No dia 19 de julho, a revista “Time”, um dos principais veículos midiáticos estadunidense, escolheu para a sua capa uma montagem em que se sobrepunham os rostos de Donald Trump e Vladimir Putin, presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, respectivamente. A manchete se chamava “A Crise da Reunião dos Líderes”, em alusão à reunião dos dois mandatários em Helsinque, na Finlândia, ocorrida no dia 16 de julho.
A reunião se deu num momento em que há fortes boatos de uma suposta interferência russa nas eleições estadunidenses que elegeram Trump para presidente. Fortalecendo ainda mais essa hipótese, os dois lados da arena política dos Estados Unidos, Republicanos e Democratas, manifestaram sua preocupação e indignação com a atitude do presidente estadunidense em sua reunião com Putin, que foi classificada como passiva, já que Trump simplesmente acatou sem questionamentos a fala do presidente russo, que apenas afirmou não ter interferido nas eleições nos EUA. Ocorre que pouco antes, no dia 13 de julho, a promotoria estadunidense acusou formalmente 12 agentes da inteligência russa de hackear computadores ligados à campanha de Hilary Clinton, no período eleitoral de 2016, com a intenção manifesta de prejudica-la na disputa.
Esse escândalo, de uma suposta ajuda russa a Trump, repercute tanto entre aliados quanto entre inimigos do presidente dos EUA. Estes foram uníssonos ao afirmar que a Rússia não é uma aliada dos EUA. Donald Trump, por meio de suas redes sociais e em informações à imprensa, tem tentado desqualificar tais notícias como falsas. O problema é que ao afirmar isso, Trump coloca em cheque a própria investigação movida pela promotoria estadunidense, criando uma crise entre os poderes no País. Justamente para tentar evitar essa crise, no dia 30 de julho, o presidente estadunidense afirmou, em entrevista na Casa Branca, que o País manterá as sanções contra a Rússia da mesma maneira que já existem hoje. Dessa forma, mantêm-se as sanções que o Departamento do Tesouro dos EUA impôs a uma série de empresas, cidadãos e órgãos russos, acusados de se envolverem em atividades cibernéticas maliciosas.
De acordo com o analista político da rede russa Sputnik News, Ivan Danilov, a intenção de Trump com a Rússia é transformá-la em aliada na guerra comercial (e potencialmente militar) contra a China, que ameaça a dominância estadunidense no mundo. Ao mesmo tempo, a China conta com a Rússia para criar o chamado Novo Caminho da Seda, caminho por terra que facilitará o comércio entre China e Europa.
Momentos de crise diplomática e aliança entre grandes potências econômicas e militares, bem como crises econômicas, sempre precedem às guerras de largas proporções. O mundo capitalista atravessa exatamente esse momento. Independente dos próximos acontecimentos, fato é que a classe trabalhadora mundial nada tem a ganhar com uma guerra nesses moldes, que só dizem respeito a tentativa de salvar os lucros dos grandes capitalistas. A única guerra que deve ser movida pela classe trabalhadora, efetivamente, é a guerra para a derrubada do opressor sistema capitalista.