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100 anos de Nelson Mandela: o que aprendemos?


Quando perguntam sobre figuras históricas no combate ao racismo, não é incomum a menção ao nome de Nelson Mandela, líder negro da África do Sul que lutou contra o Apartheid, regime racista e segregacionista, que durou de 1948 até 1993. Ex-colônia da imperialista Inglaterra, o regime do Apartheid visava distinguir locais onde apenas brancos poderiam frequentar. Estes locais iam de bairros, até bares e pontos de ônibus.

Mandela ou “Madiba”, como foi apelidado, um dos líderes que lutou contra esse regime excludente, completaria 100 anos no último dia 18 de julho. Filho da nobreza étnica de sua pequena vila, desistiu do título para mudar-se para a capital, Joanesburgo, e iniciar sua atuação política. Formou-se em direito e ingressou na vida política como líder de um movimento de resistência pacífica, depois disso, foi escolhido presidente regional do Congresso Nacional Africano (CNA), um partido político engajado no movimento negro. Viajava pelo país convocando os negros para resistirem ao regime do Apartheid e, em 1956, teve a casa invadida e foi preso. No ano seguinte, foi acusado de traição e usou seu julgamento como palanque para espalhar a sua luta pacífica.
Ao perceber que a luta pacífica não daria os resultados que queria, “Madiba” ingressou na luta armada, entrando para a “Lança da Nação”, braço armado da CNA. Perseguido, passou dois anos na clandestinidade até ser capturado e condenado à prisão perpétua. Ficou em cárcere por 27 anos até conseguir a liberdade, em 1990. Após anos sendo massacrado na prisão racista, Mandela se tornou o primeiro negro presidente da África do Sul quatro anos depois de conseguir sua liberdade, posição que ocupou até 1999. Por sua luta contra esse regime, ainda foi agraciado em vida com um Nobel da Paz.

Homenagens e Lembrança


No dia 18 agosto, é comemorado o chamado “Mandela International Day”, dia comemorativo do nascimento do ex-presidente. Ao redor do mundo, várias manifestações foram feitas em sua homenagem. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, protegido de Nelson Mandela, comemorou o evento na cidade natal de Mandela: Mvezo, na província de Cabo Oriental. Ele disse, em discurso, que Mandela "nos conduziu da brutalidade do conflito e da opressão à terra prometida, uma terra de liberdade, democracia e igualdade".

Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, fez um discurso em homenagem à Mandela, para aproximadamente 200 jovens que participavam de uma formação em liderança, organizado pela fundação Mandela, em Johanesburgo. O ex-presidente norte-americano exaltou as características do líder negro e criticou o atual presidente do EUA, Donald Trump.

Graça Machel, terceira e última esposa de Mandela, liderou uma marcha na capital da África do Sul que terminou no Tribunal Constitucional, local considerado sinônimo da chegada da democracia na África do Sul, em 1994.


Legado Ameaçado

O legado que Nelson Mandela deixou para o seu país encontra-se ameaçado pelas gestões seguintes e os mandos do imperialismo. Não se importando em destruir o país e vendo-o apenas como colônia, os grandes países imperialistas se voltam para a região africana visando extrair o máximo do território e da população.

Apesar de ser a maior potência do continente, a África do Sul é também o país menos igualitário em questão de distribuição de renda, de acordo com o Banco Mundial. A pobreza persiste em vários pontos e o racismo estrutural voltou a criar tensões e conflitos. Os governos conciliadores de Jacob Zuma (2009-2018), que sofreu um golpe de Estado em janeiro desse ano, seguido pelo entreguista Cyril Ramaphosa, jogam fora toda a história de luta de um povo que batalhou contra seus opressores imperialistas, venceram e se libertaram de suas amarras apenas para caírem novamente na armadilha de seus opressores.

A história nos mostra que existem momentos pacíficos, onde devemos educar e ensinar os oprimidos, e momentos de luta contra o sistema opressor. Agora, devemos ir à luta, com quaisquer meios de ação direta das massas, para fazer valer nossa condição de seres humanos iguais, diante dos meios de opressão. Em um momento de crise global, como o atual, em que países mais pobres e a população negra sofrem ainda mais opressão, não devemos deixar de lutar contra os que oprimem, seja qual for o motivo, com o mesmo afinco que fez Mandela em toda a sua luta contra a segregação racial na África do Sul.


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