A Colômbia vive um momento de acirramento político com as tensões causadas pela reforma tributária. Após uma série de manifestações populares, que deixaram pelo menos 19 mortos e 700 feridos, o presidente Iván Duque anunciou, no último dia 2 de maio, que irá retirar da pauta a proposta da Reforma Tributária. Essa Reforma encontra resistência popular e ampla oposição no parlamento colombiano. Os protestos populares tiveram início no final de 2019, a princípio contra a política econômica de Duque, que levou milhares de famílias à pobreza durante a pandemia do covid-19. Nas últimas semanas, as manifestações voltaram, desta vez contra a reforma tributária do governo da Colômbia, resultando na pior crise política e social enfrentada pelo presidente.
Durante a pandemia, o número de pessoas classificadas como pobres na Colômbia passou de 35,7%, em 2019, para 42,5%, em 2020, o que significa um aumento de 6,8%. Ou seja, 3,6 milhões de pessoas ingressaram na situação de pobreza no País, indo de 17,4 milhões para 21 milhões, de acordo com o Departamento Administrativo Nacional de Estatística (Dane). Diante deste contexto, um gigantesco aumento dos impostos, que afeta principalmente a classe média do País e aqueles que menos ganham, acendeu a “pólvora” da indignação popular. As manifestações convocadas por sindicatos ganharam adesão de pessoas de todos os estratos sociais, com intensas mobilizações.
"O governo nacional teve a possibilidade de abordar e resolver as reivindicações das grandes mobilizações realizadas desde 21 de novembro de 2019 e os acordos não cumpridos com o povo e suas organizações, mas nunca esteve disposto a instalar uma mesa de negociação", denunciou o Comitê Nacional de Greve, entidade que convocou as manifestações. Várias organizações sindicais tentaram negociar com Duque, mas sem sucesso, o que levou aos protestos. "Isso mostra o caráter antidemocrático deste governo do presidente Duque, que não gosta do diálogo com aqueles que pensam de maneira diferente. Ele gosta do diálogo com aqueles que se aproximam de sua política", disse o presidente da CUT (Central Unitária dos Trabalhadores) colombiana, Francisco Maltés, em entrevista coletiva.
Em meio à pandemia do Covid-19, os trabalhadores são atacados pelos planos imperialistas de retirada de direitos e oneração dos mais pobres. Para salvar seus lucros, criam meios para que essa parcela da população pague a dívida milionária que as burguesias nacionais adquiriram ao longo dos anos. O governo de Iván Duque, ex-aliado de Donald Trump e agora de Joe Biden, não passa de mais um vassalo do imperialismo estadunidense, que não se importa com o bem da população. Sua única preocupação é entregar de “mão beijada” toda a riqueza que a Colômbia puder entregar para obter lucros e vantagens para um punhado de empresários.
Neste ponto, as manifestações populares que pressionaram o governo colombiano nos mostram que, mesmo diante de uma pandemia, é preciso ir às ruas e lutar pelos nossos direitos. Os imperialistas e seus capachos farão de tudo para que a classe trabalhadora seja explorada até a “última gota”, mesmo que isso signifique a morte de uma parcela dos trabalhadores, seja por meio de uma doença (uma pandemia), seja de fome, de tanta opressão etc. Apenas a unidade de classe conseguirá dar respostas aos planos do imperialismo, e as manifestações do povo são fundamentais para dar o recado que as massas não pagará o preço sem lutar.
Foto: REUTERS/Luisa Gonzalez