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Transição de Temer-Bolsonaro: show de horrores do liberalismo

O período de transição entre o governo golpista de Michel Temer e o de extrema-direita de Jair Bolsonaro evidenciou ainda mais a articulação imperialista no Brasil. A nomeação dos ministros do governo Bolsonaro e dos escolhidos para esse período transitório deixou claro que a ordem será atacar os trabalhadores com todas as forças. A expectativa é que Temer aprove tudo o que puder no apagar das luzes, facilitando o trabalho do novo presidente, que assume em 1º de janeiro de 2019.

Também ficou evidente o cinismo de Bolsonaro, que fez sua campanha pautado no antipetismo e num suposto “combate à corrupção”, mas que não hesitou em colocar em seus ministérios ou na equipe de transição várias pessoas ligadas a escândalos de corrupção, inclusive corruptos confessos.

 

Indicados vão de militares a acusados

 

Dentre os “escolhidos” pelo representante do fascismo está o futuro Ministro da Casa Civil e atual Ministro Extraordinário, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), coordenador da equipe de transição do novo governo. Onyx, que configura como um dos principais nomes de Bolsonaro, foi citado, em 2017, por um dos diretores da empresa JBS como beneficiário de propina, “Caixa 2”. Em entrevista, durante a operação Lava Jato, o então deputado admitiu ter recebido R$100 mil da empresa, afirmando que tal dinheiro não foi declarado à Justiça Eleitoral. Contudo, mesmo com a confissão, não há inquérito para investigar o caso. Obviamente que agora, com o foro privilegiado, tal processo nunca irá “para frente”.
O juiz Sérgio Moro, o “homem” da Lava Jato, um dos principais articuladores da campanha de Bolsonaro, responsável direto por sua vitória, uma vez que tirou da disputa eleitoral o ex-presidente Lula, o candidato que era preferido do povo e único capaz de ganhar da direita nas urnas (dado a megaoperação que foi montada para assegurar essa vitória), foi anunciado como futuro “superministro” da Justiça e Segurança Pública. O suposto “patrono” do combate à corrupção já deu uma primeira amostra não só do partidarismo do judiciário brasileiro, mas também de como funcionará a política de “dois pesos, duas medidas” no governo. Em abril do ano passado, Moro declarou que a prática do “caixa 2” era pior que o enriquecimento ilícito, pois interferia diretamente no processo democrático (eleitoral). Agora, após ter aceito o ministério e ser colocado lado a lado com corruptos confessos, disse que “admirava” Onyx Lorenzoni e que “ele já admitiu e pediu desculpas”. Ou seja, roubar e praticar caixa 2 não tem problema, desde que seja feito um simples pedido de desculpas, que terá mais força que a própria lei.

O “superministro” da economia, Paulo Guedes, o guru liberal de Bolsonaro, é um dos fundadores do banco BTG Pactual e da BR Investimentos - que hoje é parte da Bozano Investimentos. É, também, um dos principais agentes dos gigantescos rombos do Instituto de Previdência Privada dos Trabalhadores dos Correios (POSTALIS). Confirmado para comandar uma "superpasta", que unirá os ministérios da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio, Guedes terá em suas mãos todo o aparato necessário para entregar o Brasil nas mãos da iniciativa privada, em especial aos monopólios internacionais. Oferecendo os serviços estatais “a preço de banana”, como FHC fez com a Vale do Rio Doce, Paulo Guedes é um típico “capacho” do imperialismo.

Após receber inúmeras críticas por não ter escalado mulheres em sua equipe, Bolsonaro aceitou as indicações de ruralistas e nomeou a deputada federal, Tereza Cristina (DEM-MS), para assumir o Ministério da Agricultura. Conhecida como a ‘Musa do Veneno’, Tereza foi uma das maiores defensoras da aprovação do Projeto de Lei que muda as regras para o uso de agrotóxicos, a chamada “PL do Veneno”. Tal pacote foi aprovado sob sua presidência, numa comissão especial na Câmara.

Tendo ainda uma parcela militar no governo, que inclui seu vice, General Hamilton Mourão; o ministro da Defesa, General Augusto Heleno, e o ministro da Ciência e tecnologia, Tenente-Coronel Marcos Pontes, o governo se alia com a alta cúpula militar para fortalecer os laços repressivos. Bolsonaro já disse que quer acabar com todo e qualquer ativismo político, e ter o suporte das forças armadas facilitaria ainda mais a onda de repressão do governo fascista. Isso sem falar que o aprofundamento da crise poderá desaguar numa Ditadura Militar.

A equipe de Transição ainda conta com nomes de ilustres criminosos, como o deputado eleito, Julian Lemos (PSL-PB), que já foi acusado três vezes e preso, enquadrado na Lei Maria da Penha, por agredir sua ex-esposa e uma irmã, além de responder processo por estelionato. Isso sem falar no empresário Marcos Aurélio Carvalho, sócio de uma das empresas acusadas de disparar as fake News (notícias falsas) que impulsionaram a campanha de Bolsonaro. No dia 26 de outubro, uma reportagem do UOL mostrou que a AM4 Brasil Inteligência Digital, empresa da qual Carvalho é sócio, contratou disparos de mensagens junto a outra empresa investigada, a Yacows, empresa do segmento de mídias digitais, com mensagens Anti-PT. O caso, que foi denunciado pelo jornal Folha de São Paulo, estaria, supostamente, sendo investigado pela Polícia Federal e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por se tratar de prática de caixa 2 para a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, uma vez que os valores utilizados (que chegavam a cifra de R$ 12 milhões cada contrato) não foram declarados junto ao TSE. Obviamente que a justiça não teria agido com toda essa “passividade” se o escândalo envolvesse o candidato do PT.
Ao ser questionado sobre algumas escolhas, o vice, Mourão, afirmou que “esse caso é passado e conhecido”, ou seja, é irrelevante – apenas um pequeno “detalhe”.

 

Burguesia não se preocupa com caráter, apenas com apoio

 

Os trabalhadores devem combater o governo fascista e lutar contra a retirada de direitos e a destruição do País, objeto central de todo esse golpe. A Reforma da Previdência já foi colocada como um ponto que deve ser votado ainda este ano, de fundamental interesse para o governo que está saindo e o que deve entrar.
Bolsonaro ainda afirmou, na última quarta-feira, dia 7, que irá extinguir o Ministério do Trabalho, fundindo-o a alguma outra pasta. O resultado será obvio: facilitar a retirada dos direitos trabalhistas que restaram.

O time formado por Bolsonaro para compor seu governo fascista não tem nada de novo. Os indicados, tanto para a equipe de transição quanto para os ministérios, representam o que há de pior na velha política: golpistas, corruptos, liberais, manipuladores, estelionatários etc. Pessoas que farão de tudo para salvar os lucros da classe social que elas representam, principalmente da burguesia internacional.

As escolhas de Bolsonaro deixam claro para o que servirá o seu governo: intensificar o plano imperialista e liberal dos Estados Unidos no Brasil, aprofundando ainda mais a política de neocolonização que é imposta aos países emergentes. Na prática, isso significa atacar a população trabalhadora, acabar com a soberania nacional e deixar o País “de joelhos” para as grandes potências.

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