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50 anos da greve dos metalúrgicos de Contagem

Neste mês de abril, os metalúrgicos de BH/Contagem comemoram o aniversário de meio século da primeira greve realizada por esta categoria depois do golpe militar de 1964.

Há 50 anos, no dia 16 de abril de 1968, mais de 1200 trabalhadores da siderúrgica Belgo Mineira, na cidade de Contagem, cruzaram os braços e pararam a produção reivindicando um reajuste salarial de 25%. A primeira greve no período da intervenção militar de 1964 surpreendeu o governo militar e colocou na ordem do dia a luta contra  o arrocho salarial, o que acabou impulsionando lutas em outras categorias no Paı́s, inclusive contra a própria Ditadura. Na época, a categoria registrava uma perda média nos salários de 20%.

Durante a Ditadura Militar, na década de 60, o Sindicato dos metalúrgicos foi alvo de duas intervenções militares. A primeira, em 1964, e a segunda exatamente em 1968, em meio à greve. Isso se desdobrou na prisão de vários diretores da entidade. Essa época ficou marcada pela perseguição implacável aos ativistas sindicais e polı́ticos, que se levantavam para reivindicar os seus direitos e contestar o regime militar. A população, em geral, e a classe trabalhadora, especificamente, também sofreram com a truculência dos militares que sitiaram a cidade de Contagem e região, reprimindo qualquer tipo de manifestação, assembleia ou simples aglomeração de pessoas. Neste perı́odo, o próprio ministro do trabalho, o Coronel Jarbas Passarinho, tentou diversas formas de contenção do movimento grevista, intimidando os militantes e dirigentes sindicais e, até mesmo, “visitando” a sede do Sindicato em Minas Gerais, pressionando os lıd́eres sindicais a recuarem na mobilização. Segundo relatos, o Coronel chegou a comparecer em uma assembleia na tentativa de se impor sobre os grevistas, sem êxito.


 Novas direções também são reprimidas 


No ano de 1967, um ano antes da greve que marcaria o início das grandes manifestações, o Sindicato  realizou sua eleição para a escolha da nova diretoria. No entanto, para participar do processo eleitoral do Sindicato era necessário ter um atestado de idoneidade fornecido pelo DOPS (Departamento de Ordem e Polı́tica Social). Ou seja, as organizações dos trabalhadores, neste perı́odo, estavam todas sendo vigiadas pelas forças de repressão do governo militar. Mesmo com toda a repressão, os movimentos de trabalhadores com jovens militantes, ainda não conhecidos pelos organismos militares, assumiram a direção do Sindicato. Logo depois da greve estes também vão ser presos e torturados pela Ditadura.

A greve que se iniciou na fábrica Belgo Mineira acabou se espalhando por várias fábricas da região e numa categoria com cerca de 21 mil trabalhadores mais de 16 mil aderiram à greve. A força da greve alimentou outros movimentos no País. Para isolar e acabar com a greve em Contagem, o governo militar anunciou na imprensa nacional (e concedeu) um reajuste de 10% para os metalúrgicos de todo o País e ampliou a repressão aos grevistas.

A greve dos metalúrgicos de Contagem, em 1968, foi uma demonstração de coragem e de determinação polı́tica que ajudou na evolução da consciência da classe operária; uma ação de luta contra a tirania do Estado capitalista que deve ser sempre relembrada e aclamada pelos trabalhadores.


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