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Fascismo avança: o assassinato do Mestre Moa e os ataques às minorias

O encerramento do primeiro turno das eleições, que definiu a disputa entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), foi marcado pelo assassinato do mestre de capoeira, dançarino e compositor, Romualdo Rosário da Costa, mais conhecido como mestre Moa do Katendê, morto com 12 facadas pelas costas, segundo informações da perícia. O crime ocorreu no Dique do Tororó, ponto turístico da região central de Salvador, na Bahia. O motivo do assassinato: a vítima, que estava numa mesa de bar conversando com amigos e familiares, declarou voto no PT, o que foi suficiente para iniciar uma discussão com o eleitor de Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Ferreira de Santana, autor das facadas. O criminoso deixou o bar e voltou minutos depois, atacando a vítima de surpresa, sem dar nenhuma chance de defesa.

De acordo com as investigações, o agressor já tinha duas passagens pela Polícia, uma em 2009 (por se envolver em uma discussão seguida de uma briga) e outra em 2014 (por ameaçar um adolescente de 14 anos em situação de rua com uma tesoura). Logo após o crime, a Polícia foi acionada e, ao chegar ao local indicado, encontrou um rastro de sangue que levava a um barraco próximo, a casa do assassino. Em nota, a Corporação afirmou que as policiais da 26ª Companhia Independente de Polícia Militar “prenderam em flagrante o homicida. Ele já estava com uma mochila com roupas no intuito de fugir".

Moa tinha 63 anos e era uma figura de representação no cenário da luta negra na Bahia, sendo criador do bloco de “afoxé Badauê”, nome da música que compôs e foi regravada por Caetano Veloso, em 1979. Nas últimas semanas, vários afoxés e grupos de capoeira se reuniram para se despedir do Mestre Moa e discutir a proliferação do discurso de ódio que é incentivado pela extrema-direita e como ele repercute e afeta a sociedade.


Legitimação dos ataques

O caso de Moa do Katendê não foi isolado. Na última semana, mais de 50 episódios de agressões contra mulheres, LGBTs e negros foram registrados em todo o País. O aprofundamento do discurso de ódio sustentado por Bolsonaro, que afirma que os “petralhas devem ser metralhados”, que “as minorias devem se adaptar ou desaparecer”, que os pais devem espancar seus filhos para acabar com o “jeitinho de viado”, que as mulheres são frutos de uma “fraquejada”, que a tortura é algo plausível, que a polícia tem que ter carta branca para matar etc., vem legitimando tais agressões. Casos como a da transexual esfaqueada e assassinada, da jovem que teve uma suástica (símbolo nazista) marcada em sua pele com um estilete, ou da jornalista esfaqueada e ameaçada de estupro, se tornaram notícia no mundo todo pelo mesmo denominador comum: todos estes crimes foram praticados por apoiadores declarados de Bolsonaro.

Quando questionado sobre as ações de seus apoiadores, o candidato da extrema-direita tentou minimizar a onda de violência política, afirmando que lamentava, mas que não tinha “controle sobre milhões e milhões de pessoas que me apoiam”, e que apesar do clima acirrado pela disputa, esses seriam “casos isolados que a gente lamenta e espera que não ocorram”. Ou seja, aquele que se apresenta como o homem que vai acabar com o crime organizado e resolver o problema da violência, não consegue sequer conter seus apoiadores.

A tentativa de relativizar a onda de violência é mais uma demonstração da sua total conivência com tais ações. Para se ter ideia dos absurdos, um levantamento feito pela Agência Pública, em parceria com a Open Knowledge Brasil, registrou 71 agressões cometidas contra grupos políticos, desde 30 de setembro. Destas, 50 foram cometidas por eleitores de Bolsonaro contra apenas seis cometidas por eleitores de outros candidatos – 15 ainda possuem situação indefinida, quando não se sabe a posição política do agressor.

As agressões verbais do presidenciável do PSL contra as minorias são o combustível do motor de ódio que move seus seguidores e, juntamente a isso, promovem a propaganda de ascensão das ideias fascistas igualmente defendidas pelo candidato.

Contra toda forma de opressão

Nós, da Luta Pelo Socialismo – LPS, entendemos que as eleições burguesas são uma falácia. Um instrumento utilizado pela burguesia para dar à classe trabalhadora uma falsa impressão de participação e poder de escolha real no processo eleitoral. Porém, neste momento de acirramento político e devido a ilusão que as massas têm no processo eleitoral, entendemos que o boicote às eleições não está colocado. É preciso fazer a disputa no parlamento, utilizando o espeço eleitoral para ampliar a consciência da classe operária e dos oprimidos, e impedir a vitória de um candidato represente do aumento da repressão, do fascismo e de todos os tipos de preconceito. A pressão e o combate devem ser feitos em todos os lugares: na rua, bairros, locais de trabalho, internet e em todos os meios de comunicação. A mobilização social e o enfrentamento contra o fascismo devem ser colocados na ordem do dia, não apenas para as eleições, mas para fazer avançar a consciência política nas massas, pois apenas assim conseguiremos barrar essa investida. Em tempos de crise e acirramento político, o fascismo e as ditaduras militares são as “cartas na manga”. Os trabalhadores precisam se preparar contra tais ataques.

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