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Análise de Conjuntura

O novo coronavírus, há mais de um ano, é o problema imediato da população mundial. Já são mais de 167 milhões de pessoas infectadas e quase 3,5 milhões de mortos em todo o mundo. Na Índia, a média móvel de mortos está na casa de quatro mil pessoas por dia. O Brasil, neste momento, apresenta uma média móvel de quase duas mil mortes. A Argentina alcança a média de 600 mortes/dia e a Colômbia 500 mortes/dia. Os Estados Unidos ultrapassaram a marca de 600 mil óbitos, enquanto o Brasil e a Índia, estão na casa de 450 mil e 400 mil mortos, respectivamente. 

O caso indiano, inclusive, é a maior preocupação mundial hoje, dado a amplitude das mutações virais em um país com mais de um bilhão de habitantes. Já foram mapeadas três variáveis do vírus B1617, presentes em 44 países, inclusive no Brasil, que está com um indiano internado em quarentena no Maranhão.

Para além da pandemia, o cessar fogo entre Israel e Palestina ocupou os noticiários internacionais. O fato ocorreu após pressão do Conselho de Segurança da ONU, que acatou uma declaração de China, Noruega e Tunísia com este pedido. Embora ambos os lados afirmem seu êxito com relação aos conflitos, o saldo de mais de 230 palestinos mortos, dentre os quais dezenas de crianças, deixa claro que se tratou de mais uma ação genocida israelense. 

Com relação a estes conflitos, os Estados Unidos, uma das poucas potências mundiais que não condenou as ações israelenses, afirmou que irá ajudar na reconstrução da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Mais um capítulo de uma história já antiga, em que os EUA incentivam guerras fora do seu território, lucrando absurdamente com a reconstrução dos lugares destruídos, enquanto se escondem atrás de uma fraseologia “salvacionista”.

 

Brasil


 
No Brasil, a CPI da Covid-19 tem tido destaque na cena política. A última semana teve como principal depoente o ex-ministro da saúde, Eduardo Pazzuelo, que desfilou inúmeras mentiras, fazendo de tudo para blindar Jair Bolsonaro. Completamente alinhado com o presidente, Pazzuelo chegou a participar do passeio de moto realizado por Bolsonaro, no Rio de Janeiro, no último domingo, dia 23/05. O caso teria gerado um suposto “mal-estar” entre setores do Exército, pelo fato de o ex-ministro ainda ser general da ativa. A CPI continua esta semana, com o depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, a “capitã cloroquina”. Um dos principais focos da Comissão tem sido a insistência do Governo Federal em orientar o uso deste medicamento, sem eficácia científica.

A atitude de Pazzuelo, de blindar o chefe do Estado, demonstra a certeza da base governista de que a CPI não dará em nada. Os senadores da oposição, por sua vez, deixam claro que o objetivo não é por fim ao governo Bolsonaro, mas apostar em uma política de desgaste do governo até às supostas eleições de 2022. 

Esta política é a mesma dos partidos da esquerda tradicional. Na última semana, foi veiculado em todas as redes do Partido dos Trabalhadores e nas páginas pessoais do ex-presidente Lula fotos do encontro entre o ex’s-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Tal fato, no teatro eleitoral, gerou certo mal-estar no partido de direita, com o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, e o senador Aécio Neves dando declarações públicas que condenavam a aproximação realizada por Fernando Henrique Cardoso. Tanto FHC quanto Lula afirmaram que em um eventual segundo turno contra Bolsonaro, votariam um no outro. 

O que estamos assistindo é a configuração de uma frente ampla eleitoral, que irá desde a centro-esquerda até a centro-direita. Lula, inclusive, também está tratando de aproximações com Gilberto Kassab, presidente do PSD, em que, em troca de apoio nas eleições para presidente do ano que vem, apoiaria Alexandre Kalil enquanto governador do estado de Minas Gerais.

Nós, da Luta pelo Socialismo, acreditamos que em relação ao cenário internacional, a ordem do dia ainda é a luta pela quebra de patentes das vacinas contra o Covid-19. Enquanto toda a população mundial não estiver vacinada, a doença não deixará de ser um perigo aos trabalhadores do mundo. A luta pela vacinação não se deve ater ao lobby e sede de lucros dos conglomerados farmacêuticos, trata-se de uma questão de saúde pública, à nível global.

Com relação ao cenário nacional, não depositamos nossas “esperanças” em uma CPI ou em qualquer outra ação com mera perspectiva eleitoral, que obviamente não irá dar fim à necropolítica e a política de desmonte do Estado proposta pelo governo Bolsonaro. No mesmo sentido, compreendemos que nossas ações não devem caminhar no sentido de deixar o governo se desgastar “naturalmente”, jogando forças para a disputa eleitoral do ano que vem, em lugar de procurar respostas imediatas para a calamidade sanitária que vivemos. A ação direta que está colocada para as massas é a de se organizar para enfrentar, nas ruas, o governo. Não podemos, de forma alguma, acredita na fábula de que, em 2022, virá um “salvador da pátria” resolver todos os problemas da classe trabalhadora. Compreendemos que a mobilização das massas contra os ataques é necessária, inclusive, para garantir o debate eleitoral do ano que vem. Não concordamos com a política de se fazer frente com os algozes de outrora da classe trabalhadora. Neste sentido, mantemos a posição de levantar a bandeira da frente única das forças de esquerda contra o governo Bolsonaro. 

Por fim, conclamamos toda nossa militância e apoiadores a estarem em todos os atos contra o governo Bolsonaro, inclusive os atos a serem realizados em todo o território nacional no próximo sábado, dia 29 de maio. Tendo a história como exemplo, compreendemos que a classe trabalhadora irá conseguir suas vitórias apenas através da sua mobilização.
 

Foto: O Globo


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