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Efeitos globais da guerra comercial

Conforme vem alertando o jornal Gazeta Operária, Estados Unidos e China vivem uma tensa guerra comercial, que em breve poderá evoluir em uma guerra militar. O motivo desta guerra é o intenso déficit comercial entre os dois países: os EUA gastam US$ 505 bilhões a mais do que arrecadam, apenas no comércio com o país asiático. Em cerca de três meses de guerra comercial, as tarifas de importação realizadas pelos dois lados já atingiram a casa de US$ 100 bilhões.

Em um mundo globalizado pelo imperialismo, um embate entre as duas maiores potências econômicas do mundo repercutem efeitos em todo o mundo. No Brasil, que não tem grande relevância no mercado mundial de manufaturados devido a desindustrialização, esse efeito será sentido nas commodities. Segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, “Em termos de produtos manufaturados, nossa concorrência é muito pequena. O Brasil só tem 0,61% na participação mundial de exportações de manufaturados. É mais provável que o Brasil sinta o impacto indireto das medidas dos Estados Unidos via commodities”.

Na Europa, a Alemanha vem dando “dor de cabeça” ao presidente Donald Trump. Teoricamente aliada dos Estados Unidos, o país está diretamente envolvido no chamado “Novo Caminho da Seda”, que transportará gás natural russo, com o auxílio financeiro chinês, da Ásia para a Europa Ocidental. Publicamente, Trump condenou a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente russo, Vladmir Putin, por terem assinado o acordo para a construção do oleoduto em junho. O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, por sua vez, ressaltou que a Europa “não se deixará intimidar pelo presidente Trump”.

Clima esquenta na Turquia

Outro local onde as coisas estão esquentando é a Turquia. Sob a acusação de que as autoridades turcas haviam prendido o pastor estadunidense, chamando Brunson, por participação na frustrada tentativa de golpe de Estado, em 2016, no país, os Estados Unidos impuseram tarifas sob o aço e alumínio turco. Outra prova do caráter puramente econômico da medida foi a fala da porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders: “As tarifas sobre o aço não serão removidas com a libertação do Pastor Brunson. As tarifas são específicas para a segurança nacional. As sanções, no entanto, que foram colocadas na Turquia são específicas para o Pastor Brunson e outros, que nós sentimos que estão presos injustamente”.

Além disso, a Turquia vem passando por uma intensa crise econômica como, de resto, o mundo. Porém, em lugar de buscar auxílio financeiro com o tradicional Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente, Recep Erdogan, tem procurado outros parceiros. O Qatar se comprometeu a investir US$ 15 bilhões em projetos na Turquia. Além disso, é provável que a China também participe dos programas de recuperação econômica turcas. De acordo com a mídia financeira chinesa, The Asset, “a crise econômica na Turquia obriga o presidente Recep Tayyip Erdogan a buscar ajuda financeira, deixando a porta aberta para a China poder aproveitar uma oportunidade imperdível para acelerar suas ambições em relação à iniciativa de um Cinturão, uma Rota da Seda na região”.

Logo se percebe que as fanfarronices de Donald Trump, de afirmar que colocará tarifas sobre produtos turcos por ocorrido de mais de um ano e meio atrás, não passa de uma “cortina de fumaça” para uma real retaliação econômica pelas atitudes do governo turco.

Não seria a primeira vez que o capitalismo, envolto em uma crise financeira sem precedentes, jogaria o mundo em uma guerra militar de largas proporções. É necessário que a classe operária mundial se mantenha atenta ao desenrolar da crise entre EUA e China. Afinal, os trabalhadores nada têm a ganhar em uma guerra para dividir os lucros do mundo entre um punhado de parasitas.

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