No último dia 13 de abril, o principal assessor para assuntos da América Latina do governo de Joe Biden, atual presidente dos EUA, Juan Gonzáles, se reuniu com o líder para assuntos de Relações Exteriores da oposição da Venezuela, Julio Borges, que ocupa o cargo de chanceler de Juan Guaidó, o golpista que se autoproclamou presidente da Venezuela. Gonzáles e Borges conversaram sobre “temas políticos e humanitários”, segundo o venezuelano. Ainda segundo Borges, a conversa girou em torno da necessidade de uma coordenação internacional para interferir nas eleições venezuelanas, consideradas ilegítimas pelos EUA.
Seguindo a linha do governo anterior de Donald Trump, no início de março, o chefe da diplomacia estadunidense, Antony Blinken havia conversado com Guaidó por meio de videoconferência para discutir o governo do presidente eleito, Nicolás Maduro. O secretário de estado dos EUA propôs trabalhar com outros governos para aumentar o que chamou de “pressão multilateral” sobre o atual governo, considerado ilegítimo pelas potências da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e por seus subordinados, como o Grupo de Lima (Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Paraguai e Peru).
De acordo com um comunicado do Departamento de Estado, "Blinken falou com o presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó. Ele destacou a importância do retorno à democracia na Venezuela por meio de eleições livres e justas". Antes de assumir o cargo de Secretário de Estado, Blinken descreveu Maduro como um "ditador brutal" e anunciou que concordava em continuar reconhecendo Guaidó como autoridade legítima. Por sua vez, a União Europeia anunciou em janeiro deste ano que reconhece a liderança de Guaidó apenas como membro destacado da oposição, mostrando, em mais esse episódio, sua instabilidade no que se refere a acompanhar as políticas determinadas pelos EUA.
O fato de a Venezuela ser grande produtora de petróleo e possuidora de uma reserva gigantesca dessa riqueza natural, provoca as tentativas de ingerência imperialista no país. O governo de Nicolás Maduro sofre uma série de sanções do imperialismo estadunidense, que usa o pretexto de defesa da democracia, acusando fraudes nas eleições do país, para apoiar a oposição golpista liderada por Guaidó. Entre as sanções está a retenção, realizada no governo Trump, de centenas de milhões de dólares venezuelanos, dificultando a compra de remédios e alimentos, além do pagamento de dívidas internacionais.
A ingerência do imperialismo estadunidense toma um novo fôlego em sua corrida de dominação da América Latina. O governo de Joe Biden mostrou sua articulação com os golpistas desde o início, quando convidou Carlos Vecchio, embaixador venezuelano em Washington e aliado de Guaidó, para sua posse.
Ao manter a postura do governo anterior, os EUA de Biden mostram que não estão dispostos a permitir que a Rússia ou a China façam acordos com os países que ele considera dentro da sua “zona de influência. Vale lembrar que em março deste ano, Venezuela, Rússia, China, Coreia do Norte e Irã anunciaram a formação de um novo bloco dentro da Organização das Nações Unidas para defender a carta de fundação da ONU contra o “unilateralismo” dos Estados Unidos. As peças do xadrez da geopolítica estão em movimento e os EUA mantém suas tradicionais políticas de ingerência externa por meio de boicotes, sanções e embargos comerciais, apoio a golpes de estado, ou mesmo atuando nos processos eleitorais.
Foto: Brasil de Fato