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Cresce o desalento e o desemprego

O governo golpista de Michel Temer está se tornando um especialista em tentar burlar os dados sobre a economia brasileira. Por vezes de maneira indireta, como ao liberar o PIS/PASEP para gerar um falso crescimento econômico com base em um consumo que não irá se repetir, por outras, num grau ainda maior de má fé, maquiando os dados sobre o desemprego.

Ao divulgar os dados oficiais sobre a suposta “geração de empregos”, o governo brasileiro tem incluído todos os contratos intermitentes de trabalho nos números que dizem respeito à população atualmente empregada no Brasil. O Ministério do Trabalho tem incluído nas estatísticas oficiais de emprego mesmo aqueles trabalhadores que possuem contratos intermitentes e ainda não foram convocadas para trabalhar. Ou seja, pessoas que, na prática, não trabalharam e não receberam salário. Além disso, os dados também estão considerando os vários contratos intermitentes de uma mesma pessoa como um contrato individual de trabalho. Ou seja, se um trabalhador possuí três diferentes contratos intermitentes de trabalho, este “emprego” será contabilizado três vezes.

Este tipo de regime de trabalho é uma das imposições da Reforma Trabalhista. No regime intermitente, não há jornada fixa, o trabalhador recebe apenas quando é esporadicamente chamado a trabalhar – um benefício em tanto para os empresários que não precisam mais manter um trabalhador em tempo integral. Paga-se apenas para um serviço em específico. Estabilidade no emprego e direitos trabalhistas é algo que não existe dentro dos tramites da Reforma Trabalhista.

O próprio Michel Temer veio a público afirmar que foram criados 33 mil postos de trabalho em maio (não falou dos que foram abolidos), sendo três mil desses empregados com contrato intermitente. Ou seja, nos dados, um em cada 10 postos de trabalho que Temer afirma terem sido criados não é real. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD), estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um intermitente pode ser considerado desempregado se tiver procurando por um trabalho fixo e não tiver conseguido. Também é possível que ele seja considerado como subocupado, se tiver trabalhando menos horas do que deseja. Porém, para a propaganda do presidente golpista, as regras de pesquisa estatística não se aplicam.

Aumenta o medo do desemprego

A situação não é fácil mesmo para quem está empregado. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em nenhum momento nos últimos 22 anos os brasileiros ficaram tão preocupados com o desemprego quanto agora. Essa afirmativa tem base no Índice do Medo do Desemprego, que começou a ser medido em 1996. Como o próprio nome da pesquisa indica, este índice diz respeito ao medo que o trabalhador empregado tem de perder seu trabalho no próximo período. O índice, que varia de 0 a 100, atingiu a marca de 67,9 pontos, valor alcançado apenas em maio de 1999 e em junho de 2016.

O levantamento ouviu duas mil pessoas em 128 municípios, entre os dias 21 e 24 de junho. Segundo o gerente-executivo de Pesquisas e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, “o medo do desemprego voltou para o maior nível que tinha alcançado durante a crise, porque a recuperação da economia está muito lenta”.

Além do pavor do desemprego está crescendo na população empregada, o número de desalentados, pessoas que desistiram de procurar empregos, também tem aumentado bastante. Segundo a PNAD, a população desalentada é aquela que está fora da força de trabalho por continuadamente procurar emprego e não conseguir, por ser muito jovem, idosa ou não encontrar trabalho na localidade em que habita. Ou seja, são pessoas que potencialmente fariam parte da força de trabalho. No primeiro trimestre desse ano, o número de pessoas nessa situação bateu recorde, atingindo 4,1% da força de trabalho, valor correspondente a 4,6 milhões de pessoas.

Não é por acaso que esses números estejam crescendo de maneira tão assustadora. O medo do desemprego e o número de pessoas que simplesmente desistiram de procurar trabalho são resultado da catástrofe econômica que está sendo levada adiante pelo governo golpista. A intenção dos projetos que estão sendo aprovados é favorecer apenas o empresariado não se importando com o grosso da população, que dispõe apenas de sua força de trabalho para viver. A aplicação da Reforma Trabalhista, que permite absurdos como os contratos intermitentes de trabalho, mostra que a perspectiva não é de melhora. Cabe à classe trabalhadora se mobilizar para a luta real, nas ruas, contra este tipo de política. Não devemos nos deixar enganar pela propaganda golpista e pela farsa eleitoral.

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