Recentemente, a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) anunciou um lucro de R$ 667 milhões para este ano, o que causou espanto entre os trabalhadores. Em 2016, a Empresa havia alardeado um prejuízo de R$ 2 bilhões, depois de outros dois anos também de divulgação de prejuízos bilionários. A política de propagandear prejuízos é uma ação arquitetada, cujo objetivo é mostrar que a estatal supostamente não dá lucro, uma tentativa de manipular a opinião pública e justificar a privatização da Empresa.
Outro motivo de mentir um prejuízo era para dizer que o funcionário dos Correios é muito oneroso, mais especificamente: que o plano de saúde da categoria seria o causador de déficit na instituição. O que se pretendia com tal mentira era retirar o plano de saúde dos ecetistas ou, no mínimo, implantar uma mensalidade para os trabalhadores e seus dependentes.
Em março de 2018, a direção dos Correios, em conluio com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), aplicou um golpe e impôs a mensalidade e um pesado compartilhamento das despesas do plano de saúde aos trabalhadores.
Com o objetivo cumprido, recentemente, a ECT anunciou o tal lucro de R$ 667 milhões. Trata-se, novamente, de uma manobra política eleitoreira do partido político que administra os Correios, o PSD (Partido Social Democrático).
O que não está presente nas notícias veiculadas na imprensa golpista é que o tal prejuízo nunca existiu. A direção da Empresa manipula as contas através de uma manobra contábil, colocando como prejuízo os benefícios dos trabalhadores e até mesmo o provisionamento do Pós-Emprego.
Aos trabalhadores é fácil desvendar a mentira do prejuízo. Os Centros de Tratamento de Cartas (CTCE’s), bem como os Centros de Distribuição (CDD’s) estão abarrotados de correspondências e encomendas, desde sempre. A Empresa, por sua vez, há tempos não faz nenhum investimento para melhorar as condições de trabalho. Pelo contrário, elas estão cada vez mais precárias. Falta tudo nos Correios, desde material humano até o papel higiênico, passando por veículos deteriorados e sem qualquer manutenção. São medidas cuidadosamente arquitetadas para desmontar essa empresa que pertence ao povo brasileiro. Isso sem falar dos incêndios “misteriosos”, que no último período cresceram assustadoramente.
Mas onde estaria todo o lucro que os Correios têm? Aos trabalhadores é negado o direito de ter acesso. Seria necessária uma auditoria séria, dirigida pelos trabalhadores, para averiguar as contas, as dezenas de patrocínios sem sentido, os gastos com viagens da cúpula dos Correios, as licitações fraudulentas, as consultorias milionárias, a capitalização dos lucros pelas agências franquiadas entre outras questões igualmente importantes. Mas a direção dos Correios se nega a abrir os livros contábeis para que os trabalhadores e a população possam analisar esses números no detalhe. Contudo, mesmo as precárias informações que são publicas já demonstram que o prejuízo é falacioso. Os Correios, apesar de não ter o lucro como objetivo, é uma empresa extremamente lucrativa, tanto é assim que os monopólios privados querem abocanhar essa “mina de ouro” de qualquer forma. Só mesmo alguém muito inocente ou mal intencionado para achar que alguém estaria interessando em comprar uma empresa que dá prejuízo.
Esse esclarecimento se faz necessário para que os trabalhadores não caiam no conto do prejuízo. Nesse sentido, faz-se o chamado à luta contra a privatização. Só a união dos trabalhadores, juntamente com outras categorias que estão sob ataque, poderá barrar a investida contra a população trabalhadora e o seu patrimônio.
Abertura das contas sob o controle dos trabalhadores!
Não à privatização dos Correios!
Privatização é demissão!