Em matéria divulgada pela Folha de São Paulo, no dia 18 de outubro, ficou escancarado que a máscara sobre a qual se esconde Jair Bolsonaro é de papel. O candidato do PSL, que tanto acusou em sua campanha o Partido dos Trabalhadores de corrupção, foi acusado de fazer contratos ilícitos, cada um chegando até R$ 12 milhões. A prática está em desacordo com a legislação eleitoral vigente, uma vez que é doação de campanha, prática proibida, além de não haver sido declarada.
O serviço contratado pelas empresas que apoiaram Bolsonaro foi o de “disparo em massa”, ou seja, envios automáticos de mensagens via redes sociais, principalmente o whatsapp. Os preços variam entre R$ 0,08 e R$ 0,12 para envios para a própria base do candidato, organizado por sua campanha e apoiadores, e R$ 0,30 e R$ 0,40 para outras bases, vendidas por agência de estratégias digitais, o que também configura crime eleitoral. Com cada contrato podendo chegar até R$ 12 milhões, isso explica a enxurrada de fake news divulgadas pelas redes sociais, que alavancaram a campanha de Bolsonaro.
Aqui, nos interessa ver quem fez as doações para Bolsonaro. A reportagem da folha é intitulada “Empresários bancam campanha contra o PT pelo Whatsapp”. Entre as empresas que contrataram o serviço a folha destacou a Havan, empresa do setor varejista, que possui mais de 114 megalojas espalhadas pelo Brasil. Vale lembrar que o dono da empresa, Luciano Hang, foi um dos empresários que, durante o período eleitoral, foi filmado coagindo seus funcionários à votarem em Bolsonaro.
Porque um grupo de empresários apoiaria, com tanto dinheiro, a campanha de um candidato? Porque um grupo de empresários faria isso, mesmo que seja obviamente uma forma de propagar notícias falsas, que irão confundir e não esclarecer a população? A própria trajetória parlamentar de Bolsonaro explica. O candidato, em 27 anos de vida pública, nunca votou um projeto que seja a favor dos trabalhadores. Muito pelo contrário, sua atuação parlamentar foi uma linha de frente na defesa dos direitos do empresariado, tendo votado, por exemplo, contra o direito das empregadas domésticas, a favor da reforma trabalhista e a favor da reforma da previdência.
A ação de Bolsonaro fez com que o PT e o PDT entrassem com pedido na justiça eleitoral para que a candidatura do PSL fosse impugnada. A insatisfação popular foi gigante, sendo a hashtag #Caixa2doBolsonaro o tópico mais comentado pelas redes sociais no dia 18 de outubro. Que fique claro, Bolsonaro não é moral. Não é contra corrupção. Como mostra esse apoio, ele é apenas o candidato do empresariado.