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2008: a nova escalada da especulação financeira

Os CDS (Credit Default Swap) foram inventados pelo Banco JP Morgan, em 1994, com o objetivo de especular em cima de apostas e contra-apostas sobre os próprios empréstimos. As políticas neoliberais eliminaram a regulamentação sobre o sistema financeiro, na década passada, a partir dos Estados Unidos, durante a gestão de Allan Greenspan à frente da Reserva Federal.

Após o pico histórico, alcançado durante o colapso capitalista de 2008, o volume caiu quase pela metade, de US$ 33,4 trilhões para US$ 14,3 trilhões de acordo com o BIS (Bank of International Settlements), um tipo de “supra” banco mundial. Posteriormente, novos mecanismos especulativos, ainda mais parasitários, foram desenvolvidos.

Os CDOs (Collateralised Debt Obligations) sintéticos, uma espécie de fiança para as operações especulativas, em cima de outros títulos podres, deram fôlego à queda dos CDS e até dos CDOs originais, vendendo “proteção” adicional (outros títulos financeiros) aos especuladores detentores desses títulos.

Com a concentração da crise capitalista no Estado burguês, a especulação em cima de CDS, com apostas contra o pagamento da dívida pública, foi limitada. Na Europa, ela foi proibida, o que não impediu a escalada do endividamento generalizado. O mercado dos nefastos derivativos financeiros não somente continua em pé, mas se encontra mais forte do que nunca devido à paralisia da produção real.

Os SEFs (Swap Execution Facilities) e os chamados centrais clearings fazem parte das novas estrelas da especulação financeira. 

As transações entre investidores individuais foram substituídas por transações controladas pelos grandes bancos. Quase 96% dos derivativos financeiros nos Estados Unidos são controlados por apenas cinco grandes bancos: o JP Morgan, o Citigroup, o Bank of America, o Goldman Sachs e o Morgan Stanley.

Uma centena de grandes especuladores obtêm enormes lucros nessas atividades altamente parasitárias. Os bancos que os criam obtêm altos lucros, na média de 2,5% por transação. O gigantesco parasitismo da economia capitalista mundial é consequência do próprio desenvolvimento do capital financeiro (união do capital industrial e bancário), que é o fenômeno típico dos monopólios, distanciando-se, cada vez mais, da produção real.


Muito grandes para falirem?

Existe uma política imposta pelo imperialismo, onde as grandes empresas não podem falir e que devem ser resgatadas pelo Estado. Hoje, os monopólios se encontram muito contaminados pela especulação financeira, dependem de maneira umbilical do Estado, e têm falido de maneira recorrente.

O total de derivativos nominais nos Estados Unidos passou de US$ 20 trilhões, em 1996, para US$ 40 trilhões, no ano 2000. Em 2005, esse valor era de US$ 100 trilhões e subiu para em 2005, US$ 180 trilhões em 2007, US$ 200 trilhões em 2008, e para mais de US$ 350 trilhões hoje, de acordo com o OCC (Comptroller of the Currency, ou Escritório Controlador da moeda corrente) norte-americano.

Nos últimos anos, o leque de alternativas foi ampliado ainda mais com o objetivo de contemplar um volume gigantesco de contratos. Eles referenciam hipotecas, commodities (matérias primas), ações (equities), empréstimos imobiliários, títulos públicos e privados (bonds), taxas de juros, taxas de câmbio, índices econômicos (relacionados a ações e à inflação) e até a previsão do tempo. Com o aprofundamento da crise capitalista, praticamente, qualquer atividade econômica passou a ser objeto da especulação financeira.
De acordo com a OCC, mais de 82% do valor nominal dos títulos em derivativos financeiros se relacionam com taxas de juros e com altos volumes e títulos públicos.

Com o auge do chamado “neoliberalismo”, no início dos anos de 1990, a FED (Reserva Federal, o banco central dos Estados Unidos) e o Tesouro norte-americano começaram a utilizar os IRS (Interest Rate Swaps) para controlar as emissões de títulos públicos por meio das taxas de juros da dívida pública. Neste período, os grandes bancos passaram a concentrar fisicamente as operações na Rua de Wall Street, em Manhattan, na cidade de Nova Iorque. Com a proliferação dos IRS, a FED e o Tesouro passaram a controlar as taxas de juros em longo prazo, através dos Fundos Federais.

A taxa de juros tem sido mantida muito baixa, próxima a 0%, nos principais países imperialistas. O objetivo é financiar os gigantescos déficits e as dívidas públicos que têm disparado nos últimos anos.
Os orçamentos estatais têm sido direcionados, de maneira crescente, para manter os lucros dos monopólios que se encontram em profunda crise, principalmente por meio da monetização da dívida, que acontece mediante a impressão de volumes crescentes de papel moeda, sem lastro produtivo, como um dos principais mecanismos para deslocar o peso da crise para as massas trabalhadoras.

As empresas TBTF (Muito Grandes Para Falir) atuam no mercado mundial como num verdadeiro casino de apostas e contra-apostas onde contam com resgates garantidos pelo Estado.

A chamada “injeção de liquidez” tem como objetivo repassar recursos ao sistema financeiro, que o aplica na especulação financeira. As atividades da economia têm como objetivo manter em funcionamento o pagamento dos serviços das dívidas públicas e os demais instrumentos da especulação financeira em geral, em grande medida impulsionadas pelo incentivo artificial do consumo. A crescente inadimplência e o alto endividamento generalizado, inerente ao estágio atual do desenvolvimento da crise capitalista, ameaça estourar as bolhas financeiras a qualquer momento.

Todos os fatores que estiveram na base do colapso capitalista de 2008 continuam em pé, ainda com maior força. Os estados capitalistas se encontram debilitados devido ao gigantesco endividamento provocado pelo resgate dos monopólios desde 2007. Para o próximo período, a mãe de todas as bolhas, a emissão desenfreada de dinheiro podre, deverá estourar, como concentrador da crise capitalista mundial.


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