• Entrar
logo

FORA A VELHA POLÍTICA DO NOVO

“Tirar o Estado dos ombros do cidadão”. Essa é a ladainha repetida pelos candidatos do partido NOVO em todos os espaços da campanha eleitoral. Dizem que querem “aliviar o peso dos encargos” das costas da população, mas, na verdade, agem para aliviar os patrões de suas obrigações fiscais e trabalhistas, jogando nas costas dos trabalhadores o peso da ausência dos serviços públicos e do trabalho mal remunerado e sem direitos. Sendo assim, não fica difícil entender que quem está por trás da eleição desse tipo de político falastrão são grandes empresários. 

Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os irmãos Salim e Eugênio Mattar, fundadores da Localiza, por exemplo, já regaram, com R$ 3,1 milhões, 24 candidaturas, a maioria do NOVO de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná. 

Um caso gritante é o do deputado federal, Lucas Gonzalez, do NOVO-MG, que tenta a reeleição e já recebeu a doação legal de R$ 350 mil dos irmãos Mattar. Gonzalez usa as redes sociais para defender sua cartilha liberal e antitrabalhista, comum a todos os políticos do partido NOVO, incluindo o atual governador de Minas Gerais e candidato à reeleição, o também empresário Romeu Zema. Entre as propostas do deputado está uma alteração na CLT que prevê a “suspensão do contrato de trabalho em caso de crise econômico financeira da empresa”. Com discursos contra o direito ao aborto e conclamando os eleitores a não permitirem a volta do Partido dos Trabalhadores ao poder, Gonzales revela a mais reacionária (e antiquíssima) política que está camuflada pela denominação de NOVO. 

O ex-ministro do Meio Ambiente, chamado de ecocida, Ricardo Salles, candidato a deputado federal por São Paulo, também foi agraciado por Salim Mattar com R$ 250 mil para a campanha. Salles foi expulso do NOVO e hoje está no PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Ele é investigado pela Polícia Federal por suspeita de fazer parte de uma quadrilha que contrabandeava madeira ilegal para o exterior. Ao portal The Intercept, Salim Mattar afirmou, por meio de sua assessoria, que os nomes foram escolhidos “pelo engajamento às ideias liberais”. 

Outro beneficiado com R$ 250 mil para a campanha foi Fernando Holiday, candidato a deputado federal por São Paulo, pelo NOVO. Holiday ganhou a repulsa dos servidores municipais da capital paulista por sua atuação como vereador em defesa da Reforma da Previdência e pelas várias cenas de deboche e ataques que protagonizou contra os trabalhadores que lutavam por seus direitos. 

 

As mentiras da cartilha liberal

 

Os candidatos do partido NOVO se orgulham de abrirem mão do dinheiro público do Fundo Partidário e disseminam a crença pueril e despolitizada de que o povo é prejudicado quando as campanhas eleitorais têm financiamento público. Na verdade, quando as campanhas dependem de financiamento privado, os resultados são controlados pelos donos do poder econômico. E a intenção jamais será a de livrar o Estado de bancar as regalias dessa parcela privilegiada da sociedade. Muito pelo contrário. Eles financiam campanhas para garantir que seus interesses sejam defendidos pelo Estado que tanto criticam. É o caso dos negócios dos Mattar, que dependem de incentivos do governo. A Localiza, uma das três maiores empresas de locação e revenda de veículos usados do País, se beneficia de isenções fiscais concedidas pelo Governo Federal na compra direta de veículos zero quilômetro das montadoras. Após até dois anos de uso, eles são revendidos pelo preço de mercado sem pagamento de ICMS, um imposto estadual. Além das isenções fiscais, as locadoras conseguem descontos adicionais na compra de lotes grandes de veículos, o que lhes garante um lucro assombroso. 

Como as regras em vigência ainda são frágeis e com a intenção de ampliar suas margens de lucro, os empresários bilionários investem na eleição de políticos que irão defender seus interesses no Congresso Nacional atuando, por exemplo, na defesa de projetos que visam facilitar a vida dessas empresas ou no combate à Projetos de Lei que existem hoje e que tentam endurecer as regras para a revenda dos carros das locadoras. 

Criado em 2011, o NOVO, com seu discurso meritocrático e liberal cinicamente afirma que Estado deve intervir o mínimo possível na economia. Quando governam, mostram, como Zema tem feito em Minas Gerais, que esse Estado mínimo que defendem só é mínimo para o povo trabalhador. Enquanto destroem serviços públicos como Saúde e Educação para favorecer a privatização desses setores essenciais para a população, agem como verdadeiras “mães” do empresariado, garantindo isenções de impostos e aprovação de leis que os beneficiam. 

A destruição das Leis trabalhistas dos últimos anos levou ao enorme crescimento do número de trabalhadores precarizados e informais no Brasil. Trabalhar sem direitos viola a dignidade humana. Neste momento em que os trabalhadores gritam contra a escravidão e em defesa da vida, é preciso dar um basta a esses discursos hipócritas de meritocracia e Estado mínimo e exigir que os próximos governos criem políticas públicas que assegurem direitos essenciais da população. 
 


Topo