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Governo brasileiro a serviço da agenda imperialista

Tomando como base os ataques xenofóbicos de Donald Trump, nos Estados Unidos, que chegou ao cúmulo de trancafiar imigrantes em espécies de “jaulas”, o governo golpista de Michel Temer anunciou, no último dia 29 de agosto, que irá limitar a entrada de venezuelanos no Brasil, inclusive por meio da distribuição de fichas.

Segundo o presidente ilegítimo: “Outra providência que talvez venha a ser tomada e que ontem foi objeto de conversações é que entram 700 ou 800 venezuelanos por dia e isso está criando problemas para vacinação, para organização. Eles pensam em colocar senhas de maneira que entrem 100, 150 ou 200 por dia". Tal anunciou foi feito dez dias após o registro de um ataque de um grupo de brasileiros contra acampamentos venezuelanos na cidade de Pacaraima (RR), o que resultou na expulsão de pelo menos 1.200 venezuelanos, segundo informações do jornal El País. Outra medida para supostamente “cuidar” dos imigrantes foi a autorização do uso das Formas Armadas, decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), para reforçar a segurança no estado de Roraima até o dia 12 de dezembro, podendo ser estendida “caso necessário”.

De acordo com o governo brasileiro, a tentativa de impedir a entrada de Venezuelanos estaria no “cuidado” com os refugiados, pois o País não estaria conseguindo dar a assistência necessária como, por exemplo, as vacinas. Um cinismo sem tamanho. Ou seja, o problema da vacinação em Roraima seria por conta da entrada excessiva de imigrantes. Mas o que dizer do fato de o Brasil ter tido o menor índice de vacinação de crianças dos últimos 16 anos?  De acordo com a coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI), Carla Domingues, "a partir de 2015 vimos uma estabilidade e uma pequena redução. Mas em 2017 tivemos uma queda ainda mais forte". Seria culpa dos venezuelanos também ou deveríamos expulsar essas crianças, já que o país não consegue vacina-las?

Justificar o uso das Forças Armadas para defender os imigrantes é ainda mais bizarro. O uso dos aparelhos repressivos é sempre usado contra os setores mais oprimidos. Não podemos esquecer que já há diversas medidas sendo tomadas no intuito de fechar permanentemente a fronteira entre Brasil e Venezuela. Ações individuais já estão sendo tomadas, a exemplo da ordem dada pelo juiz federal, Helder Girão Barreto, que determinou o fechamento provisório da fronteira, e do Decreto Estadual nº 25.681, que determina um maior rigor da segurança pública e das forças policiais no perímetro.

Xenofobia é a defesa dos latifundiários

As medidas das autoridades locais e a autorização do uso das Forças Armadas contra os imigrantes são reforços oficiais de como se cultivar a xenofobia. Tal política está diretamente relacionada com a defesa dos interesses dos latifundiários que controlam a região. Não por acaso, essa é uma das áreas onde há um maior número de conflitos agrários. Em 2016, o estado ficou em primeiro lugar no ranking dos assassinatos no campo, com 21 mortes em conflitos agrários registradas, segundo dados divulgados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Alguns dados divulgados pelo jornal Carta Capital também ajudam a elucidar o problema. O primeiro deles mostra a intensidade das disputas dos setores rurais na região. Isso porque “cerca de 46% das terras são indígenas, 14% áreas de conservação e proteção ambiental, e 7% áreas militares e projetos do Incra, deixando um terço para os latifundiários”.

Também chama a atenção o fato de o Brasil receber um número comparável de haitianos no Acre, mas nem de longe se vê uma repercussão tão forte. “O Brasil é grande e recebe uma fração muito pequena desse movimento [migratório venezuelano] – até o fim de 2017, apenas 3% dos venezuelanos no exterior, cerca de 50 mil, ante 900 mil na Colômbia e 370 mil no Peru. Esses números cresceram nos últimos meses, mas a proporção pouco mudou. (...) No Brasil, entraram 16 mil no primeiro semestre, diz a Polícia Federal, número comparável ao de haitianos pelo Acre, que em 2015 chegou a mais de 2 mil por mês e totalizou cerca de 120 mil até o fim da crise (metade dos quais ficou no País) sem gerar uma reação local comparável”.

Instabilidade no governo

Como se vê, o golpe não esconde ao que veio: cumprir a agenda imperialista para o Brasil no ritmo mais acelerado possível. O Brasil está seguindo exatamente os mesmos passos dos EUA: perseguição contra imigrantes, fim dos direitos trabalhistas, fim da educação e da saúde pública etc., o que mostra o real lugar brasileiro na correlação mundial de forças - capacho do imperialismo estadunidense.

As eleições deste ano, com a prisão do ex-presidente Lula e a retirada do preferido do povo das eleições mostra que a direita está avançando a passos largos em seus planos. Por outro lado, temos como resultado dessa política uma intensa instabilidade do governo, o que fica evidente com o crescimento do apoio popular contra a prisão política de Lula e a mobilização dos caminhoneiros.

Após uma greve forte desse setor, que poderia ter mobilizado o País para uma Greve Geral, não fosse as capitulações das burocracias sindicais, qualquer mínimo sinal de mobilização tem gerado caos. Com o aumento de 13% no valor do diesel, criou-se um “murmúrio” sobre a possibilidade de uma nova paralisação, o que foi suficiente para as maiores cidades do País sofrerem com as filas nos postos de gasolina. As entidades mais ligadas ao patronato tiveram que sair correndo para se colocar contra o movimento.

O fato é que quanto mais a direita avança, mas ela coloca “lenha na fogueira”, tendo como resultado o aumento do clima de insatisfação o que, inevitavelmente, levará as massas a se revoltarem.

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