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Coronavírus - Quem estará protegido?

Foi confirmado, nesta semana, pela prefeitura do Rio de Janeiro, o primeiro caso de Coronavírus, em vilas e favelas. Segundo a Secretaria de Saúde fluminense, o paciente reside na Cidade de Deus, região oeste da cidade. Esse fato acende um alerta sobre como as regiões que mais sofrem com a desigualdade social causada pela crise capitalista vão enfrentar o perigo de contágio pelo Coronavírus. Atualmente, segundo o Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), residem aproximadamente cerca de 36.515 habitantes na Cidade de Deus, a região que além de todas as suas dificuldades como saneamento básico, moradias precárias e tráfico de drogas, agora também terá que resistir ao Covid-19 em um contexto em que a população está sendo completamente abandonada pelas políticas públicas. No Brasil, as medidas anunciadas até agora para combater o alastramento da doença e proteger a população mais vulnerável são insuficientes  atendem, especialmente, aos interesses burgueses para garantir ainda mais a exploração da mão de obra dos trabalhadores.

O país  hoje possui cerca de 6.329 favelas divididas entre 323 grandes cidades, onde residem mais de 11 milhões de pessoas, ou seja, quase 6% da população brasileira, ainda segundo o IBGE. São essas as áreas de maior risco de contaminação devido à falta de saneamento básico, recursos escassos para higienização conforme as orientações dos órgãos de saúde, habitações precárias, ausência de assistência médica etc. A situação se agrava quando, enquanto as vilas e favelas começam a ser atingidas pela doença, o presidente Bolsonaro relativiza o perigo da pandemia e incentiva as pessoas a não se cuidarem.

Sergio Camargo, atual presidente da Fundação Palmares, chegou a declarar em rede social que o isolamento para contenção do Coronavírus  “É a maior imbecilidade da história da humanidade! Ao trabalho, brasileiros!”. Além disso as hashtags “#boratrabalhar”  e “#BolsonaroTemRazão ficaram no topo dos assuntos do momento no twitter, a primeira com mais de 8 mil publicações  e segunda com mais de 600 mil tweets, na quarta-feira, dia 25 de março, graças ao trabalho feito pelos robôs que auxiliaram nas eleições de Bolsonaro.

A população pobre trabalhadora, que evidentemente será a mais atingida pelas mortes devido à Covid-19, terá que resistir. A solidariedade entre os trabalhadores será fundamental para sua proteção, mas insuficiente se não houver políticas públicas severas de transferência dos recursos financeiros para a prevenção e combate às consequências da doença. Se o povo continuar abandonado à própria sorte, a revolta popular será inevitável e terá início  nas comunidades mais vulneráveis, exatamente por já serem as mais negligenciadas pelo Estado.

As organizações de luta dos trabalhadores e os movimentos sociais devem debater com a população as formas de se criar a resistência e de se pressionar o poder público a agir em favor da maioria. A superação da pandemia não pode ser condicionada à morte das pessoas que o sistema considera descartáveis, para que a burguesia volte a ter a taxa de lucros que deseja. O poder popular é a única saída para que essa crise sem precedentes na história do capitalismo seja superada com justiça social.

 


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