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Bolsonaro: candidato dos ricos contra os trabalhadores

A polarização destas eleições é um fato inquestionável. Os candidatos que lideram as pesquisas – certamente manipuladas – são o representante da extrema-direita (e do fascismo), Jair Bolsonaro (PSL), e o candidato escolhido por Lula para substituí-lo, Fernando Haddad (PT), que está num crescente eleitoral desde que foi declarado como o candidato oficial.

Como não poderia ser diferente, as candidaturas têm um forte marcador de classe: classe operária apoiando o setor mais progressista, classe média dividida e a burguesia apoiando a extrema-direita. De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBOPE, divulgada no último dia 24 de setembro, entre os brasileiros que têm renda familiar de até um salário mínimo, Haddad tem 30% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro aparece com apenas 16%. Entre os que ganham até dois salários mínimos, há um empate técnico, pela margem de erro de dois pontos percentuais (para mais e para menos): enquanto o candidato do PSL tem 26% das intenções de voto, o petista tem 21%. Cabe ressaltar, porém, que Haddad cresceu quatro pontos neste seguimento, em relação ao último levantamento.

Na faixa de renda entre dois e cinco salários mínimos, Bolsonaro permaneceu com 34% das intenções de voto, mesma porcentagem da pesquisa anterior, enquanto Haddad subiu de 16% para 19%. Já entre a parcela que recebe mais de cinco salários mínimos, o candidato do PSL lidera com 42% dos votos, contra 15% do petista.

Em termos de rejeição, Bolsonaro lidera principalmente entre as mulheres, com 52%; jovens com idade entre 16 e 24 anos, com 55%; população com menor escolaridade, ensino fundamental e médio, com 46% e 45%, respectivamente, e renda familiar de até dois salários mínimos, 52%. Já Haddad bate recorde de rejeição entre os que possuem renda acima de 10 salários mínimos, com 59%, e entre os que possuem ensino superior, com 48%. Com relação as regiões, o candidato da extrema-direita é repudiado principalmente entre os estados mais pobres – norte, com 45%, e nordeste, com 61%. A única região em que o PT é mais rejeitado que o candidato do PSL é no sul, com 37% de rejeição. No quesito raça/cor, Bolsonaro bate recorde de rejeição entre negros e indígenas, com índices de 54% e 60%, respectivamente. Haddad só é mais rejeitado que seu opositor entre os brancos, com 42%.

Resumindo, em termos de representação, a rejeição ao PT se resume à elite: homens brancos, ricos, sulistas e com maior escolaridade. Enquanto que a extrema-direita é rejeitada, majoritariamente, entre os setores que compõem a classe operária massivamente: mulheres, pretos, pobres, nordestinos e os excluídos do direito à educação.

Como fica evidente, os dados repercutem o projeto político de cada candidato – para quem cada governo estará a serviço. Enquanto Haddad representa uma política de frente popular que, com todas as suas limitações, promoveu alguma distribuição de renda, Bolsonaro representa os interesses das elites econômicas mais conservadoras. Nada de novo. O fascismo, desde que surgiu, sempre é um passo adotado pelo capitalismo na tentativa de conter a queda das suas taxas de lucro. A candidatura de Bolsonaro é defendida pela parcela mais favorecida de população financeiramente.


Vice de Bolsonaro ataca trabalhadores


As recentes declarações do general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, só reafirmam o caráter de classe desta candidatura. Fazendo as vezes do candidato do PSL, Mourão concedeu uma palestra à Câmara de Dirigentes Lojistas de Uruguaiana (RS), no dia 25 de setembro, onde afirmou: “temos algumas jabuticabas que a gente sabe que é uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Se a gente arrecada doze, como é que nós pagamos treze? É complicado, e é o único lugar em que a pessoa entra em férias e ganha mais, é aqui no Brasil”. Ao falar para um grupo de empresários, o general deixou claro que seu governo, caso eleito, pretende acabar com as conquistas históricas da classe trabalhadora, como o 13º salário e o adicional de férias, afetando diretamente a vida de milhões de trabalhadores.

Em outro discurso, feito no dia 26 de setembro, na Associação Rural de Bagé (RS), Mourão defendeu o fim da estabilidade do funcionalismo público: “por que uma pessoa faz um concurso e no dia seguinte está estável no emprego? Ela não precisa mais se preocupar. Tem que haver uma mudança e aproximar o serviço público para o que é a atividade privada”. Vale destacar que ele é concursado na Academia Militar das Agulhas Negras.

O que a chapa do PSL quer é aprofundar um regime de Estado de exceção para retirar os poucos direitos que restaram à classe operária. Devemos denunciar o pacote de maldades que esses fascistas querem aplicar contra os trabalhadores. Embora as eleições burguesas não constituam um fim em si mesmo e não resolvam os problemas de fundo, elas devem ser usadas como mecanismo de propaganda contra a agenda imperialista para o Brasil, no sentido de fazer avançar a consciência de classe.

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