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Moro se afasta do Ministério por “motivos particulares”

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, ficará afastado, na próxima semana, do cargo que ocupa no governo Bolsonaro. A licença autorizada por despacho presidencial, publicada no Diário Oficial da União (DOU), foi solicitada para tratar de “assuntos particulares” e terá validade durante o período de 15 a 19 de julho.

O afastamento se dá em um momento crítico para o ministro. O ex-juiz Sérgio Moro se encontra no centro dos holofotes após o escândalo envolvendo a Operação Lava Jato. O site The Intercept Brasil vem publicando uma série de reportagens, que receberam o apelido de “Vaza Jato”, escancarando a parcialidade do processo e de como Moro, na época juiz federal em Curitiba, controlava a Polícia Federal e os procuradores responsáveis pelo processo, em particular Deltan Dallagnol, mantendo contato com os mesmos e direcionando as investigações. As conversas apresentadas escancaram a falta de idoneidade do juiz, sua perseguição política ao ex-presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva, e colocam em xeque a lisura do processo.

O Ministério da Justiça informou que a licença já estava planejada desde que o ministro assumiu o cargo e não tem relação com as pressões que Moro vem sofrendo em relação às mensagens com procuradores responsáveis pela Lava Jato. Na verdade, está claro que Sérgio Moro tenta sair um pouco de cena para evitar uma exposição ainda maior. Em esclarecimentos prestados à câmara dos Deputados, o ex-juiz afirmou que não reconhece a autenticidade das mensagens e negou condutas indevidas durante o processo. Porém, diante da pressão da oposição, após ter sido chamado de “juiz ladrão”, teve que deixar a audiência da Comissão e Justiça da Câmara, pela porta lateral, cercado por seguranças e deputados do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, antes de sua conclusão. O fato aumentou a desmoralização do juiz, que virou ministro do governo Bolsonaro exatamente pelos serviços prestados ao retirar Lula da campanha eleitoral.


Governo em crise


A crise no governo é incontestável. Em pouco mais de seis meses, já chega a três o número de ministros que foram demitidos de seus cargos. Em 18 de fevereiro, com apenas sete semanas de posse, Gustavo Bebianno, então ministro da Secretária-geral da República, foi destituído do cargo. Pouco tempo depois, em 8 de abril, foi a vez do então ministro da educação, Ricardo Veléz Rodrigues, cair. Mais recentemente, no dia 13 de junho, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, responsável pela Secretaria de Governo, foi demitido. Moro, como homem forte do governo e pivô da eleição de Jair Bolsonaro, tenta a todo o custo preservar o que sobrou de sua imagem. O afastamento é uma manobra para tirá-lo dos holofotes e não aprofundar ainda mais a crise instaurada nas fileiras governamentais, fruto da impopularidade recorde do presidente, como manifestada nas ruas de todo o País, e de sua política contra os trabalhadores.

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