No último dia 2 de fevereiro, foi realizada em Brasília, na sede do Sindicato dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUNB), a primeira Plenária Nacional Intercategorias, convocada pela Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (FENTECT). A atividade contou com a presença de 200 delegados, representantes de 55 entidades, entre sindicatos, federações, centrais sindicais e organizações políticas. O objetivo da Plenária, além de discutir a conjuntura política, em especial a situação da classe operária no Brasil, foi tirar encaminhamentos, uma pauta mínima, e um calendário de atividades que unifique as lutas para o próximo período.
Dezenas de sindicatos dos Correios (e oposições), vindos de todas as regiões do Brasil, participaram da atividade, isso sem falar em representantes de outras 25 entidades que estiveram presentes. São elas: Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), base do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), base do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE/BH), Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas), Central Única dos Trabalhadores da Bahia (CUT-BA), Central Única dos Trabalhadores de Brasília (CUT-BSB), Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Federação dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas (Fasubra), Federação Interestadual dos Trabalhadores dos Correios (FINDECT), Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Federação Nacional dos Trabalhadores em Processamento de Dados (FENADADOS), Liga dos Camponeses Pobres (LCP), Liga Operária, Luta Pelo Socialismo (LPS), Partido dos Trabalhadores do Distrito Federal (PT-DF), Sindicato dos Bancários de Brasília (Bancários DF), Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural (SINDSASC), diretores do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (SINDIBEL), Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (SINTFUB), Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense (SINTUFF), Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnologia (SINASEFE), Sindicato Unificado dos Trabalhadores Petroleiros de Alagoas e Sergipe (Sindipetro AL/SE) e Sindicatos dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação (Processamento de Dados) de Minas Gerais (SINDADOS-MG). O deputado federal eleito, Rogério Correia (PT-MG), também participou da atividade, assumindo o compromisso público de colocar seu mandato à disposição da luta e dos interesses dos trabalhadores.
Lutar contra a Reforma da Previdência e as privatizações
A atividade foi iniciada com uma homenagem às vítimas do maior crime socioambiental (e de acidente de trabalho) já visto no Brasil, o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, em Minas Gerais (Leia mais na pag. 11). Além do debate político em torno das análises de conjuntura, feito pelas forças políticas que compõem a FENTECT e em conjunto com as centrais sindicais e federações presentes na atividade, o debate sobre a Reforma da Previdência ganhou destaque. A apresentação feita pela representante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, Sarah Campos, expôs os males do modelo de Reforma proposto pelo novo Ministro da Economia, Paulo Guedes, que representa um aprofundamento do que havia sido apresentado pelo governo de Temer. A palestrante também comparou a proposta de reforma da previdência do governo Bolsonaro com as reformas feitas em outros países e regiões, a exemplo da Europa, México e Portugal, mostrando que o Brasil deverá passar pelas mazelas enfrentadas por tais países.
A questão da privatização foi outro tema de grande destaque. Um dos exemplos usados com bastante propriedade, que dimensiona bem o que representa a privatização para a população, foi o caso da Vale. De acordo com a fala do deputado federal Rogério Correia (PT/MG), que vem lutando para instaurar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) para investigar as mineradoras, essa já é a sexta barragem da minerada que se rompe em Minas. A entrega da Petrobras e de setores como água, energia e setor social também foi abordada pelo parlamentar.
O debate entre os trabalhadores foi feito de forma ampla, com todos os presentes tendo direito à fala. As propostas apresentadas, e não conflitivas com as exposições da plenária, foram aprovadas, ficando com a comissão de sistematização, composta pelas forças políticas da FENTECT e aberta à incorporação de representantes de demais grupos participantes, a tarefa de agrupa-las e organizar o calendário de lutas.
Nesse sentido, as principais atividades desse calendário de lutas unificado serão: o encontro do dia 20 de fevereiro, na Praça da Sé, em São Paulo, convocado pelas Centrais sindicais; a atividade nacional do dia 5 de março, em defesa do Ministério do Trabalho e contra a Reforma da Previdência; o dia 8 de março, dia Internacional da Mulher, e o dia 14 de março, que marca um ano do assassinato de Marielle Franco. Ainda ficou definido uma moção de repúdio contra Vale, exigindo uma punição rigorosa contra a empresa e demais envolvidos pelo crime em Brumadinho e em defesa dos atingidos pelo rompimento da barragem. Por último, a Plenária Intercategorias apontou a necessidade de organização de uma Greve Geral contra a perda de direitos e contra a precarização do trabalho e as reformas do governo de plantão, com a participação de todos os movimentos sociais organizados, proposta que as entidades integrantes da Plenária deverão encaminhar em seus municípios e estados, junto aos movimentos sindical, estudantil e popular e centrais Sindicais.
O objeto da atividade, que era dar um primeiro passo para a construção dessa pauta mínima de luta e ações conjuntas, em defesa das empresas públicas e contra as privatizações, foi realizado com êxito. A unidade dos trabalhadores, na luta, é uma exigência do momento político. A dificuldade do êxito de tal unidade é uma realidade. Portanto, ações como essa serão a tônica do próximo período, dada a sua extrema importância. Esse é o um caminho para organizar as lutas nacionais. Somente essa unidade poderá ser capaz de enfrentar os ataques da direita.