar o dólar na maior parte dessas transações. Ao mesmo tempo, a China é o principal exportador de produtos manufaturados para a Arábia Saudita e um dos principais investidores em obras de infraestrutura.

O Irã, que é o tradicional inimigo dos sauditas, desde a revolução de 1979, está alinhado com os chineses e os russos na mesma política contra o dólar, inclusive por causa das sanções.


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