A grande esperança do governo golpista de Michel Temer era segurar certo grau de estabilidade econômica no País, ao menos até o fim do período eleitoral. Para isso, a principal política que vinha sendo adotada era a de liberar capital improdutivo para a população, principalmente através dos saques do PIS/PASEP e, com isso, assegurar algum grau de crescimento a partir do consumo. Nada de investimentos em indústria, tampouco em aumento de produção agrícola ou científica. Uma política econômica derrotista, que nada mais fará do que deixar o Brasil na mesma posição de colônia do mercado internacional.
Porém, nem os efeitos práticos imediatos de tal ação foram alcançados. Sofrendo também os efeitos da greve dos caminhoneiros, em junho, o esperado “crescimento” pelo consumo não veio. De acordo com a coordenadora da FGV, Viviane Seda Bittencourt: “diante da lenta recuperação do mercado de trabalho, do alto nível de incerteza, do risco de aceleração da inflação e das dificuldades de se alcançar o equilíbrio do orçamento familiar, os consumidores mantêm uma postura conservadora”.
Um indicativo desta desconfiança do consumidor com a economia brasileira é que até o dia 23 de agosto, cerca de R$ 8 bilhões ainda não haviam sido sacados por trabalhadores que tinham direito ao saque do PIS/PASEP. Com isso, o governo federal liberou para que os donos dos bancos privados possam depositar, em crédito automático, os valores que seus clientes podem sacar em suas contas.
Outra medida de incentivo ao consumo foi a redução nas taxas de juro do crédito imobiliário, com aumento do percentual possível no financiamento de imóveis, anunciado pela Caixa Econômica Federal no dia 24 de agosto. O limite de financiamento aumentou de 70% para 80% e os juros caíram de 9% para 8,75% ao ano para imóveis financiados pelo Sistema de Financiamento de Habitação e de 10% para 9,5% pelo Sistema de Financiamento Imobiliário.
O fim dessas medidas será, contudo, o mesmo. Em um país com mais de 13 milhões de desempregados – em números oficiais, que não conta, por exemplo, os trabalhadores informais (a bem da verdade acima de 28 milhões) – como pode se pensar em crescer a partir do consumo? O problema brasileiro não é de consumo: e estrutural. O número de desempregados, frente a uma crise econômica capitalista sem precedentes, é um bom indicativo disso. Uma economia feita para ser subserviente ao mercado internacional não pode dar respostas necessárias à classe trabalhadora.