• Entrar
logo

Especulação financeira: o coração da economia capitalista

O foco da economia capitalista, completamente parasitária, foi transferido da produção para a distribuição da mais-valia, obtida mediante mecanismos cada vez mais acentuados de exploração dos trabalhadores pelos especuladores no mercado financeiro, que têm transformado o mundo num verdadeiro “cassino”. No contexto atual da crise capitalista mundial, os grandes bancos continuam obtendo grandes lucros em cima das transações com derivativos.

A movimentação do capital financeiro especulativo das bolsas de valores para os mercados de commodities (matérias primas), principalmente o do petróleo, tem como prática comprar nos mercados futuros para vender o mais rapidamente possível a preços mais altos. Tudo isso em busca de maiores taxas de rentabilidade. Esse mecanismo representa um fator determinante nos níveis atuais dos preços, apesar da desaceleração da economia a nível mundial. A grande maioria das transações com commodities é feita nos mercados futuros, ao invés de no mercado spot, à vista. Por esse motivo, um mesmo produto acaba sendo comercializado dezenas de vezes antes de ser efetivamente vendido. Os especuladores seguram os contratos, que alcançam volumes enormes, para esperar pelo ampliação do preço, aumentando desta maneira a distância entre os contratos e o mercado real.

As medidas paliativas que os capitalistas e os seus governos tomam para estabilizar a crise dos “mercados globais” somente podem conduzir a uma crise ainda mais profunda: diminuição dos ritmos de crescimento industriais e dos investimentos produtivos (o capital tem a tendência a migrar na procura dos maiores lucros), redução dos salários, crescimento do desemprego, aumento da pobreza etc. A economia capitalista mundial entrou em recessão. A aceleração do mercado de derivativos e da especulação financeira, em geral, levou ao crescimento das bolhas financeiras.

O mercado industrial apresenta taxas de rentabilidade cada vez mais baixas devido ao aumento da composição orgânica do capital, fenômeno que Karl Marx explicou de maneira detalhada na sua obra prima “O Capital”. Hoje, o PIB mundial é de aproximadamente US$70 trilhões, enquanto o volume das transações financeiras supera os US$ 1 mil trilhões, o que dá uma ideia da impressionante massa de dinheiro fictício. 

O mercado financeiro é muito rentável para os grandes especuladores, mas as leis do capitalismo não podem ser ignoradas. Os investimentos financeiros não poderão continuar crescendo infinitamente enquanto a produção real cresce a taxas baixas. Com a recessão, que está em marcha neste momento, poderá levar todo esse arcabouço, extremamente artificial, ao ponto de uma ruptura explosiva. Independentemente do curso imediato da crise, que tende a ser catastrófica, a economia capitalista inevitavelmente produzirá novas bolhas, ao mesmo tempo em que insufla as anteriores, que conduziram a crises cada vez mais profundas do sistema capitalista de conjunto.


Dinheiro público: o caixa dos monopólios

O ESF (Exchange Stabilization Fund ou Fundo da Estabilização do Câmbio), do Tesouro dos Estados Unidos, não se encontra submetido ao controle do Congresso. As transações com títulos públicos norte-americanos, em longo prazo, requerem a compra de mecanismos de seguros, os IRS (interest rate swaps), o que, por sua vez, obriga à compra de “instrumentos colaterais” de proteção, ou seja, novos bônus do Tesouro, pois o ESF não prevê o volume necessário de bônus (títulos financeiros) como colaterais das transações. Em outras palavras: os derivativos baseados nos títulos públicos, por uma parte, proveem altas e seguras taxas de lucro e, ao mesmo tempo, obrigam a comprar novos volumes de títulos públicos. Esta operação possibilita que o Tesouro imponha as baixas taxas de juros, crie um mecanismo de geração de recursos baseado em papel moeda fantasma, sem lastro produtivo, e evite a bancarrota imediata do sistema financeiro norte-americano por falta de liquidez. Essa política está esgotada devido ao gigantesco volume de títulos podres acumulados pelos monopólios, que agora pressionam pela alta das taxas de juros devido à enorme queda que os lucros dos títulos podres (que são comercializados aos trilhões) sofreram no último período.

De acordo com dados do OCC (Comptroller of the Currency ou Escritório Controlador da moeda corrente), o JP Morgan detém mais de US$ 80 trilhões em valores nominais de derivativos financeiros contra US$ 2,246 trilhões em ativos financeiros; o Bank of America mais de US$ 75 trilhões contra US$ 2,264 em ativos; o Morgan Stanley mais de US$ 55 trilhões contra US$ 830,7 bilhões, em ativos; o Citigroup mais de US$ 55 trilhões contra US$ 1,956, em ativos, e o Goldman Sachs, mais de US$ 53 trilhões contra US$ 937 trilhões.
As 25 maiores empresas financeiras norte-americanas detêm US$ 332,7 trilhões em valores nominais de derivativos financeiros, contra US$ 13,7 trilhões em ativos financeiros.
O controle absoluto do estado imperialista pelos especuladores financeiros ficou evidente nos altíssimos volumes de derivativos financeiros transacionados pelos grandes bancos.

A título de exemplo, o Banco Morgan Stanley negociou US$ 14 trilhões em valores nominais, apenas no primeiro trimestre de 2011. Para a negociação desses derivativos, que na sua maioria são IRS, seria necessário que o comprador, neste caso o Morgan Stanley, também comprasse os colaterais exigidos para assegurar as transações. Como os recursos líquidos, no período, atingiram US$ 30 bilhões, essas operações não seriam tecnicamente possíveis. O próprio sistema financeiro também não teria esses altos volumes de recursos. Por trás dessas operações sempre esteve o ESF, tanto para viabilizar as operações, quanto para garantir as baixas taxas de juros dos bônus públicos e a necessidade de novas compras de títulos públicos com recursos da população. O objetivo primário é de continuar garantindo as altas taxas de lucro para o Morgan Stanley, que é um banco falido, desde o ano 2008, e que somente se mantém relativamente lucrativo, apesar de continuar em bancarrota, com enormes volumes de repasses de recursos públicos.


Topo