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Qualidade de vida cai para camponeses, negros e pobres

Na última sexta-feira, dia 26/11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um indicador, chamado de índice de perda de qualidade de vida (IPQV), que aponta situação pior entre pessoas que vivem em áreas rurais e em família cuja pessoa de referência é negra.

O IPQV leva em conta moradia, acesso aos serviços de utilidade pública, saúde e alimentação, educação, acesso aos serviços financeiros e padrão de vida e transporte e lazer. Quanto mais perto de zero, melhor o resultado. Segundo a pesquisa, a perda na qualidade de vida é quase duas vezes maior nas áreas rurais, em comparação com as zonas urbanas. Na comparação entre 2017 e 2018, na área urbana, esse índice ficou em 0,143, enquanto na rural subiu para 0,246. “Isso significa que na área rural, onde viviam cerca de 15% da população do País, a perda foi 1,7 vez maior do que na área urbana”, diz o IBGE.

O índice também revelou que a pobreza atinge primeiro os que estão mais sujeitos à opressão e à discriminação social. Nas famílias que têm o homem como referência, o índice é de 0,151, enquanto no caso das mulheres sobe para 0,169. Quando há o recorte racial, a situação se agrava: nos domicílios em que a pessoa de referência se declarou branca, o IPQV foi de 0,123, e naqueles em que a pessoa de referência era preta ou parda (classificação usada pelo IBGE), sobe para 0,185, ou seja, praticamente 50% acima do que se observa no grupo em que a pessoa de referência é branca. 

Segundo o analista da pesquisa, Leonardo Oliveira, “essa diferença não é pequena, pois faz com que esse grupo em que a pessoa de referência é preta ou parda concentre 66% das perdas reportadas no Brasil”. E, como já está bastante visível na sociedade atual, os mais pobres são os que perderam mais. Entre os 10% com menor rendimento, o IPQV foi de 0,260, mais de quatro vezes superior ao do grupo dos 10% com maior renda, cujo indicador caiu para 0,063. 

A crise econômica sem precedentes que o mundo vivencia faz o sistema capitalista mostrar sua verdadeira face: a base material da opressão está na exploração econômica feita por uma classe (a burguesia) sobre a outra (os trabalhadores). O racismo e o machismo mantêm sua função de deixar grande parte da classe trabalhadora numa situação ainda muito semelhante à escravidão, permitindo que os patrões extraiam mais lucro do sobretrabalho humano. A falta de condições de vida da população rural favorece o latifúndio agroexportador e predatório, destruindo a agricultura familiar, responsável pela produção de alimentos para nosso povo.

Cabe à classe trabalhadora se organizar para lutar contra o conjunto das políticas neoliberais aplicadas pelos atuais governantes, que está empobrecendo a população e nada mais é do que a imposição da feroz opressão característica do capitalismo em tempos de crise.

Foto: wikipedia


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