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A guerra da Ucrânia e o esgotamento do Imperialismo

Depois de quase 800 dias, o avançar da Guerra da Ucrânia tem escancarado a crise do Imperialismo ocidental e sua incapacidade de manter o mundo todo sob suas rédeas. Com uma clara prevalência russa, a guerra tem desgastado toda a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que luta para enviar armas, mercenários e ajuda financeira para mantê-la. 

Vários dados contribuem para evidenciar essa crise. Os dois países envolvidos diretamente no conflito, não divulgam informações oficiais sobre o número de baixas, mas recentemente a BBC e o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, fizeram declarações sobre o número de baixas do lado oposto a que cada um se coloca. Segundo Shoigu, a Ucrânia já perdeu cerca de meio milhão de soldados. Já segundo o órgão oficial da imprensa inglesa, a Rússia teria perdido cerca de 50 mil militares. Por mais que os dados possam ser exagerados de cada lado, é possível se ter uma ideia das proporções.

"No total, desde o início das hostilidades foram destruídos mais de 22.000 drones e cerca de 6.000 foguetes, incluindo Himars – 3.549 e Vampire - 361, bem como cerca de 2.000 outros alvos aéreos, incluindo 592 aviões, 270 helicópteros, 349 mísseis balísticos táticos e guiados antiaéreos, 329 mísseis guiados, 278 mísseis antirradar e 37 balões.", afirmou Shoigu, segundo a Sputnik Brasil.

Em fevereiro deste ano, o presidente ucraniano Vladimir Zelensky, afirmou que o país teria perdido apenas 31 mil soldados, estimativa claramente falsa, dada a constante necessidade de recrutamento e a perda de territórios para os russos. Segundo o ex-chefe do Comando das Forças Conjuntas do Reino Unido, general Richard Barrons, a Rússia teria uma vantagem de 5 para 1 em artilharia, munição e pessoal, reforçada pelo uso de armas mais novas. Apesar de estar latente que a guerra já esteja definida em favor da Rússia, a Câmara dos representantes dos Estados Unidos aprovou, no último dia 20, uma ajuda de US$ 61 bilhões à Ucrânia. O projeto seguirá para o Senado que deve referendar a decisão da casa baixa. Na proposta, também foi aprovado confiscar os ativos russos, que já estão congelados, e usá-los em apoio ao lado ucraniano. A União Europeia também estuda usar os ativos que possui da Rússia, tanto públicos, quanto privados, para apoiar a reconstrução do país de Zelensky.

Apesar dos bilhões que os EUA prometeram como ajuda, boa parte deste dinheiro, cerca de US$ 50 bilhões, não deve deixar o país de origem, uma vez que servirá para alimentar a indústria bélica estadunidense. Ou seja, além de garantir a destruição total da indústria e da soberania europeias e reduzir a União Europeia à condição de submissão, a guerra mantém os lucros enormes com os armamentos. Ou seja, mesmo os países ocidentais já considerando a possibilidade de a Ucrânia declarar a derrota e ceder o território conquistado ainda este ano, a grande burguesia estadunidense teria motivos para continuar apostando na ideia de guerra eterna. 

No entanto, as contradições se acirram. A crise é tamanha que o presidente da França, Emmanuel Macron, tem ameaçado, desde fevereiro, usar diretamente suas Forças Armadas nas batalhas. Porém, a OTAN, da qual a França faz parte, declarou que se o país resolver fazer isso, não poderá reivindicar o artigo 5º, que estabelece que o ataque a um membro da aliança, representa um ataque a todos os membros. 

Somado à crise no Oriente Médio, envolvendo Israel, Irã, Palestina e vários outros países e as provocações que têm feito contra a China, o Imperialismo estadunidense, apoiado na OTAN, mostra que a sua principal forma de se manter no poder, a guerra, está causando efeitos desastrosos para suas populações que enxergam, a cada dia com mais nitidez, os interesses financeiros e militares que estão por trás dos confrontos, enquanto as condições econômicas do povo se deterioram. Não à toa, Trump tem chances de se reeleger nos EUA e a extrema-direita, com suas soluções imediatistas, ganha força nos países europeus. 


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