Rosa Louise Parks nasceu no dia 4 de fevereiro de 1913, na cidade de Tuskege, Alabama, Sul dos EUA, filha de Leona e James MacCauley. Com a separação dos pais, Rosa, juntamente com sua mãe e seu irmão mais novo, Sylvestre, foram morar na fazenda de sua avó em Pine Level, onde iniciou os estudos em uma escola afro-americana.
Depois de concluir o ensino fundamental Rosa frequentou a Montgomery Industrial School for Gilrs e, em seguida, iniciou os estudos no Alabama State Teacher´s College, tendo que interrompê-lo para cuidar de sua mãe e avó doentes.
Em 1932 Rosa se casou com Raymonds Parks um barbeiro de sucesso. Ela trabalhava de costureira e, contando com o apoio de seu marido, voltou aos estudos e concluiu o ensino médio. Raymond era ativista na luta contra a injustiça racial, e juntamente com Rosa trabalhavam em muitas organizações que lutavam pela justiça social. Através de sua luta Rosa foi eleita secretária da filial da Motgomery Chapter of the National Association for the Advancement of Colored People (NAACP- Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor).
Contexto Histórico
Na segunda metade do séc. XX iniciou-se uma ampla luta pelos direitos civis dos negros dos EUA. Essas lutas variavam desde manifestações pacíficas até mesmo a defesa da luta armada, como defendido pelo Partido dos Panteras Negras.
Esses movimentos negros procuravam reverter o estigma nefasto gerado pelo inúmeros fatos vindos do passado escravista dos EUA. No sul do país o trabalho escravo era predominante, vigorando as plantations (modelo econômico agrário com bases nas grandes propriedades de terras). A abolição da escravidão só ocorreu após a Guerra Civil Americana, como imposição dos Estados do Norte, avessos à escravidão, aos Estados do Sul, vencidos no conflito. Essa guerra, conhecida como Guerra de Secessão, ocorreu entre 1861 e 1865, acabando com a vitória do Norte, liderado pelo então presidente Abraham Lincoln colocando um fim à escravidão controlado por interesses econômicos. Nos estados do Norte havia interesse na existência de mão de obra assalariada, mas as reivindicações dos grupos que lutavam pela igualdade social do negro foram proteladas por quase um século.
Já no Sul, surgiram inúmeras resistências contra a libertação dos negros.. Uma delas foi a criação da Ku Klux Kan, fundada em 1865 pelo ex-combatente das tropas do sul, Nathan Bedford Forrest. A KKK é uma mistura de seita religiosa e grupo paramilitar racista. Como forma de sufocar esse tipo de organizações milicianas, o governo federal, no fim da década de 1860 e início da década de 1870, criou políticas segregacionistas em muitos Estados do Sul. Na prática, essas leis de Segregação Racial legalizavam o racismo nos Estados Unidos.
Essas leis segregacionistas determinavam a proibição do casamento entre negros e brancos, a separação de repartições públicas: como escolas, bibliotecas, restaurantes, banheiros entre outros. Também foram segregados os direitos à benefícios essenciais como saúde, educação e emprego. Ou seja, assim como na escravidão, os negros eram privados de todos esses direitos básicos dos cidadãos americanos.
Rosa Parks e o Direito Civil
Desde 1900, Montgomery, no Sul dos EUA foi palco de vários conflitos raciais. As leis segregacionistas impediam os negros de ocupar os espaços dos brancos. Essa separação também ocorria nos transportes públicos, onde os brancos sentavam na frente e os negros atrás.
No dia 1 de dezembro de 1955, Rosa Parks voltava do trabalho de ônibus e sentou-se no lugar reservado aos negros. Como o ônibus estava lotado e alguns brancos entraram e ficaram de pé, o motorista ordenou que três negros mais Rosa se levantassem e dessem lugar aos brancos.
Rosa se negou a cumprir tal ordem e a polícia foi chamada. Ela foi presa por violar a lei de segregação, mesmo estando sentada no seu devido lugar. O então presidente da NAACP, Edgar Nixon, juntamente com seu amigo Clifford Durr, pagaram sua fiança e Rosa foi solta no dia seguinte a sua prisão.
A prisão de Rosa deu início a um grande protesto em que simpatizantes da causa e os trabalhadores negros boicotaram os ônibus, passaram a ir trabalhar caminhando causando enorme prejuízo as empresas de transportes. Esse protesto obteve vários apoiadores que ampliaram o movimento, entre eles a cantora gospel Mahalia Jackson, que realizou vários shows para ajudar ativistas presos, e o também pastor da cidade de Montgomery, Martin Luther King. O movimento contra segregação, que durou 381 dias e só terminou no final de 1956, depois que a corte Suprema declarou inconstitucionais as leis de segregação, entrou para a história como o primeiro movimento vitorioso contra a segregação racial nos EUA. Como forma de apoio ao fim da segregação, Martin Luther King e Glen Smiley, sacerdote branco, no dia 21 de dezembro de 1956 entraram juntos no ônibus e ocuparam os primeiros lugares.
Após o ocorrido Rosa ainda assim encontrou várias dificuldades, foi vítima de muitas ameaças de morte e teve dificuldades para conseguir empregos. Em 1957, Rosa se mudou para Detroit, Michigan, e em 1964 se tornou corista da Igreja Episcopal Metodista Africana.
Rosa Parks foi reconhecida nacionalmente como a “mãe do movimento dos direitos civis” e recebeu diversas homenagens dos poderes instituídos nos EUA Na cidade de Detroit em 1976, foi renomeada a 12th Street como Rosa Parks Boulevard. Em 1997 o Estado de Michigan decretou o dia 4 de fevereiro como o dia de Rosa Parks, em 1999 o presidente Bill Clinton condecorou Rosa Parks, com 88 anos, com a medalha de ouro do congresso norte americano. E o ônibus onde ocorreu o fato, hoje faz parte do acervo histórico no The Henry Ford Museum.
Os constantes acirramentos da luta racial no país, principalmente depois da influência marcante das ideias revolucionárias dos Pantera Negras, obrigaram a burguesia branca a criar mecanismos paliativos contra a discriminação, que, se por um lado não conseguiram sufocar os conflitos raciais, permitiram a ascendência política e social de uma grande parcela de negros.
Rosa Parks faleceu em Detroit, aos 92 anos, no dia 24 de outubro de 2005. Porém, seus ensinamentos e sua luta continuam vivos. Como ela mesmo afirmou, “cada pessoa deve viver sua vida como modelos para os outros”.