Nos últimos dias a imprensa corporativa deu grande repercussão aos profundos impactos que o movimento grevista dos caminhoneiros causou na economia brasileira. De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), Gilberto Luiz de Amaral, o Brasil teve uma perda total e irrecuperável de R$ 40 bilhões em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Considerando apenas a redução da produção, o governo estima um impacto em 0,2% do PIB do País. O maior impacto foi na produção industrial, que no Brasil já está em franca descendência desde a década de 1990. Os números apontam um recuo de 10,9%, em maio, em relação a abril, maior queda nesse dado mensal desde 2008.
A greve também gerou o aumento da inflação, cujos maiores impactos foram sentidos no final de junho e no início de julho deste ano, sem previsões de melhoras. Vários itens de consumo básico foram atingidos diretamente. Os dados indicam que as altas foram de 45,12% no preço da batata inglesa, 19,95% na cebola, 14,15% no tomate, 6,98% na gasolina e 5,44% na energia elétrica.
Houve também incidência nos índices de confiança econômica por parte dos empresários e dos consumidores. De acordo com Fernando de Holanda Barbosa Filho, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a confiança do consumidor na economia recuou 4,8 pontos, atingindo a marca de 82,1, menor nível desde agosto de 2017. Já do empresariado, caiu 1,9 ponto, passando para 90,5, menor patamar desde outubro de 2017.
Segundo Barbosa, Temer "é um presidente fraco e incapacitado", que sofre uma "enorme pressão da sociedade para reduzir os preços" dos combustíveis, afetados ainda pela desvalorização do real.
Estes dados econômicos mostram o que uma classe unida em um movimento grevista pode gerar ao sistema capitalista. Ao tomarem as rodovias e paralisarem o escoamento da produção, os caminhoneiros mostraram a fraqueza do governo golpista que não conseguiu evitar a compreensão da população sobre a raiz do problema. Ao impor reivindicações justas, que vão ao encontro aos interesses populares, os grevistas escancararam a impossibilidade do governo em resolver a crise, que é sistêmica e global. Ficou ainda mais claro que o atual governo é fruto de um golpe impulsionado pelo capitalismo mundial para reduzir o impacto da crise nos cofres das grandes corporações através do aumento da exploração dos trabalhadores.
Uma Greve Geral, que agregue mais categorias, seja no governo atual ou no próximo, é a única saída possível para a classe trabalhadora se contrapor aos planos dos grandes capitalistas e para fazer recuar as medidas aplicadas contra si, como foi o caso da Reforma Trabalhista. Apenas o proletariado cruzando os braços, ocupando as ruas e paralisando os meios de produção poderá dar uma resposta positiva à classe trabalhadora.
