Na última segunda-feira, dia 5 de novembro, completou-se três anos do maior desastre socioambiental que já atingiu o Brasil: o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. Com o rompimento da barragem, de responsabilidade da mineradora Samarco e controlada pela empresa Vale, uma das maiores empresas de mineração do mundo, e pela mineradora e petrolífera anglo-australiana, BHP Billiton, cerca de 48,3 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos do processo de mineração se espalharam e atingiram a cidade de Mariana e o distrito de Bento Gonçalves, em Minas Gerais. A lama chegou ao Rio Doce, percorrendo 650 Km até sua foz, na cidade de Linhares, no Espírito Santo. Além da destruição nas cidades e dos danos ambientais, o acidente deixou 19 mortos, dentre eles um funcionário da Samarco que até hoje não teve o corpo localizado.
Passados todos estes anos, as denúncias relatam que até o momento sequer há uma previsão de reparação de tal crime por parte da Fundação Renova, empresa sem fins lucrativos que foi criada para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem: nenhuma casa foi construída e as empresas responsáveis sequer foram punidas. Pior, as milhares de famílias prejudicadas não foram nem mesmo reconhecidas como atingidas. Diante de tal situação, o Movimento Atingidos por Barragens (MAB) está realizando, entre os dias 04 e 14 de novembro, a Marcha “Lama no Rio Doce: 3 anos de injustiça”.
O evento, que teve início no último domingo (4), realizou um debate com o tema “Encontro das mulheres e crianças: as consequências do Crime na vida das mulheres e crianças na Bacia do Rio Doce” e, na sequência, foi feito um Ato político de apoio aos atingidos com a presença de apoiadores nacionais e regionais.
Outras atividades serão desenvolvidas nos próximos dias e envolvem até mesmo a realização de serviços como feiras de saúde, atos culturais, caminhadas, celebrações religiosas e assembleias. O objetivo é passar por todas as cidades que foram atingidas pelo acidente, até Vitória, no Espírito Santo.
“Estamos fazendo uma marcha ampla, que vai unir nós, atingidos de toda a Bacia do Rio Doce, para lutarmos juntos, porque só assim somos ouvidas pela sociedade e atendidas pelas empresas criminosas”, afirmou a integrante do MAB, Letícia Oliveira.
Para maiores informações, acesse o link abaixo e baixe a programação ou acesso o site do Movimento Atingidos por Barragens (www.mabnacional.org.br).