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Perspectivas para a campanha salarial dos Correios

A campanha salarial dos trabalhadores dos Correios, cuja data-base é 1º de agosto, trazia em seu bojo uma greve agendada para a última terça-feira, dia 07 de agosto, sendo ela adiada por hora, depois de uma intervenção “arranjada” pela direção dos Correios junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). Horas antes das assembleias que deflagrariam a greve nacional da categoria, o TST soltou um despacho, com uma “proposta” de conciliação entre empregados e patrões. A orientação dada pelo Comando Nacional de negociação foi a de não avaliação da proposta naquelas assembleias e manutenção do estado de greve, com indicativo de greve para o dia 14 de agosto a partir das 22:00 horas, tempo suficiente para análise da proposta de “conciliação”.

A pauta de reivindicações da categoria requer, dentre outros pontos, um reajuste salarial de 8% mais um aumento facial de R$ 300 nos salários, além da manutenção de cláusulas econômicas e sociais como, por exemplo, o ticket refeição/alimentação nas férias e o ticket extra no final do ano mais o pagamento de 200% sobre o dia trabalhado no repouso semanal (a Empresa queria pagar somente 100%). Isso sem falar em questões fundamentais como o não fechamento das agências próprias dos correios (a direção da ECT pretende fechar 775 agências, colocando-as nas mãos da iniciativa privada e demitindo mais de 5 mil trabalhadores), não à privatização dos Correios e defesa de um serviço 100% estatal e de qualidade para a população brasileira.

Nesta campanha salarial, a direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) apresentou duas propostas para tentativa de assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT): a primeira, um reajuste de 1,58% nos salários da categoria, ou seja, menos da metade do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e a retirada de diversos direitos do Acordo Coletivo vigente. O intuito era adequar a Empresa às normas da Reforma Trabalhista, que representou um ataque sem precedentes aos direitos da classe trabalhadora brasileira; na segunda proposta, a direção da ECT teve que recuar um pouco nos seus ataques, mas apresentou um índice de reajuste salarial de 2,21% sobre os salários, que também estava abaixo da inflação acumulada do período, e manteve ainda vários ataques aos direitos históricos da categoria. Já a proposta de conciliação, apresentada pelo TST, propõe um reajuste de 3,68% do INPC (índice cheio) e a manutenção do ACT vigente, com a ressalva da cláusula que trata do plano de saúde, que o próprio TST alterou no ano passado em uma decisão inédita, pois o ACT já havia sido anteriormente assinado e homologado pelo próprio Tribunal. O despacho do TST com sua “proposta”, que vem acompanhado com diversas “pitadas” de ameaças ao direito de greve, tem gerado impactos em setores da categoria, conforme análise dos diversos sindicatos no País.

Os trabalhadores dos Correios vêm sofrendo durante anos com a política proposital do governo de sucatear a ECT para privatizar. Ataques aos direitos históricos e o rebaixamento de salários faz parte deste plano nefasto de entregar um dos maiores patrimônios da população brasileira à inciativa privada. A implantação de mensalidades absurdas e precarização no plano de saúde; alteração da legislação sobre a entrega das correspondências, que acarreta atrasos e prejudica diretamente a população, e ainda os “rombos” no fundo de pensão dos trabalhadores, são exemplos claros da política de sucateamento da Estatal promovida pelo governo golpista.

Os avanços nas negociações coletivas se deram, até agora, somente por causa da mobilização nacional da categoria que demonstrou força, através das suas assembleias em toda a base nacional. A disposição de luta desta categoria coloca na ordem do dia a necessidade de organização do movimento sindical  classista contra a retirada de direitos e as privatizações que estão sendo promovidas pelo governo golpista de Temer.

Diante desta situação, os trabalhadores dos Correios têm no próximo dia 14 de agosto a tarefa de decidir se aceitam a “proposta” de acordo ou deflagram greve por tempo indeterminado para forçar uma melhora nas condições do Acordo Coletivo e ainda obrigar o governo a recuar nos ataques contra a Estatal.

Qualquer que seja o desdobramento desta campanha salarial, a privatização dos Correios ou sua manutenção enquanto um correio público e estatal de qualidade, bem como a melhora das condições de vida e de trabalho desses trabalhadores, dependerá da força da mobilização da categoria e da unidade da classe trabalhadora nas ruas!

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