O imperialismo norte-americano tem atuado energicamente contra a América Latina. O objetivo é recolonizar a região, transformando-a em seu quintal político, onde busca desaguar sua crise por meio da extração de todos os recursos naturais, especialmente o petróleo, e da privatização das empresas públicas.Com o Brasil, maior e mais importante país da região, não poderia ser diferente. A ingerência é tamanha que no último dia 26 de junho, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, em vista ao nosso país, intimou publicamente o governo brasileiro, exigindo que se adotasse “mais atitudes para isolar o regime de Maduro”, afirmando que “Chegou a hora de agir com mais firmeza" contra a Venezuela.
As declarações foram feitas logo após o almoço de Pence com o presidente golpista, Michel Temer. Durante sua fala, o vice-presidente dos Estados Unidos também ressaltou e “agradeceu” o “forte apoio” do governo brasileiro às sanções econômicas adotadas pelos EUA e a atuação "preponderante" do Brasil no Grupo de Lima, observando a aliança feita neste mês no processo de suspensão da Venezuela da Organização dos Estados Americanos (OEA). “O Brasil liderou esforços para expulsar a Venezuela do Mercosul, uniu-se aos EUA para suspender a Venezuela da OEA [Organização dos Estados Americanos]. Agora, chegou a hora de agir com mais firmeza, e os EUA pedem ao Brasil e às outras nações mais atitudes contra o regime de Maduro", declarou.
Durante a visita, Pence anunciou um aporte adicional de US$ 10 milhões, dos quais US$ 1,2 milhão serão destinados diretamente ao Brasil para os chamados “esforços humanitários”, programas para receber refugiados venezuelanos.
Obviamente que esse é um debate que passa longe de qualquer discussão humanitária. Não podemos esquecer que nos Estados Unidos, Trump tem adotado a política fascista de “tolerância zero” com imigrantes. Esses “imaculados” que tanto “prezam” pela vida das criancinhas venezuelanas estão trancafiando centenas de crianças (imigrantes e refugiadas) em jaulas (ler mais na P.06).
O que está em questão é o controle da América Latina. Não por acaso, um dos acordos bilaterais discutidos entre o governo brasileiro e o norte-americano foi a retomada das negociações para o uso, pela Nasa, da base de lançamentos de satélites de Alcântara, localizada no Maranhão.
Segundo o subsecretário-geral do Itamaraty, Fernando Simas Magalhães, o governo brasileiro tem discutido a entrega da base para a utilização comercial. Segundo Magalhães, “Alcântara oferece uma enorme atratividade para essa atividade que movimenta centenas de bilhões de dólares em todo o mundo. Se pudermos criar as condições para utilização comercial efetiva vamos entrar em um filão de mercado extraordinário".
Judiciário: o braço do imperialismo
Essa ingerência é o que está na base dos ataques contra o PT. O golpe de Estado parlamentar que retirou a presidenta Dilma Rousseff foi orquestrado diretamente pelo imperialismo norte-americano para que o Brasil pudesse ser entregue mais rapidamente aos grandes monopólios. A prisão do ex-presidente Lula foi para tirar a esquerda da disputa eleitoral e conseguir avançar mais rapidamente na espoliação do Brasil.
Para aplicar essa cartilha, o imperialismo tem utilizado o judiciário como seu braço direito. As leis, Constituição e Códigos Civis brasileiros foram todos rasgados – a Justiça é pautada única e exclusivamente por interesses políticos. A soltura do ex-ministro José Dirceu pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e a manobra feita pelo ministro Edson Fachin para impedir que o caso Lula fosse também encaminhado para a 2ª Turma é mais uma demonstração dessa política.
Dirceu foi novamente preso em maio deste ano pela Lava Jato, acusado de crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Sua defesa entrou com um pedido para soltá-lo enquanto aguarda a análise de outros recursos pelo mesmo Tribunal. A 2ª Turma, que é formada por cinco dos 11 ministros do Supremo e que é responsável pelos processos da Lava Jato, concedeu uma liminar favorável ao ex-ministro da Casa Civil.
Um pedido muito parecido foi formulado pela defesa do ex-presidente Lula, preso em abril, também pela Lava Jato. Mas, ao invés de ser julgado pela 2ª Turma, Lula teve um primeiro pedido negado em decisão monocrática pelo ministro Fachin. No segundo pedido, Fachin optou por remeter o caso para o plenário do Tribunal.
Como vemos, todas essas investidas têm sentido único: aumentar a espoliação e gerar lucros para o imperialismo. A resposta dos trabalhadores tem que ser nas ruas, organizados para pôr abaixo esse regime opressor, colonizador e escravocrata.