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Direita avança e participação dos militares nas eleições aumenta em 20%

A velha farsa de “combate à corrupção”, bandeira que o capitalismo sempre levanta quando a crise se intensifica, trouxe mais resultados práticos para as eleições deste ano: os militares aumentaram em 20% sua participação na disputa eleitoral. Isso, obviamente, sem falar no golpe de Estado que, além de depor a primeira mulher eleita presidente, mantém como preso político o ex-presidente Lula, preferido do povo nas intenções de voto.

Segundo dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), em matéria divulgada pelo portal EM Economia: "Em média, houve um aumento de mais de 20% no número de candidatos dessa turma, o que, a partir de cenários para o Legislativo, deve representar quase 10 nomes a mais de vitoriosos, se comparados com os de 2014, quando foram eleitos 25 parlamentares, incluindo PMs e delegados civis". Ainda conforme a publicação, “São 54 candidatos do Exército a vagas na Câmara (...). Ao todo, 14 delegados disputam um cargo na Câmara — outros quatro tentam os legislativos estaduais”.

Já o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta que o número de militares que se candidataram a cargos eletivos nas eleições deste ano cresceu 11% em relação a 2014. De acordo com a publicação no portal de notícias UOL: "Em 2014, 888 candidatos declararam ser militares ou militares reformados (aposentados). Em 2018, esse número chegou a 990. Se fossem agrupadas, as ocupações militares estariam em quinto lugar no ranking das profissões com maior número de candidatos (...). Na comparação com 2014, houve um aumento de 68% no número de militares reformados que se candidataram a algum cargo eletivo neste ano. Foram 127 em 2014 contra 214 em 2018. Os membros das Forças Armadas (Exército, Aeronáutica e Marinha) somaram 58 quatro anos atrás. Neste ano, são 82, um crescimento de 41%”.

O grupo que mais cresceu entre os militares foi o de PM's. "Em 2014, foram 576 PM's candidatos. Em 2018, eles são 594, um crescimento de 3,1%. Isoladamente, os PM's aparecem como a 12ª ocupação mais comum entre os candidatos brasileiros”.

O aumento da participação de militares na política é um sinal claro do aprofundamento da crise. Trata-se do órgão repressivo do Estado burguês, acionado sempre que a situação ameaça “sair do controle”. Não por acaso, os militares, em todo o mundo, foram responsáveis por ditaduras violentas e sangrentas. Também não é nenhuma coincidência que, logo após o golpe de Estado de 2016, diversos generais tenham dado declarações públicas que o Exército estaria disposto a “controlar a situação” ou seja, dar um golpe militar e assumir o poder. No Rio de Janeiro, inclusive, o estado está sob o controle do Exército, sendo esta a primeira intervenção militar desde a promulgação da Constituição de 1988. Antes da Constituição Federal, as intervenções federais nos estados se deram, basicamente, na República Velha, no Estado Novo e na Ditadura Militar.

O resultado dessa política não poderia ser outro que não o aumento dos tiroteios, chacinas, execuções, prisões coletivas e repressão.  Só para se ter ideia, no balanço de dois meses da intervenção no Rio, um estudo feito pelo “Observatório da Intervenção”, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (CESeC/Ucam), mostrou que o número de chacinas dobrou em virtude da ação militar, enquanto que o total de vítimas dessas chacinas aumentou em mais de 400% - passando de 12 para 52.

O significado da participação dos militares na política não tem nada a ver com o combate à corrupção ou com a segurança da população. Ele está relacionado à necessidade de ampliação  da repressão e, assim, garantir que o aumento da exploração contra a classe operária ocorra sem resistências.

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